Construída no século 18, a Igreja Nossa Senhora da Ajuda, localizada em Viana, é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
Por Wesley Ribeiro
A Igreja Nossa Senhora da Ajuda, localizada em Araçatiba, no município de Viana, e que integra o roteiro jesuítico no Espírito Santo, passará por obras de restauro e readequação. O monumento do século XVIII é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e é a única construção arquitetônica que restou da fazenda.
A solenidade de início das obras aconteceu na manhã da última segunda-feira, 21 de março. De acordo com o Governo do Estado, O trabalho de restauro será feito pelo Instituto Modus Vivendi.
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Além das obras de restauração, faz parte do projeto a criação de um Centro Interpretativo, em anexo, que dará ao monumento uma linguagem nova, mais interativa, permitindo ao público conhecer melhor a história e a cultura do local.
O restauro da igreja de Araçatiba faz parte do projeto de desenvolvimento turístico que marca a presença dos Jesuítas no Espírito Santo, na época do Brasil Colônia, sendo o mais completo e importante roteiro jesuítico do Brasil, com 137 quilômetros.
Ela vai do Santuário Nacional de São José de Anchieta, em Anchieta, passa por Araçatiba, em Viana, e pelo Palácio Anchieta, em Vitória, e termina na Igreja de Reis Magos, na Serra.
Durante a solenidade, a presidente do Instituto Modus Vivendi, Erika Kunkel, ressaltou que este projeto é muito importante para a preservação da memória e da cultura local.
“Ele vai resgatar uma relevante época, que marca a presença dos jesuítas no Espírito Santo, além de contribuir para o desenvolvimento da região. Tenho orgulho de realizar trabalhos como este, que permitem aos capixabas conservar sua identidade, seu conhecimento e sua história”, frisou.
Ela acrescentou que desenvolveu um afeto muito especial por Araçatiba, ao saber de todo o carinho e dedicação dos moradores, por séculos, para preservar a história deste importante monumento.
História
De acordo com a historiadora Maria José dos Santos Cunha, Araçatiba é a grande fazenda jesuíta do Espírito Santo.
“Foi em 1549, com D. João III (1521-1557), que a Companhia de Jesus entrou no Brasil, sendo o nosso País a primeira província jesuíta na América. Começaram por se instalar em Salvador e, em 1551, fundaram a vila de Nossa Senhora da Vitória, o que viria a ser o Colégio de Santiago, edificado sobre terreno doado para o efeito”, contou.
Progressivamente, segundo a historiadora, estabeleceram missões em aldeias e, para o suporte financeiro dos colégios e instituições mantenedoras, foram criadas fazendas, a partir da compra de terrenos e de doações testamentárias.
Fazenda Araçatiba
A sede da fazenda Araçatiba, localizada no atual município de Viana, no Espírito Santo, com a igreja de Nossa Senhora da Ajuda, teve residência desde 1716 e foi, desde o início, vocacionada para a produção de açúcar, aguardente e mel. Até a expulsão dos jesuítas foi, em extensão, a maior das fazendas.
Para escoamento da intensa produção e proximidade com a cidade de Vitória, acabou por beneficiar a construção do canal de Camboapina, obra dos jesuítas, com duas léguas para transvase entre o rio Jucu, que corre no interior da propriedade, e a baía de Vitória, na qual os jesuítas mandaram fazer um pequeno porto próximo do colégio.
O governador do Estado, Renato Casagrande, que também esteve na solenidade, destacou a importância desta obra para a região.
“Araçatiba tem uma história cultural riquíssima. Uma vez eu vim caminhando de Viana até aqui. São 13 quilômetros caminhando. Essa região é conhecida pela riqueza cultural e a festa é muito famosa. Restaurar a parte física da Igreja de Nossa Senhora da Ajuda é uma forma de recuperar toda história e incentivar a cultura local. Vamos resgatar a história, a tradição desse monumento e reconhecer a rica cultura desta comunidade”, disse.
Os recursos para a obra serão captados em edital do BNDES pelo Instituto Modus Vivendi, que conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale e da EDP, e com a autorização do Iphan por se tratar de um bem tombado pelo seu valor histórico.