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sábado, 27 abril, 2024

Norte do ES: novos negócios após aquisição da Seacrest

Após a aquisição do Polo Norte Capixaba, a expectativa do setor empresarial é aumento da produção e ampliação da cadeia produtiva

Por Amanda Amaral

A Petrobras concluiu a venda de quatro campos terrestres no Espírito Santo, denominados de Polo Norte Capixaba, para a produtora independente Seacrest Petróleo SPE Norte Capixaba (Seacrest). A operação contou com o pagamento à vista de US$ 426,65 milhões para a estatal.

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A gigante petroleira anunciou a transferência de sua participação (100%) como fato relevante na quarta-feira (12) à noite. O valor à vista se soma ao montante de US$ 35,85 milhões pagos à Petrobras na ocasião da assinatura do contrato realizada em fevereiro de 2022. Além desse montante, é previsto o recebimento pela petroleira de até US$ 66 milhões em pagamentos contingentes, a depender das cotações futuras do Brent.

“O valor de US$ 426,65 milhões é um preço competitivo, mas não é tão caro. Está bem abaixo do que poderia ser negociado, o caso é que a Petrobras queria abrir mão do negócio. Essa é a proposta da empresa já de uns quatro ou cincos anos para cá, passar os campos em terra e se concentrar no pré-sal, onde ela investiu em tecnologia”, explicou o consultor de empresas da área de portos e exportações, José Ernesto Conti.

Recentemente, o setor empresarial do Norte do Espírito Santo ficou apreensivo em razão de uma solicitação do Ministério de Minas e Energia (MME) de suspensão por 90 dias das vendas de ativos da Petrobras. Na ocasião, representantes da indústria de petróleo e gás e fornecedoras se manifestaram a favor da continuidade dos desinvestimentos da petroleira.

“A palavra é alívio, não faz muita diferença se demorou mais um pouco, a preocupação era não acontecer. Acreditamos que a conclusão da venda é mais importante. Usamos muito a palavra bom senso, pois havia um contrato. Hoje, estamos muito contentes”, explica o presidente da Rede Petro ES, Rafaele Cé. 

Para a presidente da Findes, Cris Samorini, o movimento de venda de ativos de produção de petróleo e gás natural confere mais diversidade ao setor e amplia a concorrência no mercado.

Exemplo disso, segundo ela,  é a atuação de petroleiras menores e privadas focadas em explorar campos em terra (onshore), justamente a partir do plano de desinvestimentos da Petrobras, iniciado em 2015. 

“O aumento da participação das pequenas e médias empresas nesse mercado, inclusive, já tem contribuído e vai contribuir ainda mais para a produção de óleo e gás no Espírito Santo e no Brasil. Segundo estimativa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o volume de produção onshore de petróleo, no país, deve sair de 93 mil barris/dia, em 2022, para 153 mil barris/dia, em 2032, um crescimento de 64,5%”, afirmou.

A presidente da Findes complementa: “O Polo Norte Capixaba vai gerar oportunidades de emprego e aproximar os atores do setor de petróleo, contribuindo para o fortalecimento da cadeia de fornecedores, estimulando a competitividade do mercado e o desenvolvimento do Espírito Santo”.

Polo Norte Capixaba

Com a venda, a Seacrest assume a condição de operadora dos campos do Polo Norte Capixaba (Cancã, Fazenda São Rafael, Fazenda Santa Luzia e Fazenda Alegre – o maior do Estado), e demais infraestruturas de produção como o Terminal Norte Capixaba (TNC) – que escoa produtos para navios atracados em monobóias.

A produção média do Polo Norte Capixaba no primeiro trimestre de 2023 foi de aproximadamente 4,6 mil barris de óleo por dia (bpd) e 21,8 mil m³/dia de gás natural. De acordo com Ernesto Conti, a Seacrest pode dobrar a produção local, o que deve contribuir para o aumento da cadeia produtiva na região.

“Acredito que a Seacrest deve abrir mais poços. Lá é explorado o petróleo fino, não é o pesado como na Bacia de Campos, de repente, pode surgir uma pequena refinaria. Claro, é uma decisão estratégica da empresa, mas a venda abre várias perspectivas. A produção pode dobrar, chegando entre 10 e 15 mil barris por dia, o que já justificaria uma refinaria”, avaliou.

Rafaele Cé, presidente da Rede Petro ES, acredita que a empresa começará a exportar a produção. “Com isso, há espaço para uma refinaria. As empresas fornecedoras já têm contrato com a Seacrest e a expectativa é de novos contratos. Elas também elogiaram muito o contato com a emrpesa, o diálogo”, disse. 

Petrobras no ES

Seacrest
Atividade de exploração em campo terrestre da Seacrest. Foto: Site Seacrest Petroleo

O Polo Norte Capixaba responde por 3,3% da produção da Petrobras no Espírito Santo. De acordo com a estatal, sua transferência não impacta as demais atividades da empresa na região, onde são mantidas operações importantes em campos de águas profundas, com destaque para o Parque das Baleias, além de sete áreas exploratórias.

No Espírito Santo, a estatal informou que continua responsável pelo gerenciamento de 14 plataformas, 704 km de linhas, por meio da sede localizada no município de Vitória (EDIVIT). A Companhia mantém os compromissos firmados no Plano Estratégico 2023-2027 (PE 2023-27) para o Estado, com destaque à implantação da plataforma Maria Quitéria no Parque das Baleias, a interligação de novos poços e um incremento da sua curva de produção até 2027. Além dos campos offshore, a Petrobras permanece com outras operações no estado, como as unidades de processamento de gás natural de Cacimbas (UTGC) e Sul Capixaba (UTGSUL) e o Terminal Aquaviário Barra do Riacho.

Sobre a Seacrest

A Seacrest Petroleo Bermuda Limited (Oslo: SEAPT) é uma empresa independente de produção de petróleo e gás com um portfólio integrado de campos de produção terrestres e infraestrutura de exportação no Espírito Santo, Brasil. A Seacrest Petróleo SPE Norte Capixaba Ltda é uma subsidiária da Seacrest Bermuda Limited.

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