Móveis personalizados sentiram impactos diretos no faturamento em 2022 no ES. Indústria moveleira fortalece capacitação e traça medidas para enfrentar desafios
Camas e roupeiros seguiram na preferência dos consumidores de móveis fabricados no Espírito Santo neste ano. Em relação a 2021, o setor continuou melhorando e crescendo, apesar dos momentos difíceis que tem enfrentado desde o início da pandemia.
Para superar os desafios, os empresários do polo moveleiro de Linhares vêm criando estratégias a fim de fortalecer o segmento, destacou o presidente do Sindicato das Indústrias de Madeira e do Mobiliário de Linhares e Região Norte do Estado do Espírito Santo (Sindimol), Bruno Barbieri Rangel. “O Sindimol tem sido muito importante nesse processo, articulando parcerias que vêm nos ajudando bastante.”
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Mão de obra
Na avaliação de Rangel, a falta de mão de obra foi a maior dificuldade para a indústria moveleira em 2022. “Isso tem sido trabalhado constantemente pelo nosso setor. Além da escassez de profissionais preparados, Linhares tem apresentado crescimento acima da média e atraído indústrias de diversos setores, o que aumenta, ainda mais, a demanda e a competição por trabalhadores capacitados.”
Na busca por minimizar o problema, o Sindimol, desde o ano passado, iniciou um projeto de capacitação de operadores de máquinas. “Agora, em 2022, começamos uma capacitação para líderes de setor. Ambas as capacitações ocorrem em parceria com o Senai (Serviço Nacional da Indústria) e o IEL (Instituto Euvaldo Lodi), ligados à Federação das Indústrias do Espírito Santo, a Findes”, informou o dirigente.
Destino
O polo moveleiro de Linhares vende para todas as regiões do Brasil, mas os maiores mercados são as regiões Sudeste e Nordeste. Bruno Rangel adiantou que, para 2023, a expectativa “é muito boa”. “Já começamos nosso planejamento e estamos ansiosos para as primeiras ações do novo Governo, que se inicia em janeiro. Esperamos que os projetos e reformas que vinham caminhando no Congresso Nacional, em Brasília, prossigam, principalmente, nas áreas tributária e fiscal”, assinalou.
O impacto da construção civil
Uma mobília com a “cara” dos donos da casa. Os chamados móveis personalizados sentiram impactos diretos no faturamento em 2022 no Espírito Santo. É o que se conclui com base na avaliação do presidente do Sindicato das Indústrias de Madeiras e Atividades Correlatas em Geral da Região Centro Sul do Estado (Sindmadeira-ES), Antônio Nicola Brazolino.
De acordo com ele, a venda de móveis projetados foi comprometida, sobretudo, em razão dos consecutivos recuos no volume de produção no setor da construção civil. “Com isso, há queda na produção de mobiliário. É uma situação de equilíbrio, mas percebemos que a indústria da construção civil tem registrado alguns índices de queda, apesar de, em relação a 2021, o ano ter sido bem mais produtivo.”
Antônio Nicola enfatizou que, no caso da fabricação de móveis personalizados, a situação mostrou-se mais equilibrada. “Não foi um ano de grandes projetos, mas quem soube trabalhar produziu sim dentro das empresas.”
O dirigente sindical destaca, inclusive, uma mudança de postura por parte do consumidor. “Atualmente, ele (o cliente) não fecha o apartamento todo, mas finaliza por ambientes. Ele pede o orçamento geral e analisa o que é prioridade. Há muitos pedidos para cozinhas e quartos. Geralmente, espaços como a sala e a varanda gourmet vão ficando para outro momento. Ou seja, hoje, é muito difícil que seja feito um projeto completo de uma só vez. Portanto, é uma avaliação positiva, mas com restrição.”
Matéria-prima
A elevação nos preços de matérias-primas, como vidros e placas de fibra de média densidade, conhecidas como MDF, foi apontada por Antônio Nicola como outro agravante, no ano, para a fabricação de móveis personalizados no Estado. “O custo ficou bem acima do que a gente imaginava. Não me refiro nem à madeira, que é mais difícil de se encontrar. Quem quiser madeira tem que buscar em Mato Grosso, Amazonas ou Pará, por conta do ‘apagão florestal’ que estamos enfrentando. Ou seja, o custo Brasil está cada vez mais alto, e isso tem que ser avaliado. Uma das nossas expectativas, para 2023, é que a reforma tributária contribua para reduzir a carga de impostos sobre as nossas empresas.”
O presidente do Sindmadeira cita o custo Brasil também como um dos responsáveis pela carência da mão de obra qualificada. “Isso influencia negativamente o nosso ambiente de negócios. Encarece os preços dos produtos. Há ainda a questão de custos de logística, investimentos, sistema tributário e educação de baixa qualidade. Tudo isso desemboca na mão de obra, e precisamos de mão de obra qualificada.”
Expectativas
Antônio Nicola revela que a expectativa, nesse sentido, gira em torno do trabalho que vem sendo feito pelo Senai e pela Findes.
“É um trabalho muito bacana. Existem unidades móveis, de madeira e móveis, que fazem esse trabalho para que pessoas sejam iniciadas nesse setor, principalmente na área de mobiliário. Temos unidades, também dentro do Senai, que oferecem curso de Marcenaria e de Pintura. Isso ajuda muito essa capacitação.”
Mas, para avançar mais, ressalva o dirigente, é preciso fomentar o associativismo de modo bastante contundente. “Cada empresa poderia indicar o filho do marceneiro, o filho do pintor, a fazer o curso. Essa ação vai ajudar muito. A abertura de salas para executar a capacitação é igualmente muito importante. Se nos unirmos e fizermos um trabalho de associativismo fortemente educacional, conseguiremos suprir essa mão de obra, esse gargalo. Pode não ser totalmente, mas esse esforço garante um começo bem significativo”, finalizou Antônio Nicola.