25.9 C
Vitória
quarta-feira, 1 maio, 2024

Economia entre Estrutura e Conjuntura

Aplaudia-se os mercados globalizados, sem providenciar as reformas estruturais necessárias para fazer parte dele

Por Arilda Teixeira

A conjuntura econômica que se apresentou à economia mundial a partir da segunda metade dos anos 1990 do século XX, veio com roupagem da internacionalização dos mercados, prometendo disseminar e sustentar crescimento e desenvolvimento econômico.

- Continua após a publicidade -

Foi o ápice dos efeitos das mudanças de Bretton Woods – extinção do padrão-ouro, adoção do câmbio flutuante, regulamentação do comércio internacional pela OMC, e as subsequentes abertura e internacionalização dos mercados; e também do avanço tecnológico das economias capitalistas ocidentais durante a II Guerra Mundial, que reduziram custos e aceleraram o ritmo de execução dos processos produtivos; aumentaram a liquidez; criaram oportunidades para ampliar as ofertas domésticas dos mercados e, consequentemente, a corrente de comércio.

Esse desenho de economia a apostava (i) na força da estabilidade macroeconômica para dar previsibilidade aos mercados; e (ii) no livre comércio para alimentar a cadeia produtiva mundial, multiplicar as oportunidades de negócios, e reduzir preços. Resumindo, tornar a economia capitalista ocidental livre das barreiras de comércio e dos choques adversos que comprometem o crescimento econômico mundial. Suas expectativas eram de que a internacionalização dos mercados daria à economia os graus de liberdade que precisasse para superar eventuais obstáculos ao crescimento.

No Brasil, essa expectativa se expressou através do Plano Real, e da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O primeiro, com a estabilidade da moeda; o segundo, com a moralidade para com o Erário Público. Tudo dentro dos conformes; exceto pelo lapso de decisão.

Aplaudia-se os mercados globalizados, sem providenciar as reformas estruturais necessárias para fazer parte dele. Estamos em 2022 e os projetos de reformas continuam inconclusos e/ou não executados. E o que é pior, a conjuntura do final do Século XX não existe mais. Foi engolida pela 4ª Revolução Industrial.

Considerando que o Brasil ainda, sequer tenha um esboço de Projeto de País para prosseguir as mudanças estruturais que precisam ser feitas; e as evidências empíricas relativas aos raros e inconclusos projetos – hora um, hora outro – a estrutura produtiva brasileira está ameaçada a se tornar um pária da economia regional (América do Sul); e entre seus pares mundiais (países emergentes).

Esse Status Quo permite, neste momento (ano eleições majoritárias), lembrar que, não houve fala oficial de candidatos em que eles apresentassem seus Projetos de País que planejam implementar, e/ou aprimorar, caso eleitos. Por casuísmo ou por falta de projetos, não os ter sinaliza o que as estatísticas domésticas e internacionais indicam há tempo: Os Governos negligenciaram em relação à estrutura produtiva – base para transformação e desenvolvimento.

Os entraves demonstrados nos indicadores de produção e comércio recentes, reiteram o que as estatísticas já indicaram: não houve implementação de projeto que atualizasse/melhorasse as condições estruturais da economia brasileira para que ela pudesse acompanhar o ritmo e a direção da economia internacional. Portanto, seu atraso é sinal de negligência. E do ponto de vista financeiro, indica desperdício de dinheiro do cidadão contribuinte.

Arilda Teixeira é doutora em Economia da Indústria e da Tecnologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestra em Economia pela Universidade Federal Fluminense. Coordenadora dos cursos de Gestão Estratégica de Negócios e de Gerenciamento de Projetos, da Pós-Graduação da Fucape Business School. É coordenadora do Projeto PIBIC FUCAPE.

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Matérias relacionadas

Continua após a publicidade

EDIÇÃO DIGITAL

Edição 220

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Vida Capixaba

- Continua após a publicidade -

Política e ECONOMIA