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sábado, 20 abril, 2024

E a Indústria de Transformação, hein? O que dizer?

“Estão nas dificuldades que as peculiaridades da economia brasileira criam para ela se tornar atrativa para o investimento”

Por Arilda Teixeira

A divulgação, pelo IBGE, do volume da Produção Industrial Mensal (PIM) de janeiro de 2021, assustou com os seus baixos indicadores. Mas não surpreendeu.
É o rio correndo para o mar.

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Em relação a janeiro de 2020, no geral, a PIM de janeiro de 2021 cresceu 2%, puxada pela produção da Indústria de Bens de Capital (BK), que aumentou 17%; e a de Bens Intermediários (BI) em 2,3%.

Para os meses de janeiro de 2010 até 2021, a PIM só havia crescido nesse patamar em 2013 (17,3%) – ano auge do boom das Commodities.
No janeiro de 2013, o crescimento geral da PIM foi de 5,7% – o maior, nesse mês, desde então.

Na esteira do crescimento de BK vem o setor de Bens Intermediários (BI) – são complementares – como a corda e a caçamba.
Mas o volume de BI está avançando em menor proporção – cresceu em 2010 (2%), 2013 (4%), e 2018(4,2%). Nos demais anos, teve queda de produção; e BK aumentou 17%.
O lado positivo desse esboço de crescimento é que ele vem do setor de BK – aquele que cria capacidade para produzir.

Mas, o volume de produção de bens de consumo, em média, para o período 2010-2021, reduziu 1,08%. Em janeiro/2021 houve redução de 1,2% em relação a janeiro/2020. Em 2020, essa queda foi de 1,6%.

Considerando que em 2017 o volume de produção de bens de consumo aumentou 2,3%; e em 2018 6,2%, os três últimos anos (2019, 2020 e 2021) foi de queda no consumo das famílias.

A economia brasileira dá sinais para o crescimento, e para os obstáculos para alcançá-lo. Que estão muito além da queda da produção de BC, BK e BI.
O buraco é mais embaixo.

Estão nas dificuldades que as peculiaridades da economia brasileira criam para ela se tornar atrativa para o investimento. Investidor é atraído pelo retorno. Para ter retorno o investimento tem que ser produtivo. Para ser produtivo tem que gerar produtividade. Para ter produtividade tem que ter capital humano, para ter capital humano tem que ter sistema de ensino público que alfabetize os estudantes.

Até as areias da praia sabem a quantas andam a qualidade do ensino público e privado brasileiro. Assim, o baixo desempenho de suas atividades econômicas não surpreendem. São efeitos do ciclo vicioso em que encontra sua economia: baixo crescimento porque tem baixa atração de investimento; e a baixa atração de investimento levando ao baixo crescimento.

Quem investe quer retorno. Retorno não é mágica. É produtividade recurso escasso na economia brasileira. Daí seu volume de investimento ser menor do que o dos seus pares de outros países. O mercado brasileiro está carente dos elementos sustentem crescimento para atrair investimentos.

As estatísticas dos volumes de produção de BK e de BI do IBGE confirmam. O baixo dinamismo da economia reitera que o País precisa de regulação setorial técnica e imparcial que mostre ao investidor como encontrar as oportunidades para investir.

Mas, sua estrutura regulatória está contaminada pela ingerência política para cargos nas Agências Reguladoras. Erro com custo alto para a economia em termos de menos oferta de emprego e menos renda. O subproduto desse imbróglio é o pífio crescimento indicado pelas estatísticas. O pior dos mundos – o ambiente de negócios não transmite perspectiva de lucro para o investidor.

Arilda Teixeira é economista e professora da Fucape Business School.

 

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