Estado registrou 2.750 na primeira semana de julho e número de óbitos segue estável
Por Rafael Goulart
Desde o final de janeiro, o Espírito Santo vive uma epidemia de dengue que já vitimou 72 pessoas em hospitais capixabas.
Na primeira Semana Epidemiológica (SE) deste ano (2023), o estado registrou 1.453 casos de dengue e entrou em uma crescente acelerada de novos casos a partir da terceira semana do ano.
Desde então, todos os Boletins das SE registravam mais de 3 mil novos a cada sete dias, mais que o dobro que nas duas primeiras semanas do ano.
A situação piora a partir de fevereiro, 6ª SE, momento em que o estado passou a registrar mais de 5 mil casos por semana e alcançou seu recorde na 13ª SE – entre março e abril – com mais de 10 mil casos.
A boa notícia é que no último Boletim, referente à primeira semana de julho (27ª SE), os índices caíram para 2.750 novos casos por semana.
Apesar de uma significativa diminuição na aceleração da doença – o quão rápido ela está se propagando – a epidemia ainda não está fora de preocupação.
Ao todo, o Espírito Santo registra 154.348 de dengue, de janeiro a julho de 2023.
A atual incidência da doença (3.840,70/ 100 mil) é 12 vezes maior que o considerado alto pelo Ministério da Saúde (MS).
De acordo com as diretrizes do MS, uma incidência baixa tem no máximo 100 casos por 100 mil habitantes, até 200 casos é considerada média e acima de 300 casos é considerada alta.
Vacina
Aprovada em março (02) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacina Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda Pharma Ltda, já está disponível em clínicas de Vitória e ainda sem previsão de aquisição pelo Governo Federal.
O imunizante usa a tecnologia de vírus atenuado e, nos testes clínicos, demonstrou uma eficácia geral de 80,2% contra a dengue causada por qualquer um dos quatro sorotipos do vírus, com uma duração de 12 meses após a administração da vacina.
Na CVP Vacinas, uma dose custa R$ 450,00, já o esquema completo com duas doses, custa R$ 830,00.
Diferente da vacina Dengvaxia, que já estava disponível no Brasil, a Qdenga é destinada a um público mais amplo, de 4 a 60 anos de idade, e pode ser administrada inclusive em quem nunca teve nenhum tipo de dengue.
Além disso, o imunizante da farmacêutica francesa Sanofi é contraindicado para quem nunca teve dengue, pois nos testes clínicos foi observado um risco aumentado de complicações para esses casos.
Já o imunizante japonês só é contraindicado para gestantes, lactantes, imunossuprimidos, pacientes em quimio e radioterapia e menores de 4 anos.
“Para quem teve dengue recentemente, é necessário fazer um intervalo de 3 meses para a receber a Qdenga”, explicou a gerente de enfermagem da CVP Vacinas, Natália Carvalho.
Incorporação ao SUS
Em nota publicada em seu site, a Anvisa afirmou que “não possui posicionamento contrário ao imunizante e que em nenhum momento foi dito que a vacina só chegaria em 2025. O assunto é tratado com a devida urgência pela atual gestão”.
A agência explicou que para ser distribuído pelo SUS, o imunizante precisa passar pela análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS (Conitec), porém a empresa ainda não teria enviado a documentação necessária.
Outro ponto esclarecido é que apesar de haver um esforço para produção de imunizantes nacionais, a prioridade é “o acesso da população a tecnologias eficazes e com possibilidade de aquisição pelo SUS”, portanto o esforço pela autossuficiência nacional não impede a aquisição da vacina de acordo com a Agência.