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quinta-feira, 9 maio, 2024

De 2010 para 2022, população indígena cresceu 50% no Espírito Santo

Aumento está inflacionado devido à mudança na metodologia de pesquisa, analisa o IJSN

Por Rafael Goulart

Na última segunda-feira (07), o IBGE divulgou os dados do Censo Demográfico 2022 sobre os Povos e Populações Tradicionais/ Indígenas do Brasil. A pesquisa contabilizou 1,7 milhões pessoas indígenas vivendo em seus territórios ou fora deles, o que corresponde a 0,83% da população brasileira.

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No Espírito Santo, são 14.411 pessoas indígenas distribuídos em todos os municípios exceto Governador Lindemberg. O contingente representa 0,38% da população capixaba (3,8 milhões) e apesar de baixíssimo, é 50,4% maior que o registrado em 2010.

“Esse crescimento acentuado decorre principalmente das mudanças metodológicas da pesquisa. Para entender melhor, a pergunta que foi feita neste Censo de 2022 foi um pouco diferente da pergunta feita em 2010”, explicou o diretor de integrações e projetos do Instituto Jones Santos Neves (IJSN), Antônio Ricardo da Rocha.

Além do aumento de 50%, os dados comparativos – entre o Censo 2022 e 2010 – mostram também que o município de Aracruz teve um crescimento de 114% na população tradicional. 

Novamente, o percentual está inflacionado pela mudança metodológica. “Em 2022, a pergunta “você se considera indígena?” foi ampliada para além das terras indígenas e isso contribuiu para esse crescimento acentuado”, destacou Rocha sobre uma das diferenças na metodologia da pesquisa.

Assim como no Censo dos Povos Quilombolas, a pesquisa demográfica de 2022 trouxe poucos dados, se limitando apenas a informar o total de pessoas e sua distribuição territorial.

“Precisamos conhecer os dados da população indígena por sexo, idade, questão de mortalidade, fecundidade, migração, que também contribuíram para esse crescimento, mas a gente não sabe quanto contribuiu até que os dados sejam liberados pelo IBGE”, explicou o diretor do IJSN na esperança que o IBGE divulgar mais dados ao longo do ano.

Confira outros pontos destacados pelo Instituto Jones do Santos Neves sobre o Censo Demográfico 2022 dos Povos Tradicionais:

  • 14.411 pessoas indígenas vivem no Espírito Santo, desse total, 7.425 estão localizados no município de Aracruz
  • Governador Lindemberg é o único município capixaba que não tem indígena
  • Do total de pessoas indígenas no Espírito Santo, 32% residem em território indígena
  • 68% das pessoas indígenas estão fora de seus territórios no Espírito Santo
  • 100% dos indígenas vivendo em terra indígenas estão em Aracruz
  • Aracruz é o único município a possuir territórios indígenas
  • As terras indígenas no Espírito Santo são: Comboios, Caieiras Velha II e Tupiniquim
  • A terra Tupiniquim concentra a maior população: 3.853 pessoas

Análise IBGE

Confira a análise do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para os dados nacionais:

  • Em 2022, o número de indígenas residentes no Brasil era de 1.693.535 pessoas, o que representava 0,83% da população total do país. Em 2010, o IBGE contou 896.917 mil indígenas, ou 0,47% do total de residentes no território nacional. Isso significa que esse contingente teve uma ampliação de 88,82% desde o Censo Demográfico anterior. Esse aumento expressivo pode ser explicado também por mudanças metodológicas.
  • A maior parte dos indígenas do país (51,25% ou 867,9 mil indígenas) vivia na Amazônia Legal, região formada pelos estados do Norte, Mato Grosso e parte do Maranhão.
    O Norte concentrava 44,48% da população indígena do país em 2022 (totalizando 753.357 pessoas). Outros 31,22% estavam no Nordeste (o equivalente a 528.800 pessoas).
  • Os dois estados com maior número de pessoas indígenas, Amazonas (490,9 mil) e Bahia (229,1 mil), concentravam 42,51% do total dessa população no país.
  • Em 2022, Manaus era o município brasileiro com maior número de pessoas indígenas, com 71,7 mil. A capital amazonense foi seguida de São Gabriel da Cachoeira/AM, que tinha 48,3 mil habitantes indígenas, e Tabatinga/AM, com 34,5 mil.
  • A Terra Indígena Yanomami (AM/RR) era a que tinha o maior número de pessoas indígenas (27.152), seguida pela Raposa Serra do Sol (RR), com 26.176 habitantes indígenas, e pela Évare I (AM), com 20.177.
  • Dos 72,4 milhões domicílios particulares permanentes ocupados do Brasil, 630.041 tinham pelo menos um morador indígena, correspondendo a 0,87% desse universo total.
  • Do total de 630.041 domicílios com pelo menos um morador indígena, 137.256 estavam localizados dentro de Terras Indígenas (21,79%) e 492.785 estavam localizados fora de Terras Indígenas (78,21%).
  • A média de moradores nos domicílios onde havia pelo menos uma pessoa indígena era de 3,64. Dentro das Terras Indígenas, era de 4,6 pessoas e fora das Terras Indígenas, de 3,37 pessoas. Em todos os casos, foi mais alta do que no total de domicílios do país (2,79).
  • O percentual de moradores indígenas em domicílios particulares permanentes ocupados com pelo menos um morador indígena era de 73,43% para o total Brasil, sendo de 98,41% para os domicílios localizados dentro das Terras Indígenas e de 63,94% fora delas.

Próxima divulgação

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a próxima divulgação de dados do Censo Demográfico 2022 será feita no dia 06 de setembro e revelará “A idade do Brasil”.

“As informações desagregadas da população, segundo idade e sexo, são fundamentais para o desenho e acompanhamento de políticas públicas como de saúde, educação, Previdência Social e mercado de trabalho. Além disso, fornecem subsídios para o cálculo de uma série de indicadores demográficos e permitem avaliar as mudanças no perfil demográfico da população ao longo do tempo.

Os dados serão disponibilizados por idade simples, grupos de idade quinquenal e sexo, para Brasil, Grandes Regiões, Estados e Municípios.”, informou o IBGE.

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