Coser quer prioridade de vacina da dengue para trabalhadores da limpeza

0
97
Escassez de doses, em primeiro momento, forçará aplicação de vacina da dengue para públicos prioritários; Coser quer inclusão profissionais de limpeza - Foto: Divulgação (Partido dos Trabalhadores)

Escassez de doses, em primeiro momento, forçará aplicação de vacina da dengue para públicos prioritários; Coser quer inclusão profissionais de limpeza

Por Robson Maia

O Ministério da Saúde anunciou a incorporação da vacina contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS). O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal. A vacina, conhecida como Qdenga, não será utilizada em larga escala em um primeiro momento, já que o laboratório fabricante, Takeda, afirmou que tem uma capacidade restrita de fornecimento de doses. Por isso, a vacinação será focada em público e regiões prioritárias.

- Continua após a publicidade -

Com a restrição no fornecimento de doses, o deputado estadual João Coser quer prioridade na imunização de trabalhadores da limpeza pública no Espírito Santo. Na avaliação de Coser, os profissionais estão em maior risco diante da exposição a locais considerados de perigo.

O parlamentar chegou, inclusive, a realizar a indicação para o Governo do Estado. O petista afirma que os trabalhadores da limpeza urbana, garis, coletores, margaridas, jardineiros, realizam um trabalho muito importante para manter as cidades limpas.

“Mas além disso, eles atuam no combate à proliferação de larvas do mosquito causador da dengue, zika e chikungunya e de vetores de outras doenças. Mas ao executar esse trabalho eles ficam extremamente expostos aos riscos de contrair a doença. Assim como os profissionais da saúde com a Covid-19, acredito que a vacina contra a dengue será uma importante aliada para conter o avanço dos casos. Enquanto ela não é produzida em larga escala, pedimos que os trabalhadores da limpeza urbana tenham prioridade na imunização”, alegou Coser.

Na primeira semana de 2024 já foram notificados 1.291 casos de dengue. Os dados foram apresentados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) na última quinta (11). Em 2023, foram notificados 191.131 casos de dengue no Espírito Santo, número muito superior aos 20.929 casos registrados no ano anterior. As mortes provocadas pela doença também tiveram um salto. Em 2022, foram seis vítimas fatais. Já em 2023 foram confirmadas 98 mortes.

Segundo dados do Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores em Empresas Prestadoras de Serviços de Asseio, Conservação, Limpeza Pública Urbana e Privada, Conservação de Áreas Verdes, Aterros Sanitários e Transbordo e de Prestação de Serviços em Portarias e Recepções no Estado do Espírito Santo (Sindilimpe – ES) são aproximadamente 4 mil trabalhadores que atuam na área da limpeza urbana no estado.

Sobre a vacina

A incorporação do imunizante ao sistema pública de saúde brasileiro foi analisada de forma célere pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec) e passou por todas as avaliações da comissão que recomendou a incorporação.

cobertura
Brasil é o primeiro país do mundo a incorporar vacina contra a dengue no sistema público – Foto: Freepik

“O Ministério da Saúde avaliou a relação custo-benefício e a questão do acesso, já que em um país como o Brasil é preciso ter uma quantidade de vacinas adequada para o tamanho da nossa população. A partir do parecer favorável da Conitec, seremos o primeiro país a dar o acesso público a essa vacina, como um imunizante do SUS. E, até o início do ano, faremos a definição dos públicos alvo levando em consideração a limitação da empresa Takeda do número de vacinas disponíveis. Faremos priorizações”, explicou a Ministra da Saúde, Nísia Trindade.

A segurança e a eficácia da vacina foram comprovadas por meio de dados técnicos e científicos. O ciclo completo de imunização é atingido com as duas doses e a Qdenga, apresentou nos ensaios clínicos, ter eficácia geral de 80,2% contra a dengue causada por qualquer sorotipo após 12 meses da segunda dose.

A vacina também reduziu as hospitalizações em 90%. Para avaliação de eficácia, imunogenicidade e segurança da vacina Qdenga, ao todo, 18 estudos clínicos (sete estudos de fase 3, seis estudos de fase 2 e cinco estudos de fase 1 com cerca de 27.000 participantes de regiões endêmicas e não endêmicas de dengue, cobrindo uma faixa etária de 1,5 a 60 anos, foram conduzidos.

Atualmente, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) desenvolve uma pesquisa sobre os impactos da vacina na cidade de Dourados (MS). Desde 2016, a UFMS acompanha testes com a vacina da dengue para avaliar a eficácia do imunizante.

O novo estudo, coordenado pelo professor e pesquisador Julio Croda, que é um dos especialistas colaboradores da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunizações do Ministério da Saúde, tem como expectativa vacinar 150 mil moradores entre 4 e 59 anos do município sul-matogrossense até agosto deste ano. Os resultados sobre a efetividade prática da iniciativa serão conhecidos ao longo dos próximos meses.