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terça-feira, 23 abril, 2024

Após ‘trégua’, Rio volta a registrar alta nos números da covid-19

Com 15.560 óbitos confirmados desde o início da pandemia, o Estado do Rio se equipara às regiões que foram mais duramente atingidas pela infecção

Por Roberta Jansen (AE)

O Rio de Janeiro tem uma das piores estatísticas do mundo sobre os números de casos e mortes por covid-19. Levantamento do grupo Covid-19 Analytics, formado por especialistas da PUC-Rio e da Fundação Getulio Vargas (FGV), mostra que, se o Estado fosse um país, ficaria em segundo lugar no número de óbitos por milhão de habitantes. Estaria atrás apenas de San Marino, na Europa.

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Para fazer essa comparação, os pesquisadores consideraram o mesmo dia epidemiológico, no caso, o de número 156. Calculando o número de mortes por milhão de habitantes, San Marino registra 1 237, seguido do Rio de Janeiro, com 884; da Bélgica, com 851; do Peru, com 808; e da Espanha, com 609.

Com 15.560 óbitos confirmados desde o início da pandemia, o Estado do Rio se equipara às regiões que foram mais duramente atingidas pela infecção, como a Lombardia, na Itália, que registrou 16.857 mortes. Nova Jersey, nos Estados Unidos, tem 15 953 mortes e, Nova York, 32.891.

Uma tendência de estabilização e até mesmo de queda nos números de casos e óbitos era sentida logo no começo do mês de agosto. Mas a situação mudou. A média móvel (soma semanal dos pacientes, dividida por sete e atualizada diariamente,) de infectados pelo vírus aumenta há nove dias consecutivos. Na capital, onde a tendência de elevação começou um pouco antes, a média saltou de 374 para 808, entre 9 e 23 de agosto,um aumento de 116%.

O número de óbitos, que também vinha caindo, está registrando aumento há seis dias seguidos. Na última terça-feira, a média móvel registrada era de 119 óbitos por dia, um aumento de 89% em relação a duas semanas antes.

Um outro parâmetro importante veio do Grupo de Trabalho Multidisciplinar sobre a Covid-19 da UFRJ. Segundo um novo levantamento, na última semana o índice de transmissão do vírus na cidade do Rio aumentou. O “R”, como é chamado pelo especialistas, passou de 1,14 para 1,18. Ou seja, 100 pessoas infectadas podem contaminar outras 118. O ideal para a estabilização e queda de uma epidemia seria um R menor que 1.

O governo do Estado e a Prefeitura dizem, no entanto, que a alta nos casos e óbitos seria um reflexo da aplicação dos novos parâmetros de registro de casos do Ministério da Saúde e do atraso nas notificações.

O registro de casos de infecção pelo SARS-CoV-2 só era feito mediante do teste molecular (PCR) positivo. Desde o início deste mês, no entanto, os critérios são mais abrangentes, e incluem também exames de imagem e avaliações clínicas, o que teria aumentado o número de diagnósticos.

Outra explicação para a elevação do número de mortes é que grande parte do aumento se deveria ao atraso no registro de óbitos que, na verdade, teriam ocorrido entre abril e maio.

“Não estamos tendo uma segunda onda no Rio”, afirmou o economista Marcelo Medeiros, da PUC, coordenador do Covid-19 Analytics. “O que vemos neste aumento recente é que há muitas notificações antigas que estava represadas e estão entrando agora. Entre abril e maio morreu muita gente, foi uma tragédia ”

A especialista em gestão de saúde Crystina Barros, integrante do grupo técnico de enfrentamento à Covid-19 da UFRJ, discorda do colega. Para ela, parte da elevação pode até ser creditada às mudanças de critério, mas há um aumento consistente no número de casos e mortes no Rio de Janeiro que refletem uma flexibilização precipitada das regras do isolamento social.

“Começamos a flexibilizar as medidas de isolamento em julho, quando ainda estávamos com um patamar alto de óbitos e notificações de novos casos”, disse a especialista. “E a mudança de uma fase para outra não respeitou o que a vigilância prevê, que é abrir, monitorar e só então avançar.”

Além disso, aponta Crystina Barros, as autoridades nunca conseguiram fazer a fiscalização das medidas, e muitas pessoas não respeitam as regras de distanciamento e uso de máscara.

“Por razões do meu trabalho, tenho circulado muito em Campo Grande, Duque de Caxias e Barra da Tijuca”, contou. “Exceto pelo fato de as escolas estarem fechadas, é vida normal na rua. Vejo muita gente usando a máscara no queixo. Não consigo entender a dificuldade de colocar a máscara no nariz.”

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