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quarta-feira, 1 maio, 2024

Acidentes com redes de pescas e embarcações preocupam ambientalistas

Poluição e acidentes com embarcações e redes de pesca são maiores ameaças a baleias jubartes

Por Rafael Goulart

Desde 1985, a caça comercial deixou de ser a maior ameaça a existência das baleias jubartes no Hemisfério Sul. Agora, a preocupação dos ambientalistas é com a poluição química e sonora, o emalhamento em redes de pesca e acidentes com embarcações.

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Em 2001, o Instituto Baleia Jubarte começou a monitorar os grupos de jubartes que chegam no entre março e julho para se reproduzir no litoral brasileiro, à época foram contados 1.600 indivíduos. Já em 2022, o Instituto contabilizou 25 mil indivíduos da espécie em águas tupiniquins – um recorde nos 21 anos de monitoramento do projeto.

Para os ativistas ambientais, a marca é reflexo da proibição da caça comercial em várias partes do mundo e o fortalecimento de leis de proteção ambiental, além de apoio e fomento a organizações ambientais, como o Instituto Baleia Jubarte (IBJ), o Instituto Tamar e o Instituto Orca aqui no Espírito Santo.

Atualmente, o estado de conservação das jubartes é classificado como pouco preocupante, porém ambientalistas alertam que há outras ameaças contra a prosperidade da espécie e de outros cetáceos (baleias e golfinhos).

“Além da poluição, principalmente sonora causada pela extração do petróleo e motores, os acidentes com redes de pesca são nossa maior preocupação. Apesar de baleias e golfinhos não serem os alvos dos pescadores, observamos cada vez mais animais mortos que foram afetados pelo emalhamento”, explicou Thiago Ferrari, ambientalista e coordenador do projeto Amigos da Jubarte.

O Instituto Baleia Jubarte produziu um “Guia de Observação de Baleias” e destacou que “A colisão com embarcações; o emalhamento em redes de pesca; a poluição – química e sonora – dos oceanos, dificultando sua comunicação e orientação; e as mudanças climáticas, que podem destruir as fontes de alimento das baleias nas regiões polares, são
ameaças graves que precisamos enfrentar, se quisermos ter um futuro em que as baleias continuem se fazendo presentes no mar do Brasil”.

O material traz também as normas encontradas na legislação brasileira para observação dos cetáceos, entre elas, fica proibido:

  • aproximar-se de qualquer espécie de baleia com o motor engrenado a menos de 100m de distância do animal mais próximo. O motor deverá ser obrigatoriamente mantido em neutro
  • reengrenar o motor para fastar-se do grupo antes de avistar claramente a baleia na superfície a uma distância de, no mínimo, 50m da embarcação
  • perseguir com motor ligado qualquer baleia por mais de 30 minutos, mesmo que as distâncias estipuladas estejam sendo respeitadas
  • interromper o curso de deslocamento de cetáceos de qualquer espécie, tentar alterar seu curso ou dispersar o grupo.
  • aproximar-se de um indivíduo ou grupo de baleias que já esteja submetido, no mesmo momento, à aproximação de duas embarcações
  • mergulhar ou nadar com qualquer espécie de baleia ou outros cetáceos
  • a aproximação de qualquer aeronave aos cetáceos em altitude inferior a 100m sobre o nível do mar

Temporada no Brasil

Durante a estadia de cerca de sete meses no Brasil, esses cetáceos não se alimentam, apenas aproveitam as águas quentes e calmas da região tropical para o ciclo de reprodução e treinar os recém-nascidos. 

Em Abrolhos, as fêmeas grávidas darão a luz a filhotes com cerca de quatro metros de comprimento, uma tonelada e que ficarão de 6 a 10 meses consumindo uma média de 100 litros de leite por dia. Os filhotes demoram em média 1 ano para se tornarem interdependentes, mas podem acompanhar as mães nos ciclos migratórios por mais tempo.

Além das fêmeas grávidas e as que estão cuidando de recém-nascidos, há também as que estão aptas ao acasalamento, por isso é comum observar um grupo de machos perseguindo uma destas fêmeas, que caso engravide, voltarão para dar a luz no Brasil.

Aparição inédita

Em janeiro deste ano (2023), um indivíduo da espécie jubarte foi identificado no litoral capixaba. O estranho é que as jubartes só costumam aparecer em águas capixabas próximo a junho.

Os pesquisadores descobriram a presença da baleia por meio de Monitoramento Acústico Passivo (MAP) que usa hidrofones para registrar o canto do animal

Até então, o registro de aparição mais adiantada era de 2020, quando um espécime foi avistado em 13 de março. 

Turismo

Além de produzir pesquisas científicas, os Amigos da Jubarte também monitoram os cruzeiros turísticos realizados entre julho e outubro no Espírito Santo para garantir o cumprimento das legislações vigentes.

O grupo atua com a presença de um biólogo/oceanógrafo a bordo das embarcações para reforçar mensagens de boas práticas para o avistamento das baleias e também transmitir informações ecológicas com o objetivo de sensibilizar os participantes a bordo quanto à importância da conservação de todo o ambiente marinho.

“Todos os anos, entre junho e novembro, cerca de 25 mil baleias-jubartes migram das águas congelantes da Antártida para as águas amenas do litoral do brasileiro, para fins reprodutivos. Com isso, as agências são habilitadas todo início de temporada para transmitir os conhecimentos e procedimentos corretos aos mestres de embarcação e guias para que a interação com as “gigantes do mar” ocorra de modo harmonioso, gerando o mínimo de impacto e o máximo de benefícios socioambientais”, explicou Thiago Ferrari, ambientalista e coordenador do Projeto Amigos da Jubarte/Jubarte.Lab e Projeto Golfinhos do Brasil.

Para agendar o passeio com uma agência parceira habilitada, basta acessar o site: www.queroverbaleia.com

Monumento Jubarte

Um novo point instagramável do turismo capixaba foi inaugura na Praça do Papa: uma réplica de 12 metros do “salto da jubarte”.

A estátua fica no Projeto Baleia Jubarte (PJB), instituição que monitora a espécie em águas capixabas, e contou com a participação do artista Gildo de Alfaia da Silva, de Paritins.

As jubartes visitam o litoral do Espírito Santo todos os anos durante a época de reprodução, que começa no final de maio ou início de junho.

A passagem desses cetáceos tem estimulado atividades turísticas, como a vinda de outros brasileiros para conhecer Vitória, ecoturismo e também o turismo local.

“As jubartes vem ao nosso litoral entre os meses de junho a outubro para acasalar e, somente em novembro, elas retornam para as águas subantárticas. Com o trabalho de conservação ambiental e sensibilização promovido pelo Projeto conseguimos tirar esse animal fantástico do risco de extinção e tornar a observação dos mesmo uma forma de turismo ecológico, gerar renda e empregos sem prejudicar a fauna marinha. Temos uma expectativa positiva para essa temporada”, comemora Paulo Rodrigues, coordenador do Projeto no Espírito Santo.

Museu

Além da réplica do salto da baleia, o espaço do Projeto é uma excelente opção de passeio e turismo em Vitória.

O local conta com um museu da baleia com réplicas e painéis, bem como recursos interativos para ensinar sobre conservação da fauna marinha e sustentabilidade. Com funcionamento de terça-feira a domingo, das 9h às 17h, a entrada custa apenas R$ 10.

Passeios

Para quem tem interesse em ver as baleias em alto mar, o Projeto Baleia Jubarte recomenda algumas operadoras parceiras, com profissionais capacitados em educação ambiental e sustentabilidade. A lista está disponível no site www.baleiajubarte.org.br/operadoras-vitória.

 

 

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