Efeitos da pandemia: estresse aumenta casos de bruxismo

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Casos de bruxismo aumentaram na pandemia do novo coronavírus. Foto: Joseph Shohmelian (Pixabay)

Um dos maiores fatos desta pandemia de covid-19 é o aumento do estresse e a tensão entre as pessoas, não é mesmo? A maior questão é que todo esse misto de sentimentos pode trazer consequências que vão além da saúde mental da população.

Por Munik Vieira

Dores de cabeça, no maxilar, dentes desgastados, marcas de mordida na bochecha e ranger de dentes enquanto dorme. As queixas têm sido frequentes nos consultórios odontológicos e podem estar associadas com o bruxismo.

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Especialmente durante este momento de pandemia, observou-se um aumento nos casos de bruxismo e seus efeitos, possivelmente como consequência de ansiedade e estresse vividos pelos pacientes, bem como alterações na rotina do sono.

A empresária Sarah Kurt, de 25 anos, teve a disfunção nos dentes intensificada durante este período. “Eu tenho um problema sério de bruxismo. Até coloquei placas de resina nos dentes para amenizar o problema, mas elas acabaram se enfraquecendo, principalmente devido ao estresse e ansiedade neste momento de pandemia. Tive que refazer todos os procedimentos”, destacou a empresária.

Sarah teve o distúrbio diagnosticado há cinco anos, “Meu problema é ranger e apertar os dentes enquanto durmo. Identifiquei o bruxismo e iniciei o tratamento há cinco anos. Não tinha noção que era um problema tão grave e recorrente. Fiquei assustada”, disse a empresária.

Para quem não sabe, o bruxismo é uma condição onde a musculatura da mastigação é utilizada em momentos que deveria estar em repouso. Pode acontecer durante o dia (bruxismo em vigília) ou durante o sono.

Segundo a dentista Ana Luiza Leal, essa função exagerada dos músculos da mastigação acontece apertando e/ou rangendo os dentes, ou ainda tensionando a mandíbula, mesmo sem o contato dentário – o que vem acontecendo bastante com o uso constante das máscaras. Em alguns pacientes, isso pode evoluir para os sintomas já citados: dores no maxilar, incômodos ao abrir e fechar a boca, dores de cabeça, entre outros.

Segundo a Organização Mundial da Saúde e a Associação Brasileira de Odontologia, a disfunção afeta cerca de 84 milhões de brasileiros. O número é tão alto que equivalente a 40% da população. No mundo, 30% da população é afetada por este incômodo.

A especialista ainda explica que, por conta de ser uma condição multifatorial, o tratamento pode variar de acordo com a necessidade individual de cada paciente e precisa de um olhar cuidadoso do profissional especializado.

“O tratamento das condições primárias, como refluxo ou apneia do sono, é primordial. Pode ser recomendado o uso de algum dispositivo durante o sono, como a placa, por exemplo, para minimizar os efeitos deletérios. O controle do bruxismo diurno pode se dar como uso de aplicativos ou lembretes para evitar o hábito, e em alguns casos, o paciente ainda poderá contar com a Terapia Cognitiva Comportamental como adjuvante nesse tratamento.”, aponta Ana Luiza Leal.

Por fim, a condição envolve uma análise minuciosa do profissional especializado, e por muitas vezes, demanda um cuidado multidisciplinar.