Pesquisa da Fecomércio-ES aponta que, em janeiro, 38,2% das famílias capixabas estavam inadimplentes
Por Gustavo Costa
A despeito das contas de início de ano, como os gastos com festas e viagens, tributos, compras com material escolar, o percentual de famílias capixabas com contas ou dívidas em atraso de pagamento (inadimplentes) diminuiu pela quarta vez consecutiva em janeiro de 2024, passando de 38,8%, registrado em dezembro, para 38,2%.
Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Fecomércio-ES com base nos dados coletados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada neste mês de fevereiro.
Desenrola
Para Marcel Lima, membro do Comitê de Finanças do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo (Ibef-ES), essa queda pode estar, inclusive, relacionada ao programa Desenrola Brasil, lançado em julho do ano passado pelo Governo Federal. “Na sua segunda fase, o programa promoveu o desconto de mais de R$ 150 bilhões em dívidas ao valor de R$ 25 bilhões, beneficiando mais 32 milhões de CPFs. Ao final de 2023, o Governo anunciou a prorrogação da chamada faixa 1 (para quem ganha até 2 salários-mínimos ou está registrado no Cadastro Único) até o final de março deste ano, o que deve continuar contribuindo para a redução dos inadimplentes não apenas no Espírito Santo, mas em todo o país”, lembrou.
Já no que se refere às formas de obrigações, o cartão de crédito permaneceu como o principal componente para 85,9% das famílias, mantendo essa tendência desde 2011, quando esse levantamento começou a ser publicado. Em seguida vieram crédito consignado (10,2%), financiamento de casas (8,3%) e financiamento de carro (8,0%). “O fácil acesso ao crédito rotativo no cartão normalmente provoca sérios problemas a muitas famílias brasileiras, que se endividam a taxas elevadas e não conseguem quitar o saldo devedor. Felizmente, no final do ano passado, o Governo Federal limitou a 100% o juro anual nessa modalidade, o que permite um menor endividamento das famílias nessa que é a principal modalidade de crédito dos brasileiros”, falou ele.
Análise da Fecomércio
Ainda segundo o levantamento, 91,3% das famílias no Estado com renda de até 10 salários mínimos assumiram algum tipo de endividamento, 43,2% estavam com contas em atraso (inadimplência) e 25,3% afirmaram que não terão condições de pagar suas dívidas nos próximos meses.
Em um olhar mais de perto, a Fecomércio-ES apontou uma estabilidade no endividamento e a queda nos inadimplentes, juntamente com o crescimento na intenção de consumo, conforme apontado no último relatório Connect ICF¹ (Intenção de Consumo das Famílias) de janeiro. Os dados sugerem um cenário mais positivo para as famílias capixabas em termos de saúde financeira e disposição para gastar. As pessoas estão gradualmente liquidando suas dívidas para assumir novas responsabilidades financeiras, possibilitando a aquisição de novos produtos e serviços.
