Na noite da última quarta-feira (18/05), a Revista ES Brasil realizou o debate “O Panorama da Saúde no Espírito Santo”. O evento, que é o primeiro debate do projeto “ES Brasil Debate” deste ano, teve por objetivo discutir as melhores alternativas para o avanço ordenado da saúde e os rumos do atendimento prestado tanto no sistema público, quanto privado. O evento contou com público de cerca de 100 pessoas, entre profissionais da saúde, estudantes da área e cidadãos interessados em debater o tema.

Os convidados para discutir o assunto foram Tadeu Marino, secretário de Estado da Saúde; Benoni Antônio dos Santos, diretor-financeiro do Hospital Metrapolitano; Adenilton Pedro Cruzeiro, diretor do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), e Emílio Mameri, diretor do Hospital Universitário Cassiano Antonio de Moraes (Hucam). O encontro teve a mediação de Luiz Fernando de Mello Leitão, colunista da revista ES Brasil.

Nas considerações iniciais do debate, o diretor do CRM-ES destacou como proposta para melhoria da saúde no Estado o plano de carreira para os médicos e o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 29. Emílio Mameri ressaltou como é importante para a melhoria da saúde o aumento dos financiamentos e o aprimoramento da gestão.

Benoni Antônio, que participou do debate com o olhar da iniciativa privada, colocou em questão a falta de investimento e do tempo para execução de obras, que têm acentuado os problemas estruturais da saúde com relação o assistencialismo hospitalar. “Não adianta ter investimento, se não tiver planejamento”, alertou Tadeu Marino, acrescentando que o governo está na tentativa de organizar e estruturar a saúde no Estado.

Poíticas Públicas

Durante o encontro, foram abordados diversos temas. Em forma de pergunta redigida pela redação da Revista ES Brasil, o primeiro questionamento foi sobre a maneira que a saúde está inserida nas políticas públicas. Emílio Mameri afirmou que essas políticas têm que ser cada vez mais exuberantes para melhorar o sistema de saúde. Já Tadeu Marino ressaltou que o governo do estado olha a saúde como prioridade absoluta. “Sabemos que existe uma carência muito grande de leitos e temos emergência na criação disso. Vamos entregar o hospital São Lucas e o Dório Silva no início de 2012, o que vai gerar mais 300 leitos para a região da Grande Vitória.”, pontuou o secretário. Apesar disso, segundo Tadeu Marinho, o profissional habilitado para lidar nessas novas unidades está em falta no mercado.

Já Adenilton Cruzeiro, disse que está com as esperanças renovadas em relação a saúde com a nova gestão do estado. “Nós temos muitos recursos, mas sabemos que ainda são poucos. A população capixaba precisa de muito mais, e sei que o Governo do Estado está investindo nisso”, declarou. Nessa questão, Benoni Antônio falou que o esforço do Estado é grande e que as tentativas são muitas. “As tentativas de trazer algum reforço para o setor público são incontáveis. Precisamos melhorar essa questão, pois se setor público está com problema, as pessoas correm para o setor privado, e muitas vezes as demandas não conseguem ser atendidas”, afirmou.

Brasil e Espírito Santo

Outro questionamento abordado durante o debate foi sobre o Brasil, e conseqüentemente o Espírito Santo, ficarem para trás quando o assunto é saúde. Emílio Mameri afirmou que o Brasil é um país que investe pouco na saúde e que devido a isso a qualidade no serviço e nos profissionais não é boa. “O Governo Federal está em dívida com a saúde, e isso acarreta diversos problemas. A péssima qualidade na saúde, como falta de leitos e de profissionais é uma delas. Para melhorar a qualificação da saúde devemos ter isso como uma preocupação constante”, declarou.

Adenilton Cruzeiro também afirmou que um dos grandes problemas na saúde são as más condições de trabalho para os profissionais da área. Já Benoni Antônio, defende que a discussão varia entre dois problemas: financiamento e gestão, além de concordar com a questão dos profissionais da área.

O Secretário de Saúde, Tadeu Marino, declarou que as pessoas não podem ver a saúde apenas nos hospitais. Existem vários indicadores que interferem. Para ele, a saúde do Espírito Santo está em boas condições. “O Governador Renato Casagrande acabou de lançar investimentos altos para o saneamento básico, isso também é saúde. Eu volto a falar, comparado a outros estados brasileiros, o Espírito Santo está em boas condições”, afirma o secretário.

Financiamento

O financiamento da saúde também foi um dos assuntos debatidos. Para Adenilton Cruzeiro o Governo Federal tem que ajudar o Estadual, que tem que ajudar o municipal. “Os estados e municípios estão cansados de lutar sozinhos, o Governo Federal tem que ajudar, e uma dessas soluções seria a aprovação da emenda PEC 29”, conta. Para responder esse questionamento, Tadeu Marino falou sobre os princípios do SUS, que é universal e gratuito, e disse que é necessário realizar debates sobre o tema.

Já Emílio Mameri, disse que o financiamento é uma questão muito importante e que o Governo Federal não está cumprindo com o seu dever de financiar a saúde do país. “Como solução eu diria que é necessário fazer um programa de atenção básica a saúde, realizar ações, prevenir. Porém, para fazer isso e necessário investimento”, declarou.

Saúde Preventiva

Quando abordados sobre saúde preventiva, Adenilton Cruzeiro afirmou que é necessário trabalhar na conscientização de mudanças de hábitos de vida dos brasileiros. Outra questão foi a especialização dos médicos que trabalham na área de urgência e emergência dos hospitais. Já Benoni Antônio disse que a programas de prevenção e promoção de saúde é essencial. “As pessoas entram no setor da saúde via hospital, quando já está doente. Isso não deve ser assim, devem existir ações de prevenção para acabar com isso”, afirma.

Rumos da Saúde

Emílio Mameri considerou, no final do evento, que é preciso estimular ações básicas para melhorar a saúde, estimulando, por exemplo, programas como o Programa de Saúde da Família. Além disso, segundo ele, é necessário trabalhar na prevenção para diminuir a perspectiva do adoecimento da população. “O governo estadual tem feito muito para reorganizar sua rede, mas temos que entender que vamos ter que aumentar os leitos dos hospitais e avançar cada vez mais em gestão eficiente e investimento”, declarou.

Adenilton Cruzeiro contou que vê com bons olhos o futuro da saúde no Espírito Santo e abordou a questão do SUS. “Sabemos que existe uma abismo entre o SUS ideal e o SUS constitucional. A intenção é que o Governo do Estado diminua esse abismo”, disse. Já Benoni Antônio, destacou que vê duas situações para a saúde, a de longo e médio e curto prazo. “A longo prazo eu vejo com otimismo, espero que o Espírito Santo se destaque e possa oferecer experiências importantes para o país. Já a médio e curto prazo, infelizmente, eu vejo de maneira precária. Temos bons hospitais, porém, estamos sofrendo com os gargalos estruturais”, desabafa.

Para finalizar, o Secretário de Saúde do Estado, Tadeu Marino, disse que uma das atenções para solucionar o problema é a eficiência no atendimento primária, que é o que define tudo. Além disso, o Governo também está investindo mais na saúde. “Uma de nossas propostas do planejamento estratégico é o investimento de 51 milhões na construção de unidades de saúde em todos os municípios. Também pretendemos financiar metas, diminuir o número de morte infantil e de casos de dengue, por exemplo”, defende o secretário.

O evento, que foi realizado pela Revista ES Brasil, contou com a participação de universitários, profissionais da área de saúde e o público em geral. Durante o debate muitos participantes levaram suas dúvidas e questionamentos até os convidados. Mais informações sobre o debate e próximas edições do ES Brasil Debate estão disponíveis no site.

Clique aqui e confira a galeria de fotos do ES em Debate.