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terça-feira, 7 maio, 2024

Entrevista com Bento Venturim

Entrevista com Bento VenturimNascido em Venda Nova do Imigrante, Bento Venturim cresceu seguindo os passos do pai, membro de uma cooperativa agropecuária no município. Depois de estudar na cidade, voltou ao interior e em São Gabriel da Palha decidiu participar de uma cooperativa de cafeicultores. Graduou-se em Direito e acompanhou processos importantes para o movimento cooperativista no âmbito jurídico, como a Constituição de 1988, promulgada no mesmo ano em que foi fundado no Espírito Santo o Sicoob, cooperativa de crédito que ele preside desde 1990.

No Estado, a instituição financeira tem hoje mais de 130 mil associados e se configura como a terceira maior rede bancária, com 86 agências em 65 municípios – oito funcionam na Grande Vitória. No Brasil, o Sicoob está presente em 23 estados e no Distrito Federal, totalizando 1,9 mil agências e cerca de 2 milhões de clientes.
O lucro anunciado pelo Sicoob ES no primeiro semestre deste ano foi de R$ 54,3 milhões, um aumento de 28% em relação ao mesmo período do ano passado. No final de 2012, a instituição deve alcançar R$ 2 bilhões em ativos, um resultado histórico, que, para o dirigente, mostra que o sistema está cada vez mais competitivo e preparado para crescer com qualidade e de forma sustentável.

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O Sicoob chega a esta marca em um momento especial, já que 2012 é considerado pela ONU como o Ano Internacional das Cooperativas. Nesta entrevista, Venturim destaca a importância do cooperativismo, especialmente no setor de crédito, e fala dos planos de ampliar o atendimento na Região Metropolitana.

Quais os principais valores do cooperativismo?
Os principais valores, não só das cooperativas de crédito, mas do cooperativismo em geral, são transparência, comprometimento, ética, solidariedade, cooperação, respeito, responsabilidade. No caso das cooperativas de crédito, há também determinantes como sigilo, competência e prudência.

O que faz com que o cooperativismo continue tendo importância hoje, num contexto de globalização?
A base das cooperativas é a união de pessoas com os mesmos objetivos. Normalmente, essas organizações conseguem sobressair em momentos de crise. Elas surgiram em 1844, na Revolução Industrial, exatamente por causa da difícil situação financeira mundial. Naquele momento, houve grande desemprego por conta da substituição do trabalhador pela máquina e, em meio a essa realidade, as cooperativas apareceram e se destacaram.

O fato de 2012 ser considerado pela ONU o Ano Internacional das Cooperativas não se deve ao acaso, mas sim porque em 2008 e em 2009, enquanto os bancos retraíam seus empréstimos e investimentos, as cooperativas cresciam. No mundo globalizado, as cooperativas vão se transformando e se modernizando, mas também há esse fator especial, que é o despertar da solidariedade nos momentos de dificuldade.

No “DNA” da cooperativa está seu cunho social. Ela busca resolver as demandas sociais por meio do desenvolvimento econômico. No Sicoob, os recursos captados são investidos na região onde a instituição opera, alavancando o crescimento econômico local e promovendo a inclusão financeira com sustentabilidade.

Como funciona, basicamente, uma cooperativa de crédito e quais as principais diferenças em relação às demais instituições financeiras?
O Sicoob é uma instituição financeira que presta serviços bancários a empresas e pessoas físicas. Nós oferecemos todos os produtos e serviços que os bancos oferecem: conta-corrente, cheque especial, cartão de crédito, seguros, consórcios, cadernetas de poupança, aplicações financeiras e pagamento de contas e de impostos federais e estaduais.

Um dos principais diferenciais do Sicoob em relação aos bancos convencionais é que o resultado dessa prestação de serviços retorna, no final, para os associados, pois eles são donos do negócio. Neste ano, o Sicoob distribuiu entre seus sócios R$ 53,7 milhões, referentes ao exercício de 2011.

Além de receberem parte dos lucros, os clientes têm o capital remunerado de acordo com a sua movimentação financeira, de forma semelhante à que ocorre em uma Sociedade Anônima. É diferente das outras instituições, em que você é apenas mais um cliente e o lucro fica com os acionistas. Também vale destacar que, por não visar ao lucro, o Sicoob pratica taxas mais baixas do que as dos bancos.

A outra diferença é a transparência. Realizamos uma assembleia a cada ano e convidamos os associados para assistir e para participar da prestação de contas, e também para fazer sugestões. O sócio tem direito a voto nas decisões e pode, inclusive, ser o administrador da instituição. Ele tem direito de ser candidato à presidência, por exemplo.

O último balanço do Sicoob mostra que a cooperativa tem uma taxa de inadimplência baixa, de 1,38%, contra a média nacional de cerca de 5%. Por quê?
Nós trabalhamos com associados, com donos do empreendimento, que zelam pelo seu negócio. Conhecemos a realidade de cada correntista, o que facilita o atendimento personalizado e a oferta de crédito de forma responsável. Nossos gerentes atuam como consultores financeiros, auxiliando os clientes a estabelecer suas prioridades para conseguir resolver seus problemas.

Qual o risco do cooperativismo?
Se alguém disser que algum empreendimento não tem risco, seria no mínimo inconsequente. Mas o Sistema Sicoob só tem apresentado resultados positivos em seus 23 anos de atuação no Espírito Santo. O que podemos dizer para nossos associados é: participem da cooperativa. Se você participa e elege bem os seus dirigentes, vai ter tranquilidade. Terá condições de tomar a melhor decisão. Uma cooperativa bem administrada, como o Sicoob, gera bons resultados para todos.

A maioria das agências do Sicoob está no interior. Por que a força da cooperativa é maior nessas regiões?
Basicamente são dois fatores principais. O primeiro é que as cooperativas agropecuárias estão no interior, e o segundo é que o Sicoob foi constituído como cooperativa de crédito rural, mas já opera na Grande Vitória desde 2006, quando inaugurou uma agência na Ceasa, em Cariacica.

No momento, estamos em fase de expansão na Região Metropolitana, onde temos oito agências, que atendem clientes na capital e nos municípios da Serra e de Vila Velha. Em Cariacica, além da Ceasa, o Sicoob tem um ponto de atendimento em Campo Grande.

Nos últimos anos, expandimos o volume de produtos e de serviços prestados aos clientes. Temos hoje um portfólio completo à disposição de empresas e de pessoas físicas, que podem resolver todas as suas necessidades financeiras com o Sicoob.

No caso do ES, quais os setores econômicos que recebem mais empréstimos?
O setor agropecuário (cafeicultura, avicultura, fruticultura, agricultura familiar e outros), além de pequenas e médias empresas dos segmentos industrial, comercial e de serviços, como empresas do ramo de mármore e granito, confecções, supermercados, escolas, condomínios, entre outras. Também concedemos muitos empréstimos para pessoas físicas que são autônomas, como motoristas, taxistas, médicos, dentistas e advogados.

Passamos a oferecer recentemente o crédito pré-aprovado. A modalidade de empréstimo está disponível para pessoas físicas que necessitam de um dinheiro rápido, com juro baixo e sem burocracia para contratação. O limite varia de R$ 100 a R$ 15 mil, e o prazo máximo para o pagamento é de 36 meses. A operação pode ser feita pelo próprio cliente, sem a necessidade da interferência de qualquer funcionário da agência.

O acesso é permitido via internet, celular ou terminais de autoatendimento. O dinheiro é liberado em conta-corrente imediatamente após a contratação.

Quais as expectativas e metas para 2013?
Nossa grande meta para os próximos quatro anos é ampliar ainda mais o atendimento na Região Metropolitana, abrindo novas agências e atraindo mais clientes interessados em participar deste projeto de construção social. Também vamos lançar novos produtos e serviços. Além disso, ampliaremos a oferta de crédito às pessoas físicas e jurídicas e promoveremos avanços tecnológicos que irão proporcionar mais conforto e tranquilidade aos nossos associados.

Em meio a tanta concorrência, o senhor acha que a população urbana aceitaria os serviços das cooperativas de crédito?
A população da Grande Vitória já aprova os serviços e produtos oferecidos pelo Sicoob. Uma demonstração disso é o resultado da nossa mais recente pesquisa de satisfação, em que obtivemos o índice de aprovação de 82% entre os associados. Esse percentual indica que o Sicoob tem uma imagem muito positiva perante os seus clientes.
Outra demonstração do reconhecimento da marca é o fato de o Sicoob ter conquistado o primeiro lugar na categoria Cooperativa no Recall de Marcas de A Gazeta novamente neste ano. Dentre os entrevistados, 20,8% afirmaram preferir o Sicoob. Lideramos a pesquisa desde que a categoria foi criada, em 2010.

Temos mostrado que a cooperativa é uma instituição financeira diferente das convencionais. Nós disponibilizamos todos os serviços que um banco tradicional oferece, mas fazemos um trabalho diferente, que contribui para os clientes crescerem junto com a instituição.

À medida que vai conhecendo e compreendendo o funcionamento do Sicoob, a população adquire mais confiança. É isso o que constatamos a cada ano, a cada balanço que realizamos. Para você colocar a economia que conseguiu fazer durante a sua vida em uma instituição financeira, além da confiança, você tem de conhecer como ela funciona. Estamos investindo em comunicação com este objetivo.

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