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quinta-feira, 2 maio, 2024

Vila Velha: o novo point de gastronomia e entretenimento

Vila Velha: o novo point de gastronomia e entretenimento

Abertura de bares, restaurantes e casas de entretenimento cresce 287% nos últimos quatro anos, aumentando movimento na cidade, transformando o município canela verde em um polo de gastronomia e entretenimento.

 

*Por Ana Lúcia Ayub

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Em Vitória, vários redutos de bares e restaurantes ganham apelidos dos frequentadores: “Triângulo das Bermudas”, na Praia do Canto; “Rua da Lama”, em Jardim da Penha; “Laminha”, em Jardim Camburi; e por aí vai. Agora é a vez de Vila Velha, que está se transformando no novo point gastronômico da Região Metropolitana.

Em Itaparica, próximo à praia, um novo complexo de lazer vem sendo chamado de “Triângulo Canela-Verde”. Bares, lanchonetes e restaurantes oferecem ao público tudo para que não seja preciso atravessar a ponte rumo à diversão. Outras regiões igualmente movimentadas são Itapoã, Praia da Costa e Centro.

Na cidade, a quantidade de bares, restaurantes, e estabelecimentos especializados em bebida teve um crescimento de 287 % nos últimos quatro anos, de acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Semdec): pulou de 123, em 2009, para 353 estabelecimentos este ano.

A balada nunca ferveu tanto quanto agora, com bares e restaurantes lotados. Entre os motivos estão o crescimento da cidade e da renda, a lei seca – que convida a frequentar locais mais próximos de casa – e, claro, a qualidade das novas atrações.

Áreas como a subida da “ladeira” de Itaparica, na Rua Deolindo Perim, até a avenida da praia, também já têm uma gama diversificada de opções. O novo polo reúne, lado a lado, seis estabelecimentos que variam entre a gastronomia e a boemia: um charmoso restaurante japonês (Maguro Bar), uma pizzaria à moda carioca (Espaço Carioca Pizzaria), uma lanchonete em que o carro-chefe é o açaí (Tumis Lanches); a filial canela-verde de um concorrido bar da capital, o Abertura; e uma das casas com o caranguejo mais famoso do Estado, o Caranguejo do Assis. Um pouco mais à frente, está o Giglio’s Bar e Restaurante, inaugurado em 2010.

Destaques gastronômicos
Dois desses empreendimentos têm um dono em comum: o ex-garçom Francisco de Assis, que após trabalhar dez anos em bares, decidiu abrir o Caranguejo do Assis em Vila Velha em 2001. O sucesso da casa foi tão grande que ele precisou trocar de endereço, indo para Itaparica, onde funciona desde 2007. Em 2008, abriu a segunda casa, no mesmo bairro. No ano passado, o bar foi o vencedor na categoria de “o melhor caranguejo” do guia gastronômico da Revista Veja, na pesquisa anual dos melhores bares e restaurantes do Espírito Santo.

Os astros do cardápio chegam vivos da Bahia. No verão, chegam a ser servidos cerca de 12 mil caranguejos nos dois endereços. Além do crustáceo, existem outras opções, como a moqueca de badejo, servida com arroz, pirão e moquequinha de banana, e o peixe assado à moda do arquiteto, guarnecido de banana-da-terra, batata assada, alcaparra na manteiga e arroz. Na unidade de número 50, em Itaparica, uma ilha de comida japonesa garante uma oferta de itens como o temaki de salmão com cream cheese e o combinado de sushis e sashimis.

A qualidade da comida servida em Vila Velha também pode ser atestada por dois outros estabelecimentos premiados pela Revista Veja em 2012: o Restaurante Timoneiro, como o melhor em peixes e frutos do mar da Grande Vitória, e o Restaurante Argento Parrila, vencedor de “a melhor carne da Grande Vitória”. O Argento Parrila foi aberto em fevereiro de 2011 e oito meses depois inaugurou a segunda unidade, em Vitória. As carnes, que chegam da Argentina, são preparadas na ‘parrilla’, um sistema de grelhas muito utilizado no país. Cortes como o bife de chorizo e o bife ancho podem vir acompanhados de batatas recheadas, anéis de cebola ou arroz com amêndoas.

O boom de novas áreas de lazer noturno deve-se a vários fatores, segundo o economista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Arlindo Villaschi. Ele aponta que o ramo do entretenimento noturno segue tendência de descentralização na Grande Vitória. “Quando um local fica saturado, o setor busca concentrar-se em outras áreas, com o objetivo de gerar uma economia de aglomeração”, afirma.

Ele credita também ao movimento fatores como o crescimento imobiliário e o crescimento demográfico e econômico da população. “No momento em que há um aumento na renda, as famílias passam a fazer mais refeições fora de casa”, explica.

Os dados comprovam o crescimento demográfico da população. O número de habitantes aumentou de 345,9 mil (2000) para 424,9 mil em 1º de julho de 2012, um incremento de 122% em 12 anos, segundo o IBGE. Fatores como a dinâmica econômica e as políticas públicas implementadas no Estado atraíram pessoas de fora – e do próprio Estado – para a região. Atualmente, Vila Velha é a cidade mais populosa do Espírito Santo, seguido da Serra, com 422,5 moradores.

O crescimento imobiliário acompanha o ritmo. Segundo o 22º Censo Imobiliário do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Espírito Santo, em novembro do ano passado eram 34.863 unidades em construção na região da Grande Vitória, entre apartamentos, casas e salas, dos quais 16.369 são no município de Vila Velha. A cidade canela verde representa 48% dos novos imóveis, concentrados principalmente em Itapuã, Praia da Costa e Itaparica.

Segundo Vilaschi, o endurecimento da lei seca também estimula esse processo. “As pessoas acabam optando pela comodidade e por um local mais próximo de suas residências”, diz. A mudança de perfil dos frequentadores é outro fator citado pelo secretário de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Vila Velha, Edson Ferreira. “A comodidade de frequentar um local perto de casa conta muito para o novo perfil do consumidor de Vila Velha, que não atravessa mais a ponte para se divertir em Vitória”, fala.

A cantora Kamila Gabriel, 23 anos, frequenta assiduamente a Lanchonete Tud’s, na avenida Luciano das Neves, no Centro. “Sempre venho aqui, até porque moro bem próximo ao local. Gosto da variedade de lanches, saladas e sobremesas, além de ser um lugar bem familiar”, diz. Para jantar com o noivo, o músico Vinícius Cunha, ela prefere ir ao Restaurante Vila Salsa, na Praia da Costa. “Prefiro pela variedade e qualidade do cardápio. Já para um lanche mais básico, costumamos ir na Sfiheria ou no Puro Suco, na Praia da Costa. São lugares legais, com atendimento rápido e bem frequentados por jovens”, afirma.

Reflexos do avanço urbano
Para o presidente do Sindicato de Bares, Restaurantes e Similares do Estado (Sindbares), Wilson Calil, esses números refletem o avanço urbano das cidades que cercam Vitória. “Vila Velha tem um enorme potencial turístico e o poder de consumo da população está em franca ascensão. A tendência é que as opções de gastronomia e entretenimento se ampliem cada vez mais”, explica.

O bom ritmo do mercado faz com que outros segmentos cresçam, acirrando também a procura por profissionais especializados na área de gastronomia. Segundo o coordenador do curso de Gastronomia da Universidade de Vila Velha (UVV), Alessandro Eller, o crescimento econômico do Espírito Santo na última década aumentou a demanda pela formação. “Formamos 80 alunos por semestre, entre executivos, donas de casa e profissionais, preparando-os desde a gestão de alimentos e bebidas até à culinária de preparo mais avançado, como a cozinha internacional”, afirma. O curso também oferece habilidades para que o aluno possa abrir seu próprio negócio ou atuar na administração de restaurantes, bufês, hotéis e indústrias de alimentos.

A profissionalização do mercado, por sua vez, aumenta o movimento nos restaurantes, pois hoje, mais do que nunca, cozinhar bem não é o único desafio dos chefs de cozinha, encarregados de preparar verdadeiras obras de arte em forma de comida, surpreendendo a clientela tanto pelo sabor como pelo visual da refeição. “A profissionalização na área se reflete positivamente no negócio, pois o local passa a atender também a clientes mais exigentes e formadores de opinião”, diz Eller.

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