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segunda-feira, 6 maio, 2024

Viagem de barco abre comemorações dos 150 anos da imigração italiana

Solenidade no ultimo sábado (17) marcou o início das comemorações que devem se estender ao longo de 2024

Por Jacyara Oliveira*

Vitória foi o palco para o início das comemorações dos 150 anos da Imigração Italiana, no último sábado (17). O evento denominado de “Noi Siamo La Storia”, que traduzindo para o português diz “A história somos nós”, realizado pela Associação Federativa Comunitária Italiana do Espírito Santo (Comunità), começou na Praça do Papa, na Enseada do Suá, e ganhou o mar.

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Três mil pessoas e delegações de 25 municípios capixabas participaram das comemorações que terminaram com uma missa, na Catedral de Vitória, no Centro. Até lá, teve encenação, resgate histórico e muita emoção.

Vestidos com trajes típicos, alguns dos descendentes de italianos realizaram um encantador cortejo marítimo com a embarcação La Sofia, remetendo ao primeiro navio a chegar ao Porto de Vitória, em 1874. 

“Esse traje representa meus nonos que vieram da Itália. Esse cachimbo é de lá. Hoje é dia de reviver o passado para entender o presente e pensar no futuro. Minha família é da região do Vêneto e de Friuli e desembarcou aqui em Vitória há um século e meio. Hoje é um dia especial e mexe muito com o sentimento de todos nós”, relatou Celso Luiz Caus.

O cortejo iniciado na Praça do Papa terminou no Porto de Vitória, no Centro. De lá, os descendentes foram recebidos pelo governador Renato Casagrande nas escadarias do Palácio Anchieta, antes de se dirigirem à Catedral de Vitória, onde o bispo Dom Décio realizou uma emocionante missa para os fiéis, e em maior parte foi realizada em italiano. 

“É inspirador ver tantos capixabas se dedicando a manter viva essa herança cultural. Ao longo deste ano, teremos muitos outros eventos homenageando esse povo tão forte e que tanto contribuiu para o desenvolvimento do nosso País”, afirmou o secretário de Estado do Turismo, Philipe Lemos.

Viagem de barco abre comemorações dos 150 anos da imigração italiana
Foto/Reprodução – Jansen Lube

Após o momento religioso, os participantes de norte a sul do Estado puderam assistir à apresentações de grupos folclóricos, música e degustação de pratos, incluindo aqui o tradicional “Tombo da Polenta”. O Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) foi um dos organizadores da festividade, em parceria com a Comunità Italiana e apoio de diversos parceiros.  

Angela Maria Guarnieri, representante de Nova Venécia, município localizado na microrregião Noroeste, não escondeu a emoção: “Representamos várias cidades da Itália. Viemos pra cá em dois ônibus. Essa festa pelos 150 anos dos imigrantes mexe muito com a gente, com nossas raízes. Afinal, nossos bisavós vieram todos da Itália. Essa celebração é uma forma de manter a cultura viva.”

O historiador italiano Renzo Maria Groceli, apaixonado pelo Brasil e estudioso da imigração italiana, estava  presente no evento ao lado do aposentado Angelo Antônio Zorro, 91 anos, tataraneto dos passageiros do La Sofia. 

“Um povo que lutou como um lobo para sobreviver aqui, nada recusavam, nada faziam questão. Vieram morar no Espírito Santo, que hoje é um dos lugares mais bonitos e rico do Brasil, atualmente.  É uma comoção enorme poder fazer esta festa para a cultura italiana em terras brasileiras”, disse sorrindo. 

A imigração 

Em 1874, a primeira expedição de Pietro Tabacchi chegou ao Espírito Santo com 388 camponeses italianos a bordo do navio “La Sofia”. Fazendo com que o Estado seja considerado, oficialmente, o berço da imigração italiana no Brasil, pois foi em território capixaba que iniciou a grande epopéia da imigração italiana para o país.

A expedição chegou à baía de Vitória em 17 de fevereiro de 1874 na embarcação a vapor que transportou, de Gênova à capital capixaba, as famílias imigrantes.  Esses camponeses aceitaram o desafio de trabalhar na propriedade de Pietro Tabacchi, italiano que, desde a década de 1850, possuía uma fazenda nas proximidades da vila de Santa Cruz, no atual município de Aracruz, ao norte de Vitória.

Esse pioneirismo dos italianos em terras capixabas foi reconhecido pela Lei Federal, por meio da Lei 11.687, de 2 de junho de 2008, sancionada pela Presidência da República. O autor da proposta foi o então Senador do Espírito Santo, Gerson Camata (1941-2018), que tinha por objetivo “prestar a devida homenagem ao imigrante italiano, que, vindo de terras tão distantes, aqui se instalou e se fez gente nossa”.

*Estagiária sob supervisão de Erik Oakes

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