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quinta-feira, 2 maio, 2024

Igreja de São Tiago: de templo religioso e escola jesuíta à sede do governo

Erguido em 1551, local foi batizado em homenagem a São Tiago e abriga atualmente o Palácio Anchieta

O Dia de São Tiago, celebrado em 25 de julho, homenageia um dos doze apóstolos de Jesus Cristo, lembrado na história capixaba por dar o nome de um importante centro cultural e político da cidade de Vitória, a Igreja de São Tiago, onde atualmente está situada a sede do governo estadual, o Palácio Anchieta, localizado no centro histórico de Vitória, próximo à Catedral Metropolitana e à Praça Costa Pereira.

Confira na galeria a transformação do espaço ao longo dos anos. 

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1906

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Igreja de São Tiago/ Arquivo Público do Espírito Santo

472 anos de história

Erguida em 1551,  a igreja batizada em homenagem ao apóstolo substituiu a Capela de Nossa Senhora da Vitória como o centro religioso e cultural da ilha de Vitória.

Data de finalização da construção, o ano de 1551 marca o início da transformação da cidade pelos jesuítas, que transformaram o espaço da igreja em um importante centro de poder religioso, cultural e político, sendo também um ponto central para a catequese dos povos indígenas e dos colonos que habitavam a região. 

Com o passar dos anos, o lugar expandiu suas atividades e influência e  tornou-se residência oficial dos padres jesuítas em 1570. Além de ser um local de culto e oração, a Igreja de São Tiago se tornou um centro educacional e um ponto de encontro para a elite política e social da época.

Além de transmitir os ensinamentos da fé cristã, os jesuítas também ensinavam línguas, matemática, música e outros assuntos considerados relevantes na época.

Assim, a Igreja de São Tiago desempenhou um papel importante na história educacional da região desde seus primeiros anos e sua conexão com a educação permaneceu ao longo do tempo, contribuindo para o desenvolvimento cultural e intelectual da comunidade local.

Após a expulsão dos jesuítas do Brasil em 1759, a igreja passou por diferentes usos e mudanças estruturais. No século XIX, o prédio foi reformado para servir como sede do governo provincial do Espírito Santo e era chamado de “Palácio do Governo”.

Em 1909, o governo estadual decidiu oficialmente homenagear o padre José de Anchieta, um jesuíta importante para a história da região, com a nomeação do edifício de “Palácio Anchieta”. 

Uma das partes mais antigas do palácio é a Capela Nossa Senhora da Vitória, que exibe elementos arquitetônicos de estilo colonial e abriga objetos religiosos e obras de arte históricas, preservando a memória da igreja original fundada em 1551 pelos jesuítas.

Além da capela, o edifício abriga outros espaços que remontam a história da cidade de Vitória, como o Salão Santiago, Sala do Trono, túmulo de José de Anchieta, Biblioteca Padre José de Anchieta, Arquivo Histórico do Espírito Santo, Pinturas e artefatos históricos, além dos Jardins e da área externa.

Salão Santiago

Com estrutura arquitetônica que reflete o período colonial da construção, o Salão Santiago é dotado de características arquitetônicas preservadas para manter a autenticidade histórica do espaço, que frequentemente é utilizado para recepções, solenidades, eventos culturais, lançamentos de livros, exposições e outras atividades oficiais e culturais.

Além das funções citadas, o Salão também é utilizado em eventos oficiais, como a recepção de autoridades nacionais e internacionais, posse de governadores, homenagens e cerimônias oficiais do governo do Estado do Espírito Santo.

O acesso ao espaço varia dependendo do calendário de eventos oficiais e culturais, sendo aberto à visitação em algumas ocasiões especiais ou eventos públicos. É recomendável verificar previamente a disponibilidade e os horários de visitas através de informações oficiais do governo do Estado do Espírito Santo.

Linha do tempo do Palácio Anchieta

1524 – Nasce, em Portugal, o padre Afonso Brás, que ingressa na Companhia de Jesus em 1546 e vem para o Brasil na segunda leva de jesuítas, em 1550. É o fundador da obra jesuítica no Espírito Santo.

1534 – Inácio de Loiola funda, na França, a Companhia de Jesus, com missão evangelizadora para fazer frente à Reforma Protestante.

1534 – Aos 19 de março de 1534, nasce em Tenerife, nas Ilhas Canárias, arquipélago pertencente à Espanha, o padre José de Anchieta. É o mesmo ano de fundação da Companhia de Jesus, ordem na qual ingressou em 1551. Chegou ao Brasil em 1553.

1535 – Aos 23 de maio, começa oficialmente a colonização Espírito-santense, com a chegada de Vasco Fernandes Coutinho.

1551 – Aporta em terras capixabas o jesuíta Afonso Brás, aqui chegado em companhia do irmão leigo Simão Gonçalves.

1551 – Aos 25 de julho, padre Afonso Brás inaugura a construção primitiva da Igreja de São Tiago.

1559 – Incêndio destrói a primeira sede da Igreja de São Tiago.

1570 – Nessa década, missionários mobilizados pelo padre Inácio de Tolosa dão início à construção de uma nova sede para a Igreja de São Tiago, agora em pedra, no mesmo local da anterior, erguida com madeira.

1587 – Anchieta conclui a primeira ala do Colégio, voltada para a praça (atualmente, Praça João Clímaco).

1597 – Aos 09 de junho, em Reritiba, atual município de Anchieta, morre o padre Anchieta, enterrado junto ao altar-mor da Igreja de São Tiago.

1609 – Parte dos ossos do religioso é retirada para envio ao Colégio da Bahia e posterior traslado a Roma. O percurso não foi cumprido devido ao naufrágio da caravela.

1707 – Após 120 anos da construção da primeira ala do colégio, ergue-se a segunda, de frente para a baía de Vitória.

1734 – Constrói-se a terceira ala, fechando o pátio interno, juntamente com a segunda torre da igreja.

1734 – O túmulo de Anchieta é novamente aberto, tendo sido retirados os últimos restos mortais do jesuíta.

1747 – É erguida a quarta ala, contígua à igreja, formando o quadrilátero imponente do que seria, por muitos anos, a maior construção do Estado.

1759 – Por decreto do então rei de Portugal, Dom José I, os jesuítas são expulsos do reino e de todas as possessões da Coroa. É o fim do Colégio de São Tiago.

1796 – Um novo incêndio ocorre nas dependências do conjunto.

1798 – Já recuperado do incêndio de 1796, o antigo Colégio é denominado Palácio do Governo, passando a abrigar também o Hospital Militar e o batalhão de polícia, entre outros.

1860 – Após importantes obras de reforma, em função do abandono de décadas a que foi submetida a construção, o palácio recebe Suas Majestades Imperiais o imperador Dom Pedro II e a imperatriz Dona Teresa Cristina Maria. A visita dura 15 dias.

1883 – É construída uma escadaria na ladeira que dava acesso ao Cais do Imperador, melhorando a ligação entre o porto e o edifício.

1901 – O prédio é adquirido da União em 23 de dezembro.

1908 – O palácio recebe sistema de iluminação elétrica gerada por motor de corrente contínua.

1908 – Assume o governo o presidente Jerônimo Monteiro, responsável, durante o seu mandato, até 1912, pela reconstrução do palácio, transformando radicalmente as feições do conjunto. Uma nova escadaria é construída, seguindo o estilo eclético implantado pelo engenheiro francês Justin Norbert, contratado para executar as obras.

1911 – A Igreja de São Tiago é comprada do Bispado em 23 de novembro, ampliando em um terço a área coberta do palácio. No processo de reconstrução, a torre menor é destruída, tendo sido mantida a maior, com o relógio e os sinos.

1922 – Demolida a segunda e última torre da Igreja de São Tiago, apagando de vez os principais vestígios da herança jesuítica na fachada do conjunto.

1922 – É construído um túmulo simbólico em homenagem à memória de Anchieta. O antigo, com lápide esculpida em Portugal, havia sido removido por ocasião da adaptação da Igreja de São Tiago para receber a maquinaria da Imprensa Oficial e a sede da Secretaria de Governo, entre 1912 e 1916.

1924 – Amplia-se o uso de área no pavimento térreo, incluindo a instalação do primeiro elevador do edifício, que ganha pintura amarela, cor oficial dos prédios da administração pública.

1935 – Aos quatro séculos da chegada dos portugueses, planejava-se preparar o palácio para os festejos. Em função da precariedade das instalações, o conjunto passa, nos anos seguintes, por uma completa reconstrução interna, incluindo a instalação de lajes de concreto armado, como a que transformou a antiga Igreja de São Tiago em dois grandes salões.

1939 – O terceiro incêndio da história do palácio ocorre no andar térreo, onde funcionava o Diário da Manhã, órgão oficial do governo.

1945 – Em 09 de junho de 1945, em mais um aniversário da morte do padre José de Anchieta, o então governador, Jones dos Santos Neves, faz publicar o decreto de nº 15.888, denominando de Palácio Anchieta a sede do Governo estadual.

1983 – O edifício é tombado pelo Conselho Estadual de Cultura.

2004 – Inicia-se a primeira obra de restauro do Palácio Anchieta.

2006 – Com a finalização da primeira etapa da obra, o Palácio Anchieta passa a abrigar apenas os setores ligados ao Gabinete do Governador.

2007 – Novos equipamentos, como um segundo elevador, são instalados com vistas à intensificação do uso público do prédio.

2009 – Todas as instalações do edifício (elétrica, hidráulica e telefônica) e os sistemas de climatização e drenagem são modernizados. O telhado passa por reforma completa.

2009 – Procede-se à restauração do acervo artístico e do mobiliário do palácio e à realocação da Capela junto ao túmulo simbólico de Anchieta.

2009 – A restauração é concluída, tendo sido recuperados vestígios de todas as fases históricas do conjunto.

2009 – O palácio é aberto à visitação pública, incluindo salas especialmente montadas para contar a história do prédio ao longo de quase cinco séculos.

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