Desde 2019, o Espírito Santo não conseguia alcançar 90% do público-alvo da vacina BCG
Por Rafael Goulart
A onda global anti-vacina ganhou força durante a Pandemia de Corovírus e doenças que antes estavam erradicadas, voltaram a ser ameaçadas para o Brasil – que possui um dos mais eficientes sistemas de vacinação pública do mundo.
Além disso, as próprias políticas de distanciamento social dificultaram e até paralisaram completamente as campanhas de imunização.
Nesse contexto, o Espírito Santo experimentou nos últimos quatro anos, uma continua queda na cobertura vacinal da BCG, imunizantes que protege contra formas graves de tuberculose.
Desde 2019, o Espírito Santo não conseguia alcançar 90% do público-alvo da vacina BCG, por tanto não atingia a meta preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Porém, neste ano (2023), o Estado conseguiu vacinar 94,11% das crianças capixabas – o imunizante atua em dose única.
Para a Secretaria de Saúde, o bom resultado é devido a uma série de ações, como qualificação dos profissionais e campanhas com os municípios.
Covid
Ao todo, 15.106 pessoas morreram de COVID-19 no Espírito Santo desde março de 2020, quando a Pandemia Global chegou ao Brasil e o estado registrou os quatro primeiros casos.
Em 2023, mesmo com o avanço da vacinação, 114 capixabas já foram vitimadas pelas novas variantes da doença.
O número de vítimas da Covid ultrapassa o número de óbitos causado pela dengue, 70 neste ano, epidemia de maior preocupação no momento.
De acordo com Ministério da Saúde, dos 55 milhões de pessoas do público-alvo da vacinação com imunizante bivalente, apenas 12,5 milhões estão vacinados.
Devido à baixa adesão, a pasta decidiu ampliar o público-alvo para toda a população maior de 18 anos que já tenha tomado duas doses de vacina.
Alerta
De acordo com estudo da Ufes, pacientes graves da COVID-19 continuaram a apresentar redução na função pulmonar e capacidade física, mesmo após seis meses de alta hospitalar.
O estudo “Função pulmonar e capacidade de exercício seis meses após a alta hospitalar de pacientes com COVID-19 grave”, contou com a participação da pneumologista Jéssica Polese, que explicou:
“Chamamos as sequelas de Covid longa e percebemos que a longo prazo do COVID-19, especialmente o comprometimento pulmonar, são frequentes, mas não bem compreendidas”
Para a médica, a baixa taxa de vacinação é devido a circulação de notícias falsas e desinformação junto com a baixa incidência da doença e medo de vacinar.
“É preciso se vacinar por conta da proteção que a bivalente oferece a cepa original e a subvariante da Ômicron, principal vírus que ainda circula no mundo”, explicou
HPV
Uma auditoria realizada durante a campanha Março Lilás pelo Núcleo de Controle Externo de Avaliação e Monitoramento de Políticas Públicas de Saúde (NSaúde) do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo (TCE-ES), revelou que a vacinação e a realização de preventivos do câncer de colo de útero no Estado está abaixo do preconizado pelas autoridades em saúde.
De acordo com o relatório e estudos da Fundação do Câncer, a baixa adesão as duas principais e mais eficazes formas de prevenir o câncer de útero – imunização contra o HPV e exames preventivos – é causada principalmente pela falta de informação das pessoas sobre a importância dessas ações e a disseminação de notícias falsas sobre as vacinas.
Desinformação
A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que para erradicar a doença até 2030, é preciso que 80% das mulheres estejam vacinadas contra os vírus HPV, uma das principais causas do desenvolvimento do câncer de colo de útero preconiza. Porém apenas 54,9% do público feminino tomaram as duas doses no Espírito Santo.
Um estudo da Fundação do Câncer, divulgado no começo da campanha Março Lilás, entrevistou crianças e adolescentes e revelou que entre 26% a 37% dos consultados não sabiam que a vacina previne contra o câncer do colo do útero.
Além disso, o estudo mostrou que entre 36% e 56% dos consultados acham que a vacina pode ser prejudicial à saúde e 35% a 47% acreditam que vacina pode incentivar a iniciação sexual precoce.
Outro estudo da Fundação Câncer, divulgado no Dia Mundial de Combate ao Câncer de Colo de útero, apontou que a Região Norte do Brasil apresenta a menor cobertura vacinal completa (duas doses) em meninas, com 50,2% e também foi a região que mais registrou óbitos por câncer de colo de útero de 2016 a 2020, com 9,6 por 100 mil mulheres contra a média nacional de 6 a cada 100 mil mulheres.
Para a Fundação e o Tribunal de Contas do Estado além do combate à disseminação de notícias falsas sobre as vacinas, também é preciso que o Governo do Estado e as prefeituras realizem campanhas de informações de forma sistemática, principalmente nas escolas, para a instrução correta do público.