32.9 C
Vitória
sexta-feira, 3 maio, 2024

Sicoob participa de parceria inédita para mecanização da colheita do café conilon

Cafu00e9 ConilonO sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob ES) e a Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel) bancaram, meio a meio, a vinda de uma colheitadeira de café arábica para o Estado, onde pesquisadores e técnicos do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), ligado à Secretaria de Estado de Agricultura (Seag), farão a adaptação da máquina para a colheita do café conilon. As primeiras experiências foram feitas na propriedade do produtor Fausto Cremasco, no município de Pinheiros, extremo Norte do Estado.

“É um momento revolucionário na cafeicultura do Espírito Santo e de outros estados produtores de conilon. É uma pena, ou quem sabe uma sorte, que esse experimento ainda vá demorar de 5 a 6 anos para ser colocado em pleno funcionamento. Digo sorte porque a cafeicultura familiar não vai competir, especialmente na região montanhosa, onde a máquina não pode entrar. Mas haverá tempo suficiente para que a agricultura dessas regiões se adapte”, destaca o diretor presidente do Sicoob ES, Bento Venturim.

- Continua após a publicidade -

A demanda por alguma forma de mecanização surgiu em razão da falta de mão de obra nas regiões Norte e Noroeste do Estado durante o período de colheita do café, que é o produto mais importante na economia agrícola capixaba. O Estado é o maior produtor brasileiro de café conilon, com 72% da produção nacional.

“Os produtores enfrentam dificuldades para contratação de mão de obra durante a colheita do conilon, o que acarreta prejuízo na qualidade do produto e na lucratividade”, afirmou o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli.

Para esse primeiro teste, foi utilizada uma colheitadeira destinada ao café arábica, já que essa variedade permite a colheita mecanizada por sistema de vibração, por ter grãos mais soltos e separados. O pagamento de aluguel e transporte da máquina, cerca de R$ 27 mil, foi custeado pelo Sicoob ES e pela Cooabriel. Já a experiência foi coordenada pelo engenheiro mecânico Fábio Moreira da Silva, da Universidade Federal de Lavras (MG).

O café conilon apresenta características diversas do café arábica, variedade que dita as normas de construção das colheitadeiras disponíveis no mercado. O conilon, porém, é mais difícil de ser colhido (arrancado do pé) e também mais difícil de ser descascado – por isso a necessidade de adaptação em máquinas para colheita e beneficiamento.

“A cafeicultura do Espírito Santo precisa de uma ferramenta capaz de ajudar nas futuras colheitas, que irão conviver com a mão de obra escassa. Temos que dar à produção de café capixaba um novo rumo para que não haja atrasos e atenda ao exigente mercado que existe atualmente”, ressaltou o presidente do Incaper, Evair Vieira de Melo.

Segundo estudos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), cerca de 75% da produção de café no Brasil ocorre em propriedades de até 10 hectares, onde os gastos com a colheita manual giram em torno de 30% do custo total de produção. “Com a adoção da mecanização na colheita, calcula-se que haveria uma redução desse gasto em 50 por cento, o que levaria a participação da colheita no custo total de produção a 15 por cento”, destacou o coordenador do programa de cafeicultura do Incaper, Romário Ferrão.

Cafeicultura no Espírito Santo
O Espírito Santo ocupa menos de 0,5% do território brasileiro. Nessa pequena área, está inserida uma das mais imponentes cafeiculturas do mundo, numa área aproximada de 500 mil hectares, que são responsáveis pela produção anual de 10,7 milhões de sacas, entre arábica e conilon, oriundas de 60 mil propriedades. Essa produção coloca o Espírito Santo como o segundo maior produtor do Brasil, com 25% da produção nacional. Quando se trata apenas do conilon, o Estado ocupa o primeiro lugar, com 72% da produção brasileira. Se fosse um País, o Estado seria o terceiro maior produtor mundial, perdendo apenas para o próprio Brasil e para o Vietnã.

O café está presente em todos os municípios capixabas, exceto na capital, Vitória, sendo também o maior gerador de empregos no Estado. A cafeicultura é a principal atividade econômica em 80% dos municípios e representa, sozinha, 43% do PIB agrícola do Espírito Santo. A cadeia produtiva do café gera aproximadamente 400 mil postos de trabalhos por ano, e só na produção são envolvidas 131 mil famílias. O tamanho médio das lavouras é de 4,8 hectares, em média, para o café arábica, e de 9,4 hectares para o conilon.

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Matérias relacionadas

Continua após a publicidade

EDIÇÃO DIGITAL

Edição 220

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Vida Capixaba

- Continua após a publicidade -

Política e ECONOMIA