O ano começou para os capixabas com um cenário político movimentado, tendo seus holofotes voltados para o Palácio Anchieta. Logo no primeiro dia de 2011, aconteceu a cerimônia de posse do governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), que conduziu seu discurso focado na união, na transparência e no diálogo, resumindo o perfil de administração que pretende conduzir pelos próximos anos (veja aqui a galeria de fotos da posse).
Casagrande inicia o mandato com o desafio de impor seu estilo e construir seu modelo de gestão. No dia 3 de janeiro, ele empossou os secretários de Estado e os diretores de órgãos (veja os nomes logo abaixo e as fotos aqui). E a orientação foi de que toda a equipe trabalhasse de forma integrada e articulada, buscando resultados que melhorem a vida da população capixaba.
A eleição do socialista concedeu ao PSB a condição de protagonista da política capixaba, e isso se deve ao relacionamento histórico do partido com o PT. Na avaliação do analista político e diretor do Instituto de Pesquisa Futura, João Gualberto Vasconcellos, o quadro atual é resultado de uma articulação que vinha sendo feita ainda quando Casagrande era senador.
“Casagrande, como senador e secretário-geral do PSB, foi um grande articulador de interesses governamentais. Antes o governo não tinha o controle do Senado e hoje está mais ‘aliançado’. Tal relação levou a presidente Dilma Rousseff (PT), ainda como candidata ao Planalto, a apoiá-lo ao governo do Estado. Essa aliança foi feita e o vice-governador (Givaldo Vieira) saiu do PT, que assumiu lugar importante na composição de governo”, assinalou João Gualberto.
Relação histórica facilitará diálogo
Econômica e politicamente, a gestão de Renato Casagrande promete melhores resultados no que se refere às conquistas e recursos. Conforme o sociólogo e analista político Odmar Péricles Nascimento, a relação entre PSB e PT é histórica. “Há uma simbiose entre os dois partidos. Ambos iniciaram o processo de retomada democrática praticamente juntos: o PT, em 1982, e o PSB, em 1986. Casagrande tem uma relação de afinidade e amizade com Dilma Rousseff e ele foi peça importante para a eleição da presidente. Casagrande participou da mesa de negociação quando o PSB resolveu abrir mão da candidatura de Ciro Gomes, por ser secretário-geral do partido, e foi um aliado do PT no Senado e contribuiu para sua governabilidade”, analisou.
O sociólogo explica que, pela história política, o relacionamento entre os governos estadual e federal será dos melhores. “Paulo Hartung (antecessor de Casagrande) realizou um governo mais institucional com o PT do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, essa relação muda e tende a ser mais afinada. Dilma apoiou Casagrande no Estado, construindo uma relação muito próxima”, sintetizou.
De acordo com Odmar, o Espírito Santo também ganhou força executiva com a ida da deputada federal Iriny Lopes para a Secretaria Especial das Mulheres, que tem status de ministério. “Como mulher, Dilma Rousseff vai executar tarefas que a diferencie da gestão de Lula. E Iriny será importante na execução de políticas transversais, que serão necessárias. Além disso, como terá mais acesso aos ministérios, certamente, será um braço dos deputados federais do Espírito Santo na busca de recursos para o desenvolvimento do Estado”, esclareceu o sociólogo.
Eleição da Mesa Diretora
Com relação à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, o governador Renato Casagrande avalia que é fundamental que ela tenha estabilidade nas relações políticas com os demais poderes. “Eu sou chefe do Poder Executivo e estou dialogando com os parlamentares para que essa composição seja equilibrada. A comunicação do Legislativo com a sociedade é muito importante. E essa composição tem que ter a tarefa de se comunicar com a sociedade”, enfatizou Casagrande.
Quem acompanhou de perto as articulações foi o deputado Glauber Coelho (PR), que assumiu seu mandato antes dos demais eleitos porque era suplente do deputado Vandinho Leite, que ocupa o cargo de Secretário de Esportes do Estado desde o começo de janeiro. Segundo o deputado, as negociações começaram com os partidos, para contemplá-los nas comissões. “Só com o cenário limpo, é que é eleita a Mesa Diretora”, declarou.
Até o fechamento desta edição, estavam na disputa pela presidência da Casa os deputados Sérgio Borges (PMDB) e Rodrigo Chamoun (PSB).
Bancada federal
Com relação à bancada federal, composta por 10 deputados federais e três senadores, esta terá o desafio de fazer crescer o Espírito Santo. Os deputados e senadores assumem em fevereiro e terão como principal objetivo fazer o Estado sair do isolamento. “Somos apenas 13, numa região onde há Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Além disso, o Nordeste joga com a bancada nordestina. Somos isolados. A bancada federal do Espírito Santo, por mais virtuosos que sejam os deputados, terá de se desdobrar para trazer uma coisa ou outra. Isso é um dos pontos de fragilidade do processo eleitoral político capixaba que é preciso contornar”, avalia o analista político João Gualberto Vasconcellos.
Entretanto, segundo Gualberto, com a ajuda da bancada federal, o governador tem todas as condições de implantar um governo que dê continuidade ao desenvolvimento do Estado, tendo como diferencial a elaboração de políticas mais voltadas para as questões sociais. A questão do diálogo terá de permanecer em todas as esferas para que o Estado continue a avançar de maneira positiva, afinal, segundo o analista político, “isso é a democracia moderna, é a sociedade contemporânea”.
Confira os nomes do secretariado de Casagrande
Secretário de Estado da Agricultura – Enio Bergoli da Costa
Secretário de Estado da Cultura – José Paulo Viçosi (Frei Paulão)
Secretário de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb) – Iranilson Casado Pontes
Secretária de Estado de Controle e Transparência – Angela Maria Soares Silvares
Secretário de Estado de Saúde – Tadeu Marino
Secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas – Fábio Ney Damasceno
Secretário de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos – Rodrigo Coelho
Secretário de Estado de Gestão e Recursos Humanos – José Eduardo Faria de Azevedo
Secretário de Estado de Turismo – Antônio Alexandre dos Passos Souza
Secretário de Estado de Governo – Robson Leite Nascimento
Secretário de Estado de Educação – Klinger Marcos Barbosa Alves
Secretaria de Estado de Economia e Planejamento – Guilherme Henrique Pereira
Secretário de Estado da Fazenda – Maurício Cézar Duque
Secretário de Estado de Meio Ambiente – Paulo Ruy Valim Carnelli
Secretário de Estado da Casa Civil – Luiz Ciciliotti
Secretário de Estado de Esporte e Lazer – Vanderson Leite
Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia – Jadir Pela
Secretário de Segurança Pública – Henrique Herkenhoff
Secretaria de Ações Estratégicas – André Garcia
Secretaria do Sistema Penitenciário e Medidas Socioeducativas – Angelo Roncalli
Procurador Geral do Espírito Santo – Rodrigo Marques de Abreu Júdice
Superintendente Estadual de Comunicação – Sandra Maria Wernersbach Cola
Chefe de Gabinete do Governador – Valésia Perozini Inácio
Companhia Espírito Santense de Abastecimento (Cesan) – Neivaldo Bragato
Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes) – Anilton Salles Garcia
Presidência do Banestes – Bruno Pessanha Negris
Presidência do Bandes – Guerino Balestrassi
Comandante-Geral da Polícia Militar do Espírito Santo – Coronel Anselmo Lima
Subcomandante-geral da Polícia Militar do Espírito Santo – Coronel Marcos Aurélio Capita da Silva
Corregedor-geral da Polícia Militar do Espírito Santo – Coronel Dejanir Braz Pereira da Silva
Secretário-chefe da Casa Militar da Governadoria do Estado – Coronel Helvio Brostel Andrade
Diretor-geral do Detran – João Felício Scardua
Diretora-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Espírito Santo (DER-ES) – Tereza Maria Sepulcri
Diretor-presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) – Aladim Fernando Cerqueira
Comandante Geral do Corpo de Bombeiros – Coronel Fronzio Calheira Mota
Diretor-presidente do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) – Evair Vieira de Melo
