23.3 C
Vitória
sábado, 20 abril, 2024

No comércio, reinvenção foi a marca em 2020

Suspensão de mais de 80% do atendimento presencial muda relação com clientes

O varejo tem sido um setor protagonista no desenvolvimento do país, apresentando durante uma década um crescimento consistente que impulsionou o PIB nacional. De acordo com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), desde 2014, no entanto, em função do novo contexto econômico brasileiro, o setor registra forte desaceleração e busca, junto aos poderes executivo e legislativo, políticas públicas e medidas capazes de manter a força e a saúde do segmento.

A partir de março deste ano, os desafios se tornaram muito maiores. “O ano de 2020 não foi fácil para o empreendedor capixaba. Além da pandemia, os pequenos negócios ainda enfrentaram as fortes chuvas no início do ano, que representaram um grande impacto para muitos empreendedores, especialmente do Sul do Estado.

- Continua após a publicidade -

Mas, o empresário capixaba é resiliente e teve persistência para vencer este período, contando com o apoio do Sebrae/ES. Junto com os pequenos negócios, trabalhamos para conseguir de fato colaborar para a reinvenção das empresas. Hoje o cenário mostra sinais de recuperação, mesmo que tímidos, com o funcionamento de 81% dos estabelecimentos; o retorno das contratações; e uma visão otimista da maioria dos empreendedores, que conseguiu tirar lições das dificuldades e acredita que o pior já passou”, destaca Pedro Rigo, superintendente do Sebrae/ES.

Considerando os impactos de oferta e demandas advindas da desaceleração econômica e as restrições na circulação de pessoas e fechamento de lojas que não comercializam produtos essenciais, os segmentos mais impactados operacionalmente foram os de eletroeletrônicos e vestuário.

No comércio, reinvenção foi a marca em 2020
Aumento | A demanda por alimentos básicos, medicamentos e itens de higiene aumentou de forma significativa, favorecendo supermercados e farmácias

Por outro lado, aumentou de forma significativa a demanda por alimentos básicos, medicamentos e itens de higiene, o que favoreceu supermercados e farmácias.

E-commerce: a bola da vez

O comportamento dos consumidores precisou ser alterado durante a quarentena, o que levou as empresas a buscarem canais digitais para minimizar os efeitos negativos nas vendas, especialmente nos períodos de Páscoa e Dia das Mães.

Na última pesquisa feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), entre 27 e 31 de agosto, 67% dos pequenos negócios disseram que estavam vendendo por meio das plataformas digitais. E 16% dos que ainda não vendiam pela internet iriam adotar a prática em breve.

A transformação digital do varejo se tornou prioridade até mesmo em segmentos com presença online ainda modesta, é o que afirma o estudo “Novos hábitos digitais em tempos de Covid-19”, realizado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) em parceria com a Toluna (fornecedora líder de insights do consumidor sob demanda).

De acordo com o estudo, a crise do coronavírus fez com que a transformação digital do varejo se tornasse prioridade para poder manter os negócios em operação.

O consumidor, por sua vez, rapidamente mudou seus hábitos e abraçou ferramentas digitais. “Os consumidores estão cientes do risco de contaminação ao sair de casa e por isso, ainda que saiam às ruas para comprar itens essenciais, têm apresentado um comportamento mais digital, usando apps para compra e pagamento, por exemplo”, analisa Eduardo Terra, presidente da SBVC.

O estudo mostra que 61% dos clientes que compraram online durante a quarentena aumentaram o volume de compras pela internet devido ao isolamento social. Em 46% dos casos, esse aumento de compras foi superior a 50%. O grande destaque foi a compra de alimentos/bebidas para consumo imediato (por delivery), que cresceu para 79% dos entrevistados.

Black Friday e Natal

Mas nada se compara ao que ocorreu na Black Friday, maior aposta do setor para recuperar as perdas, especialmente do primeiro semestre de 2020. As vendas este ano passaram de 5,1 bilhões, o que representou um acréscimo de 31% em relação a igual período do ano passado. Segundo levantamento realizado pela Neotrust/Compre&Confie foram 7,6 milhões de compras online, nos dias 26 e 27 de novembro, número 24,7% maior do que o registrado na Black Friday em 2019.

E o tíquete médio foi de R$ 668,70, o que representa um crescimento de 5,1% em relação ao ano passado. Na avaliação de André Dias, fundador da Neotrust/Compre&Confie, o volume de vendas na Black Friday em 2020 foi um marco para história do e-commerce brasileiro. “Tornou-se a data com maior volume de venda já registrado no País em todos os tempos. Em alguns períodos do dia, foram mais de 5 mil pedidos por minuto”.

No comércio, reinvenção foi a marca em 2020
Queda | No segmento de bares e restaurantes os números são negativos: 85% dos negócios estão faturando menos do que antes

Segundo pesquisa da Nielsen, o número de pessoas comprando pela primeira vez pela internet cresceu 45%. E dados sobre perspectivas de consumo, levantados pela Rakuten Advertising, apontam que 87% dos consumidores farão compras no Natal, sendo que 86% deles irão utilizar os canais digitais.

E o Espírito Santo possui uma significativa vantagem: a localização estratégica somada a benefícios que podem chegar a uma economia de até 5% na última linha tem trazido cada vez mais empresas de fora, destaca o subsecretário de Estado de Atração de Investimentos e Negócios Internacionais, Gabriel Feitosa. “A cada dia, um número maior de equipes gestoras passam a perceber nosso Estado como um hub diferenciado de distribuição”. O subsecretário destaca ainda que o percentual de conversão na estratégia de cold calls (processo de entrar em contato com prováveis clientes por telefone), tem sido superior a 40%.

Alimentação fora de casa

No segmento de bares e restaurantes, os números são negativos: 85% dos negócios estão faturando menos do que antes, uma realidade mais dramática se comparada às demais atividades econômicas (81% das empresas tiveram perdas), segundo dados da pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).

O levantamento aponta ainda que o maior desafio para a retomada e sobrevivência dos seus negócios é ter capital de giro (63%), seguido pela preocupação com o comportamento do consumidor (32%). Mais da (56%) buscou empréstimos, mas apenas 20% tiveram o pedido aprovado.

No comércio, reinvenção foi a marca em 2020
Base: 1000 respondentes
Fonte: Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo

O setor exige atenção especial. “A alimentação fora do lar é uma das atividades com maior concentração de empreendedores no país. Precisamos ampliar o acesso a crédito para que esses pequenos negócios consigam equilibrar o fluxo de caixa e contribuir para se adaptarem à forte demanda de digitalização verificada na pandemia”, explica o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

Comércio foi o mais afetado

A percepção de redução nas vendas afetou mais o comércio, que passou de 29,5%, na segunda quinzena de julho, para 44,5%, com destaque para o comércio varejista, que subiu de 29,7% para 48,9%.

Na quinta rodada da Pesquisa Pulso Empresa: impacto da covid-19 nas empresas, divulgados em setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em seguida aparece os setores da construção (36,2%), indústria (30,8%) e serviços (29,7%).

Retomada

Aos poucos, bares e restaurantes vão experimentando a retomada. É o que aponta pesquisa nacional realizada pela Abrasel no final de agosto, com quase 1 500 respostas de empresários de todo o Brasil. Pelo país, 73% dos estabelecimentos pesquisados já abriram as portas. Mas, muitos, fecharam de modo definitivo, por isso nem responderam à pesquisa. E outros, somente em novembro passaram a funcionar.

Segundo a pesquisa, os bares e restaurantes estão trabalhando em média com menos de 50% dos funcionários que tinham antes da crise. E 64% dos entrevistados dizem que não irão recontratar imediatamente. Não é para menos: para 71% dos entrevistados o faturamento está abaixo da expectativa.

A questão dos empréstimos é central para a sobrevivência das empresas. Quatro em cada cinco empresas (78%) tentaram empréstimo de março para cá. E pouco mais da metade (57%) conseguiu acessar alguma linha de crédito. A maioria obteve o empréstimo pelo Pronampe (56%), quase sempre associado com alguma outra linha disponível.

O Sindbares e Abrasel no ES, em parceria inédita com o Sicoob, estão para lançar uma linha de crédito especial para o setor de bares e restaurantes. A parceria visa a beneficiar as empresas do segmento neste período de retomada da economia e, em breve, estará disponível para os associados.


Número de MEI aumenta em mais de 16 mil no ES

Desde o início da pandemia, mais de 16 mil empreendedores optaram pela modalidade de trabalho como Microempreendedor Individual (MEI). Em 31 de março, havia 253.635 MEIs formalizados, enquanto em 1º de agosto esse número era de 269.791.

“Neste período, muitas pessoas estão empreendendo em função da necessidade de voltar ao mercado após uma demissão, mas muitas outras estão empreendendo por terem refletido, feito suas experiências e resolvido partir para o novo”, aponta a analista do Sebrae/ES, Renata Braga.

Ela reforça que, ao se formalizar, o empreendedor adquire uma série de benefícios previdenciários, tem a possibilidade de emitir nota fiscal, e passa a ter um CNPJ, o que facilita muito as transações comerciais.

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Matérias relacionadas

Continua após a publicidade

EDIÇÃO DIGITAL

Edição 220

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Vida Capixaba

- Continua após a publicidade -

Política e ECONOMIA