O “pai” da personagem Marly, a soteirona lutava contra a leucemia desde março e faleceu na madrugada deste sábado (25).
Cartunista, ator e escritor, Milson Henriques, um dos ícones da cultura do Espírito Santo, estava internado no Hospital das Clinicas, em Vitória, desde março, e faleceu na madrugada deste sábado (25). O enterro do “guerreiro”, conforme divulgaram os amigos de Milson Henriques, está marcado para às 16h30 deste sábado, no cemitério de Santo Antônio, na capital..
Milson Henriques não é capixaba, nasceu em São João da Barra, no norte fluminense, em 1938. Mas, aos 24 anos chegou ao Espírito Santo, de onde não quis mais sair.
Na foto ao lado, Milson Henriques, por trás, com Rubinho Gomes (que gentilmente nos enviou o raro registro), Amylton de Almeida e Antonio Alaerte após a única apresentação do espetáculo Ensaio Geral, em 1970, no Teatro da Escola Técnica (hoje Ifes). A censura proibiu o texto e “nós fizemos mímica das falas intercalando músicos com Cristina Esteves e Os Mamíferos, que fecharam com É Proibido Proibir, de Caetano Veloso”, contou Rubinho.
Em 1973 criou sua mais famosa personagem, Marly, a solteirona. Feia, encalhada, carente, mas muito engraçada, Marly nasceu de um desafio proposto por Marien Calixte a Milson Henriques, quando eles trabalhavam juntos no Jornal A Gazeta, de criar um personagem capixaba. Primeiro nasceu Edil Berto, o papagaio vereador. Mas naquela época, para o artista que já era alvo constante do regime militar, tendo sido preso algumas vezes, a melhor opção era deixar a política de lado.
E Marly nasceu da sugestão de Marien de que fosse criado algo alienado politicamente, como a uma solteirona que passa o dia todo ao telefone, fofocando com a amiga Creuzodete.
Respeitado por sua história como desenhista, poeta, ator, diretor e autor de peças teatrais e também na música, Milson recebeu várias homenagens no Espírito Santo. Em 2010, sua contribuição para a cultura capixaba foi registrada em documentário, exibida durante homenagem no 17º Vitória Cine Vídeo. No documentário “Minha Vida não é só Teatro” destaque para o pioneirismo do artista na promoção de festivais de cinema, teatro e música, sua participação ativa na efervescência cultural em Vitória, desde a década de 60. Em 2012, a escola de samba Andaraí, do bairro Santa Marta, em Vitória, que já o havia homenageado em 2002, contou na avenida os 50 anos de carreira dele.
Em 2014, o cartunista lançou o livro infantil ‘As Mudanças de Beto’, que trata da diferença de valores, hábitos e costumes entre o campo e a cidade, e termina com uma série de rimas sobre animais e naturezas, o ‘Zoo Ilógico’. A obra teve toda a renda revertida para a Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil (Acacci).