Roteirista premiada Keka Reis, finalista do Jabuti 2018 e 2019, explora amadurecimento infantojuvenil, luto, relacionamentos amorosos
Por Marlon Max
Depois da indicação ao Prêmio Jabuti em 2018 e 2019 com dois livros infantis, a escritora Keka Reis mergulha em Medley ou os dias em que aprendi a voar, livro de estreia na literatura juvenil. A obra é inspirada no primeiro longa-metragem adolescente da roteirista, premiado em festivais estrangeiros como o México Internacional Film Festival e top 10% no Bluecat Screenplay Contest, um dos mais prestigiados concursos de roteiro dos Estados Unidos.
Como sugere o título e capa da produção, a protagonista é nadadora. A presença do esporte na vida da jovem permeia a narrativa para além das piscinas: a atividade é como um grande espelho da subjetividade de Lola e dos desafios que precisa enfrentar durante a fase de transição da infância para a vida adulta. A notícia da morte do pai, por exemplo, recebida sem muita explicação por parte da mãe aos quase quatro anos, mudou para sempre a vida da personagem.
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É na viagem de férias, longe da mãe e do irmão, que a relação de Lola com a vida, e com ela mesma, começa a se transformar. Em Salto Bonito, cidade imaginária que ganhou até um mapa no início do livro, a protagonista se expõe a novas amizades, a primeira paixão e ao despertar para a sexualidade, sempre com a problemática da perda precoce e inexplicada do pai como pano de fundo.
Ambientada no início dos anos 1990 e repleta de referências musicais, literárias e cinematográficas, Medley ou os dias em que aprendi a voar retrata o adolescer da protagonista tímida em uma época de conexões estabelecidas presencialmente. Memórias há muito esquecidas e outras partes de uma nova Lola emergem durante as 232 páginas da narrativa.