Jornalistas entrevistaram testemunhas do caso e trazem informações inéditas
Por Rafael Goulart
Nesta quinta-feira (18), dia em que o crime que vitimou Araceli Cabrera Crespo, 8 anos, completa 50 anos, os jornalistas Felipe Quintino e Katilaine Chagas lançaram o livro “O Caso Araceli – Mistérios, Abusos e Impunidade”, que reúne e traz informações inéditas conseguidas por entrevistas com testemunhas do caso.
O crime aconteceu em 1973 em Vitória, a criança foi drogada, estuprada, espancada e assassinada e foram acusados dois herdeiros de famílias poderosas do Espírito Santo, Dante de Barros Michelini e Paulo Constanteen Helal e também o pai de um deles, Dante Brito Michelini, que foi acusado de contribuir com o crime e usar sua influência para atrapalhar as investigações.
Apesar de condenados em primeira instância, os três foram inocentados em um processo de 700 páginas que decide pela falta de provas para a condenação.
Em entrevista à Rádio Nacional, os autores contaram como a obra pode contribuir para solucionar lacunas ainda existentes do caso.
“Até hoje não se sabe onde Araceli foi morta, por exemplo. Especula-se que não foi no local onde foi encontrada porque tinha o corpo dela nesse local, mas não tinha mais nada dela. Ela estava sem roupas, não tinha o material escolar que usava quando saiu da escola, não tinha mais sangue no corpo dela. Inclusive há dúvidas de quanto tempo ela ficou ali até ser encontrada, o que é um dos pontos que a defesa dos acusados usa para quebrar a narrativa do Ministério Público”, explicou Katilaine Chagas.
A jornalista também revelou que houve muita interferência nas investigações: “Ao longo de todo o processo, há várias citações a pessoas poderosas que podem ter influenciado no desaparecimento das provas, sem citar os nomes. Depois, esses nomes vão aparecendo. Há insatisfações até entre os policiais quanto a interferências externas no caso. Um dos acusados participou das diligências.”