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sábado, 27 abril, 2024

Haddad adverte França sobre atraso do acordo Mercosul–UE

Ministro da Fazenda entende que questão tenha que ser resolvida antes de eleições na Argentina

Uma eventual tentativa da França de atrasar o fechamento da nova versão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE) pode ter consequências trágicas, disse nesta segunda-feira (18) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em viagem a Nova York. Segundo o ministro, o acordo precisa ser fechado até dezembro porque a sobrevivência do bloco sul-americano depende do resultado das eleições na Argentina.

“O presidente Lula está insistindo com a Europa para que a gente feche o acordo ainda este ano. Não sei o que será do Mercosul se o acordo não estiver fechado e tivermos um resultado ‘exótico’ nas eleições na Argentina. Um país como a França tem de prestar atenção às consequências de um atraso”, declarou o ministro durante painel “A Economia Brasileira Rumo à Transformação Ecológica”, promovido pela Universidade de Columbia, em Nova York.

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Segundo o ministro, o fechamento do acordo é importante porque a criação de uma nova zona de livre-comércio deslocaria “o centro de gravidade” da economia global.

Estados Unidos

Mais cedo, em outro evento, Haddad disse que o Brasil pode usar a matriz energética verde para buscar um status privilegiado nas negociações bilaterais com os Estados Unidos, mesmo o país não tendo acordo de livre-comércio com o país norte-americano. Segundo ele, o tema será discutido na reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Joe Biden na próxima quarta-feira (20).

“Estamos um pouco amarrados em torno de conceitos que às vezes não se adequam à situação particular de Brasil e Estados Unidos. Não temos acordo de livre comércio com os Estados Unidos, mas não é por isso que não podemos ter um status privilegiado nas negociações bilaterais, pelo fato de estamos no mesmo continente, termos valores comuns históricos e culturais”, declarou Haddad no evento “Transformação Ecológica e Econômica no Brasil e na Amazônia”.

Entre os valores que o Brasil e os Estados Unidos podem explorar conjuntamente, disse Haddad, está a agenda verde. O ministro afirmou que os consumidores norte-americanos consomem muitas mercadorias produzidas no México, que não tem uma matriz energética tão limpa como a do Brasil. Segundo Haddad, o governo norte-americano está interessado em diminuir a “pegada de carbono” dos consumidores da maior economia do planeta.

“Não podemos deixar uma potência como os Estados Unidos de costas para o Brasil, quando a eles interessa uma aproximação e a nós também. O Brasil está com uma legislação absolutamente adequada. Nós podemos tanto exportar essa energia limpa para países dependentes de combustível fóssil, como usar internamente para produzir manufatura verde”, declarou o ministro

Durante a tarde, Haddad teve uma reunião bilateral com o enviado presidencial do Governo dos Estados Unidos para o Clima, John Kerry. O encontro foi privado, mas Haddad e Kerry participaram do evento posterior, promovido pela Universidade de Harvard.

Amazônia

Durante o painel da Universidade de Columbia, o ministro também disse que a meta do governo brasileiro de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030 pode ser alcançada. “Temos o compromisso de zerar esse desmatamento até 2030. Eu penso que é factível. Não vejo dificuldade em cumprir a meta de desmatamento [zero], o governo está engajado nisso”, destacou o ministro.

Apesar de a preservação da Floresta Amazônica ser um objetivo central do governo, Haddad disse que o tema se insere dentro da transformação ecológica que o Brasil quer promover. “Temos enorme potencial de aumentar produção de energia limpa para consumo interno, exportação e para manufaturar produtos verdes”, declarou. Segundo Haddad, a reforma tributária contribuirá para a transição do país para uma economia mais verde e sustentável.

G20

Em relação à presidência brasileira no G20, grupo das 20 maiores economias do planeta, o ministro afirmou que o Brasil usará o mandato para impor discussões importantes, como o endividamento dos países e os juros altos na maioria do planeta. “Temos condições de oferecer possibilidades de discussão de temas relevantes. Vamos tentar encontrar soluções para os problemas da maioria dos países, como a questão do endividamento e dos juros altos”, afirmou.

Em relação ao aumento de gastos públicos por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia, Haddad disse que os governos precisam prestar atenção aos mais pobres em vez de gastarem com armamentos. “O mundo precisa de atitudes mais generosas. É um show de desperdício diante de tanta miséria”, completou. Com informações de Agência Brasil

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