A decisão excluiu a previsão de que o item seja distribuído sem custos a estudantes de baixa renda de escolas públicas e mulheres em situação de rua ou de vulnerabilidade extrema
Por Célia Froufe (Agência Estado)
Acusado de não dar a devida atenção às necessidades de meninas e mulheres sem condições de comprarem absorventes menstruais, o governo garantiu agora que vai viabilizar a aplicação de um projeto que prevê a distribuição gratuita dos protetores femininos.
Numa série de tuítes, a Secretaria de Comunicação (Secom) do governo alegou que a atribuição de descaso não passa de uma “narrativa falsa e inconsistente” e afirmou que há o reconhecimento do mérito da medida, tendo sancionado, inclusive, a criação do Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual. “O governo seguirá empenhando-se por todos os brasileiros”, garantiu a Secom. “Apesar dos vetos, o Governo Federal irá trabalhar para viabilizar a aplicação dessa medida, respeitando as leis que envolvem o tema, para atender de forma adequada as necessidades dessa população”, continuou.
Em linha com o que o presidente já havia dito a apoiadores, a Secretaria argumentou que os pontos vetados apresentavam “problemas técnicos e jurídicos” e também de aplicação. Se levasse a medida adiante, conforme as explicações dadas na rede social, poderia haver implicações negativas para Bolsonaro porque, entre outros problemas, o projeto não indicava uma fonte apropriada para a criação da nova despesa, contrariando o que exigem as Leis de Responsabilidade e de Diretrizes Orçamentárias “Eu não tenho alternativa, sou obrigado a vetar”, disse o presidente a seus seguidores por ocasião da divulgação do veto.
O texto original previa que os recursos financeiros para o programa saíssem do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Fundo Penitenciário Nacional. O governo, no entanto, entende que ambos não poderiam atender à proposta.
Repercussão
Em meio à polêmica, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), classificou o veto como “candidatíssimo a ser derrubado” pelos parlamentares. Ele também usou as redes sociais para comentar o caso. Pacheco afirmou que o Congresso está pronto para contribuir com o governo “nas soluções de cunho fiscal”, já que este foi o motivo alegado por Bolsonaro para vetar a proposta. “Considero desde já que esse veto é candidatíssimo a ser derrubado”, disse, lembrando que, quando o projeto chegou à Casa, foi pautado com rapidez. “São impressionantes as histórias de proteção com papel de jornal e miolo de pão por adolescentes e mulheres”, escreveu.
A deputada Marília Arraes (PT-PE), autora do projeto, afirmou que a decisão foi “uma disputa política” e que o texto enviado ao chefe do Executivo previa claramente as fontes de recursos para bancar a iniciativa, como o SUS e Fundo Penitenciário (Funpen). A estimativa de financiamento do projeto de R$ 84 milhões por ano é o suficiente, de acordo com ela, para atender cerca de 6 milhões de meninas e mulheres.