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domingo, 28 abril, 2024

Festa da Penha é patrimônio cultural dos capixabas

Além do seu significado religioso, a Festa da Penha é uma das mais importantes festas para o movimento turístico capixaba, crescendo a cada ano

Por Manoel Goes Neto

Maior evento religioso do estado, a Festa da Penha na sua 453ª edição desse ano acontecerá no período de 09 a 17 de abril, com o tema “Com Maria, Chamados a Servir”, tendo na sua identidade visual símbolos capixabas, com destaque para o colibri, frutos do café e cacau, como também a imagem de fiéis em romaria. A Festa acaba de conquistar um importante reconhecimento através da Lei Nº 11.721, sancionada pelo governador Renato Casagrande, em 21 de dezembro de 2022, que declara a Festa da Penha patrimônio cultural do Estado do Espirito Santo.

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Além do significado religioso que tem para o Estado, é uma das mais importantes festas para o movimento turístico capixaba, crescendo a cada ano, devido a data ser feriado estadual. É a terceira maior festividade mariana do Brasil, e neste ano os organizadores acreditam na participação de mais de 1,5 milhão de fiéis. A Festa da Penha em Vila Velha, é um patrimônio histórico-cultural imaterial de grande relevância nos quase 500 anos de história do município canela-verde, e dos capixabas.

O crescimento da população e o incentivo das igrejas contribuíram para o sucesso da Festa da Penha nestes 453 anos ininterruptos. Fiéis de vários pontos do estado chegam para as festividades, além das caravanas: dezenas de ônibus saem de cidades do interior do estado em direção a Vila Velha, lotados de católicos que desejam participar do evento, que voltou a ser feriado estadual. Segundo alguns historiadores o Convento propriamente dito, foi fundado em 1651 praticamente 80 anos depois da morte do irmão leigo franciscano Pedro Palácios, que havia chegado em Vila Velha nos anos 1558, e construiu no alto da Penha um oratório (ermida), onde colocou a estampa de Nossa Senhora das Alegrias, e escultura em madeira de Nossa Senhora da Penha, que mandara vir de Portugal. A festa teve um início muito simples em 1571 com pequenos grupos de fiéis organizando e realizando as missas em homenagem a Nossa Senhora.

A primeira romaria organizada foi a dos Homens, que começou em 1958. Nessa época, os romeiros seguiam desde a Catedral Metropolitana de Vitória até o Campinho do Convento, um percurso exclusivo masculino. Com o aumento da quantidade de devotos da Santa outras romarias surgiram, como a dos Militares, dos Ciclistas, dos Conguistas, dos Cavaleiros, dos Motociclistas, dos Portadores de Necessidades Especiais, dentre outras. A última foi a das Mulheres, que começou em 1995, com a permissão para mulheres participarem das romarias. O final do percurso das romarias é sempre no Parque da Prainha de Vila Velha, hoje o Campinho no alto da Penha não comporta mais a quantidade de fiéis.

No final do século XVI a então governadora da Capitania do Estado do Espírito Santo, Dona Luísa Grinalda (ou Grimaldi), fez a doação do Outeiro da Ermida das Palmeiras (Monte da Penha) para os religiosos, através de Título Colonial de Doação. Importante lembrar que não foi frei Pedro Palácios que construiu o Convento, mesmo porque não tinha atribuição para decidir por essa fundação, e aqui estava sozinho, tendo chegado já um ancião para a época, com cerca de 58 anos de idade.

A obra do Convento contou com trabalho de devotos, de indígenas e de escravos africanos, existindo lá inclusive uma senzala que chegou a ter 60 serviçais, que atuavam também na manutenção. Foi a partir de 1639 que o então Guardião do Convento da Penha Frei Paulo de Santo Antônio, transformou a então ermida em altar-mor e começou a construir a igreja que, com o passar dos anos foi se ampliando com a construção do Convento, e em 1750 tomou a forma arquitetônica de Cidadela Medieval, única construção desse tipo no Brasil.

Manoel Goes Neto é subsecretário de Cultura de Vila Velha, escritor, gestor cultural e diretor no IHGES.

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