Em entrevista, especialista fala sobre a síndrome, os sintomas que os pais podem perceber caso os filhos estejam com a doença e os tratamentos
Por Kebim Tamanini
No Espírito Santo foram notificados 2.869 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), e 185 óbitos, de janeiro a agosto de 2023. Em relação ao perfil dos pacientes, há predomínio em pessoas menores de 4 anos e maiores de 60 anos. A Secretaria da Saúde (Sesa) informa que o caso é notificado somente quando a gripe causada pelo vírus da Influenza provoca a SRAG no paciente.
A grande maioria dos casos, a SRAG provoca coceira no nariz ou irritação na garganta, seguidos por espirros, congestão nasal e febre baixa. São raros os pacientes que evoluem com complicações mais graves. No Espírito Santo a alta é observada nas faixas etárias de dois a quatro anos.
Por este motivo, o portal ES BRASIL entrevistou o pneumologista da Unimed Sul Capixaba, Leandro Baptista, para falar sobre a síndrome, os sintomas que os pais podem perceber caso os filhos estejam com a doença e os tratamentos.
Quais vírus podem levar a uma SRAG?
Dr. Leandro Baptista: Vários vírus respiratórios podem levar a uma Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), incluindo os vírus da Influenza do tipo A e B, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), o SARS-CoV-2 (que causa a COVID-19), além de bactérias, fungos e outros agentes. Esses vírus podem causar infecções graves nas vias respiratórias, levando ao comprometimento da função pulmonar e, em alguns casos, à necessidade de hospitalização.
Quais os sintomas que os pais podem perceber que os filhos estejam com SRAG?
Dr. Leandro Baptista: Os sintomas da SRAG podem ser semelhantes aos de uma gripe ou resfriado, mas mais intensos. As crianças podem apresentar febre alta, tosse persistente, dificuldade respiratória, chiado no peito, cansaço extremo, prostração, irritabilidade e até mesmo cianose (coloração azulada na pele e nas mucosas devido à falta de oxigênio). Caso os pais observem esses sintomas de forma intensa e duradoura, é importante procurar atendimento médico imediatamente.
Qual a diferença entre resfriado (causado por rinovírus) e gripe (causada pelo vírus Influenza)?
Dr. Leandro Baptista: O resfriado, geralmente causado pelo rinovírus, é uma infecção viral leve que afeta principalmente o nariz e a garganta. Os sintomas incluem espirros, coriza, dor de garganta e mal-estar leve. Já a gripe, causada pelo vírus Influenza, é uma infecção mais grave que pode afetar todo o sistema respiratório. Além dos sintomas semelhantes aos do resfriado, a gripe causa febre alta, dores musculares e dor de cabeça intensa.
Existem cuidados que os pais precisam ter?
Dr. Leandro Baptista: Sim, os pais devem estar atentos aos sintomas mencionados anteriormente e procurar atendimento médico se a criança apresentar dificuldade respiratória, febre alta e sintomas graves. Além disso, é importante manter a higiene pessoal e das mãos, evitar contato próximo com pessoas doentes, promover a ventilação adequada dos ambientes e estimular a vacinação contra a gripe e outras doenças respiratórias. No caso de crianças que já apresentam sintomas, evitar exposição a outras crianças, como em creche, escola, parquinhos ou festas infantis, para evitar a disseminação do vírus.
Caso a criança esteja com SRAG, o que fazer?
Dr. Leandro Baptista: O ideal é estar em contato com o pediatra ou pneumologista que acompanha a criança para uma avaliação ou teleconsulta antes de se dirigir ao Pronto Atendimento, para evitar superlotações e disseminação de vírus. Se houver suspeita de que a criança esteja com Síndrome Respiratória Aguda Grave, é essencial procurar atendimento médico imediatamente. A SRAG pode ser uma condição grave, especialmente em crianças, e o diagnóstico precoce e tratamento adequado são fundamentais. O médico avaliará a condição da criança, realizará exames necessários para confirmar o diagnóstico e, se necessário, poderá encaminhar a criança para internação hospitalar.
Recomendações para prevenir a SRAG nas crianças:
Dr. Leandro Baptista: O primeiro ponto é manter as vacinas atualizadas, incluindo a vacina contra a gripe, elas desempenham um papel essencial na redução do risco de complicações respiratórias. Além disso, outros pontos são: incentivar a constante higiene das mãos, com água e sabão, especialmente após o contato com áreas compartilhadas ou pessoas doentes; evitar locais com aglomerações durante períodos de surtos de infecções respiratórias; manter os ambientes bem ventilados; e manter a frequência de consultas recomendadas pelo pediatra, com a utilização correta de medicamentos receitados para uso preventivo.
Como é feito o tratamento dos casos graves de SRAG:
Dr. Leandro Baptista: Pode variar de criança para criança, dependendo do quadro individual. Pode haver necessidade de internação hospitalar, para um suporte respiratório para facilitar a oxigenação adequada. Dependendo do agente causador da SRAG, podem ser prescritos medicamentos antivirais, antibióticos (se houver suspeita de infecção bacteriana secundária) e outros medicamentos para controlar os sintomas e tratar a causa. No caso de internação, haverá uma monitorização para avaliar a evolução da doença, a função respiratória, os níveis de oxigênio no sangue e outros sinais. Manter a hidratação e a nutrição adequadas também é fundamental para auxiliar na recuperação. Além disso, pode ser indicado fazer fisioterapia respiratória.
