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sábado, 27 abril, 2024

Espírito Santo pode voltar à rota de cruzeiros

Estudo da USP liberou parada de cruzeiros marítimos no litoral capixaba. Confira os impactos no turismo e na economia local 

Por Gustavo Costa

Com belezas naturais que encantam moradores e visitantes, o Espírito Santo pode estar perto de ganhar um grande aliado no que se refere ao turismo local. Acaba de sair o resultado de um estudo feito em parceria do governo do Estado, por meio da Secretaria de Turismo (Setur), junto à Universidade de São Paulo (USP) que indica a viabilidade da parada de cruzeiros no litoral capixaba a partir de 2025.

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As simulações foram realizadas em formato 3D e representam ambientes costeiros e portuários de Vitória. O levantamento da USP contou com análises de riscos da operação, apontando eventuais problemas e como resolvê-los para garantir que as paradas dos navios.

O estudo começou a ser feito em outubro do ano passado e contou com algumas fases. Em uma delas, os técnicos da USP vieram ao Estado entender a característica geográfica capixaba. “Esses especialistas vieram estudar a condição climática e a própria geografia, analisando se algo poderia atrapalhar a condição. E a partir daí foram feitos diversos testes. Essas simulações ocorreram nos laboratórios da USP, da Engenharia Naval, em simuladores que são referências do Brasil e no mundo. Fizeram estudos muito parecidos para outras cidades, para outras cidades como Búzios e a região de Ilha Bela”, disse o secretário de Estado do Turismo, Philipe Lemos, à ES Brasil.

Próximos passos

De acordo com o secretário, ainda serão realizados três novos levantamentos. São eles a batimetria, o fundeio e a sinalização. “Batimetria servirá para a gente entender exatamente qual o caminho que o navio vai passar e a profundidade nesses locais. O fundeio tem relação com o local exato onde o navio vai parar para que ele é, digamos assim, ancorado. É um tema antigo já que não se usa mais a âncora, e sim um equipamento que precisa ter uma profundidade específica. E o terceiro estudo é o de sinalização. Já temos a sinalização para navios cargueiros, e agora tem a questão dos navios de passageiros”, falou Lemos.

O secretário lembra que os diretores da MSC e da Costa, duas companhias de cruzeiro mais conhecidas com roteiros pela costa brasileira, estiveram presentes na reunião em da Setur com os técnicos da USP. “Eu conversei muito com eles, eles estão extremamente empolgados. Os navios atualmente já passam pela nossa costa, a caminho do Nordeste. Mas falta uma parada. Então agora eles poderão incluir o Espírito Santo como uma rota de parada.

Espírito Santo pode voltar à rota de cruzeiros
Cruzeiro: turistas e oportunidades para o Espírito Santo. Foto: Setur.

A Setur também deverá se reunir em breve com a prefeitura de Vitória, para alinhar ações que rendam ainda mais frutos para os capixabas com chegada dos turistas. “Temos que trazer a prefeitura para a conversa, afinal o desembarque vai ocorrer em Vitória. Além dos três estudos, a gente precisa entender também qual é o ponto que os turistas vão desembarcar. Se será na Ilha do Boi ou se vai ser na Praça do Papa. Tudo, claro, com a anuência da Capitania dos Portos. Vamos sentar para conversar com a prefeitura e apresentar os resultados que já temos desse estudo e chamá-los para conversa, que vejo como fundamental”, explicou o secretário.

Impactos na economia capixaba com a volta dos cruzeiros

Para falar o que representa para o Espírito Santo a volta dos navios chegando com milhares de turistas, o secretário de Turismo pegou como exemplo Búzios, no Rio de Janeiro. “É um local muito menor, com um atrativo, a Rua das Pedras e claro, algumas praias belíssimas. No período de cruzeiros, que vai de novembro a fevereiro, eles conseguem receber no mínimo um navio por semana. A gente quer repetir aqui no mínimo isso, já que entendemos que contamos com muito mais estrutura, somos mais atrativos”, falou.

A projeção é que receber de 8 a 10 mil turistas por mês com os navios fazendo uma parada no Estado. Considerando um ticket médio na casa dos R$ 500 reais, isso pode representar um incremento na economia de R$ 16 a R$ 20 milhões na economia do Estado. “Ou seja, é um volume importante, para a arrecadação, movimentando restaurantes, bares, sistema de transportes”, frisou Lemos.

Outros municípios também podem se beneficiar

Apesar de Vitória ser a primeira que vem á mente no que se refere a ser impactada pela chegada dos navios em sua costa, outros municípios também podem aproveitar esse movimento.

Espírito Santo pode voltar à rota de cruzeiros
Capixaba se encanta com o navio passando por Vitória. Foto: Setur.

Além da capital e de Vila Velha, pela proximidade, a Setur também aponta a Serra deve sair na frente e ter a sua economia movimentada. Mas não para por aí. “Acho se a gente começar desde já a trabalhar com receptivo, a trabalhar com capacitações, conseguiremos trazer também Guarapari para essa conversa. E a região de Montanhas, como Domingos Martins. São lugares relativamente perto de Vitória, e que com 45, 50 minutos, com uma condição boa de trânsito, você chega. Vamos lembrar que os turistas que pisam em solo capixaba podem ter aí uma janela de 8 a 10 horas e isso é mais que suficiente para passear por vários dos nossos pontos turísticos na Grane Vitória”, apontou Lemos.

Para ter toda a estrutura preparada, o secretário observou que é preciso haver uma grande parceria com a iniciativa privada. “E o setor empresarial já se mostra muito favorável. A Fecomércio, o Sebrae, estão nessa conversa. De ajudar a gente nessa construção, de trazer todo mundo para criar esse ambiente e receber bem esse turismo”, destacou.

A vez do Turismo

De acordo com dados do Instituto Jones dos Santos Neves, o turismo representou em 2023 7% do PIB capixaba que foi de R$ 222,9 bilhões. “Isso significa mais de R$ 15 bilhões na arrecadação com serviços ligados direta ou indiretamente ao setor. São 180 mil pessoas trabalhando direta e indiretamente com turismo”, falou Philipe Lemos.

E com a chegada dos cruzeiros, a tendência é que esses números aumentem ainda mais. “A possibilidade de sairmos vai sair de 7% pra 8% ou 9% do PIB,. E também essas 180 mil pessoas podem pular para 200 mil. Vamos pensar que um navio que chega com 3 mil turistas. São mais de 20 ônibus para fazer o transporte. E toda essa gente vai precisa comer também. E várias outras coisas que as pessoas gostam de fazer. Tudo isso gera oportunidade de emprego, de renda, para o nosso povo”, finalizou ele.

Como saldo geral, o governo quer os cruzeiros e mobiliza aliados em diversas esferas para que isso vire realidade. Os mais de mil quilômetros de costa são ferramentas valiosas demais e chegou a hora de usá-las. Os capixabas, de forma geral, agradecem.

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