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sexta-feira, 17 maio, 2024

Especialistas apontam um novo perfil de extremistas

Especialistas apontam que novo perfil dos extremistas é composto por uma “sobreposição de ideologias”

Por Rafael Goulart

“Buffet de saladas” é um termo coloquial utilizado por especialistas – em radicalização online e violência na internet – para resumir a “sobreposição de ideologias”, que é o perfil da radicalização hoje.

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Desde março de 2022, a violência extrema perpetrada em forma de ataques terroristas está em curva ascendente no Brasil. Dos 23 ataques registrados nas últimas duas décadas, mais da metade aconteceu a partir do ano passado (2022).

O crescimento não é um acaso, mas resultado da evolução de métodos de radicalização. Pela internet, pré-adolescentes e adolescentes são os principais alvos de propagandas, muitas em forma de “memes”, que pregam misoginia e soluções bélicas e violentas como forma de “melhorar o mundo”.

Na internet, jovens encontram uma variedade de ideologias e táticas extremistas, às vezes até antagônicas, e “selecionam” as características de cada uma até chegar no seu prato de “buffet de saladas” com diferentes “marcadores”.

Nesse ambiente virtual, propagandas neonazistas aparecem sobrepostas com a do Estado Islâmico (ISIS) e outras culturas que não conseguem coexistir no mesmo ambiente no mundo real – vale lembrar que o Isis surge em 2014 e provoca, logo em seguida, uma onda de radicalização de adolescentes europeus.

Há suspeita que o responsável pelo último ataque no Brasil, em 19 de junho no Paraná, teve contato com o extremismo do Estado Islâmico, ao mesmo tempo que deixou pegadas em uma subcultura de extrema-direita que utiliza o Twitter e é comum a outros perpetradores brasileiros, incluindo o atirador de Aracruz.

“É importante ressaltar que pode ser que essa radicalização no extremismo violento islâmico não tenha sido com afiliação ideológica comprometida de fato com o islamismo, pois as outras características indicavam o extremismo violento composto com conceitos de outras correntes extremistas também. É como se ele tivesse feito essa sobreposição conforme as correntes extremistas respondiam às suas queixas auto-percebidas”, ponderou Michele Prado, Pesquisadora grupo de pesquisa Monitor do Debate Político no Meio Digital (USP), sobre a suspeita de contato com o ISIS.

A pesquisadora explica que a “sobreposição de ideologias” foi identificada nas pegadas digitais deixadas pelo atirador, que consumiu conteúdos “de conceitos aceleracionistas, subcultura online de violência extrema e glorificação de massacres, misoginia extrema e inspiração no extremismo violento/ terrorismo islâmico”.

Por ética jornalística, a reportagem ES Brasil não divulgará os planos do perpetrador e tão pouco nomear a subcultura que é comum a seus antecessores.

Marcadores

Em atentados como o de Aracruz e de Cambé (PR), os criminosos utilizam “marcadores” como músicas, hashtags, vídeos, personagens e símbolos. A intenção é fazer a propagação desses marcadores e também ser reconhecido pela comunidade pelo “feito”.

A divulgação desses marcadores, incluindo a imagem do assassino, é considerada uma “vitória” pelos grupos que compartilham de um mesmo ideal.

De acordo com ativistas que lutam contra o extremismo online, o perfil do terrorista de Cambé (PR) foi denunciado há dois anos, mas, infelizmente, as devidas providências não foram tomadas a tempo.

Histórico de ataques no Brasil

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Debate

Confira o debate que o portal ES Brasil promoveu este ano sobre o tema, comparticipação do coordenador do curso de pós-graduação em Segurança Pública da Universidade de Vila Velha, doutor em Sociologia pela UFRJ, Marco Aurélio e o professor e antropólogo Tiago Hyra.

 

 

 

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