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quinta-feira, 25 abril, 2024

Eike Batista negocia volta ao Brasil com a PF

O empresário é acusado de pagar US$ 16,5 milhões (cerca de R$ 50 milhões, em valores atualizados) ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB)

A Polícia Federal brasileira fez contato com a Interpol nesta quinta-feira (26), pedindo auxílio à organização para identificar se o empresário Eike Batista se encontra mesmo em território norte-americano desde a manhã de quarta (25). Eike é alvo de um dos nove mandados de prisão preventiva expedidos pela 7ª Vara da Justiça Criminal do Rio por conta da operação Eficiência, segunda fase da operação Calicute – braço da Lava Jato no Rio de Janeiro.

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O advogado de Eike Batista, Fernando Martins, afirmou que o empresário está “surpreso” com o pedido de prisão na Lava Jato e negocia com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal a volta dele ao Brasil. O ex-bilionário está em Nova York, nos Estados Unidos, e “tem interesse em voltar o mais rápido possível”, segundo contou Martins ao G1. O advogado revelou que já conversou com Eike nesta quinta (26). “Ele está surpreso em função de tudo que aconteceu de uma hora para outra, mas não está nervoso, está tranquilo”, contou Martins ao G1. “Vamos combinar como tudo será realizado, mas não posso afirmar se o Eike volta ainda hoje. (…) Não há o que se comparar com Cabral. Eike é uma pessoa privada, um empresário, não tem nenhum envolvimento com dinheiro público”, completou.

Ele é acusado de pagar US$ 16,5 milhões (cerca de R$ 50 milhões, em valores atualizados) ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), preso por conta da Calicute e com mandado de prisão também na operação Eficiência.

Eike Batista negocia volta ao Brasil com a PF

O delegado Tacio Muzzi declarou que a PF fluminense recebeu a informação de que Eike teria viajado para Nova York, supostamente utilizando um passaporte alemão. “Na madrugada de hoje chegou a informação de que ele poderia ter saído para fora do país na data do dia 24 à noite. Levantou-se na primeira hora de hoje a possibilidade de uma reserva da American Airlines no voo 974. A PF está em pleno contato com a Interpol para saber se ele efetivamente chegou a Nova York”, disse

O delegado disse que “não se pode afirmar categoricamente que Eike teve intenção de fugir do país” e que apesar de a PF ainda não trabalhar com a hipótese de vazamento de informação, o que favoreceria a saída do empresário do país, ela pode ser investigada. Ainda segundo Muzzi O delegado informou que o nome de Eike Batista poderá ser incluído na difusão vermelha da Interpol – índex dos mais procurados em todo o mundo.

Como há chance de o empresário se apresentar espontaneamente, segundo conversas do delegado com o advogado de Eike, ele ainda não é considerado foragido. “O advogado dele informou, durante a busca, a disposição de apresentá-lo”, resumiu o delegado.
A Polícia Federal trabalha com a hipótese de que Eike esteja nos Estados Unidos
O empresário não tem curso superior; com isso, o destino dele no sistema carcerário estadual só será definido após a apresentação às autoridades brasileiras.

Os policiais chegaram à casa do empresário, localizada no Jardim Botânico, zona sul, por volta das 6h. Contra ele também está sendo cumprido mandado de busca e apreensão. Entre os alvos de mandado de prisão estão Cabral, seu ex-assessor Carlos Miranda e o ex-secretário de governo Wilson Carlos. Os três já estão presos desde a Operação Calicute, realizada novembro do ano passado.

Segundo o juiz, a prisão dos três foi decretada mais uma vez porque apareceram fatos novos na investigação: “aparentemente estariam em curso condutas ilícitas ainda não apuradas, de lavagem e ocultação de ativos em nome de terceiros, e por isso não consideradas na decisão anterior que determinou as prisões preventivas destes acusados, o que igualmente sugere, também por esse motivo, a necessidade de novo decreto de prisão complementar, que acolho.”

Eike Batista negocia volta ao Brasil com a PF

Hoje foi preso o advogado Flávio Godinho (foto acima), ex-braço direito de Eike e vice-presidente do Flamengo. Assim como o empresário, Godinho também é “investigado por corrupção ativa com o uso de contrato fictício”, segundo o MPF (Ministério Público Federal). O advogado já tinha sido alvo de condução coercitiva na 34ª fase da Operação Lava Jato, em setembro de 2016.

Eike, Godinho e Cabral também são suspeitos de terem cometido atos de obstrução da investigação porque, em uma busca e apreensão em endereço vinculado ao empresário em 2015, foram apreendidos extratos que comprovavam a transferência dos valores ilícitos de uma conta no Panamá para a empresa Arcadia Associados, segundo o MPF. Na transação, teriam sido pagos por Eike e Godinho US$ 16,5 milhões em propina para o ex-governador. “Esse valor foi solicitado por Sérgio Cabral a Eike Batista no ano de 2010 e, para dar aparência de legalidade à operação, foi realizado, em 2011, um contrato de fachada entre a empresa Centennial Asset Mining Fuind Llc, holding de Batista, e a empresa Arcadia Associados, por uma falsa intermediação na compra e venda de uma mina de ouro”, segundo a força-tarefa da Calicute.

O trio teria orientado os donos da Arcadia a manterem perante as autoridades a versão de que o contrato de intermediação seria verdadeiro. Segundo o MPF, a empresa recebeu os valores ilícitos numa conta no Uruguai em nome de terceiros, mas à disposição de Cabral. “De maneira sofisticada e reiterada, Eike Batista utiliza a simulação de negócios jurídicos para o pagamento e posterior ocultação de valores ilícitos, o que comprova a necessidade da sua prisão para a garantia da ordem pública”, dizem, em nota, os procuradores da Calicute.

De acordo com a Procuradoria, “quatro membros da organização” também são alvos de mandado de prisão: Álvaro Novis, Sérgio de Castro Oliveira, Thiago Aragão e Francisco Assis Neto. O doleiro Álvaro Novis, sócio da corretora Hoya, foi mencionado pelos colaboradores como sendo a pessoa responsável por creditar vultosas quantias em dinheiro em espécie na conta do acusado de Sergio Cabral. Ele fez 33 ligações para Carlos Miranda, ex-assessor do ex-governador, entre janeiro e setembro de 2014. Novis teria pago R$ 12,2 milhões, segundo o despacho do juiz Bretas.

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