No Dia Mundial da Água, os debates sobre a preservação desse importante recurso são ainda mais enfáticos
Uma importante fonte de vida do planeta corre o risco de acabar. E não é só no dia 22 de março que devemos levantar discussões acerca da preservação deste recurso hídrico. Cerca de 97,5% de água está concentrada nos oceanos e menos de 3% é água doce, restando uma pequena porcentagem de águas superficiais para as atividades humanas.
Por isso, a Organização das Nações Unidas (ONU), instituiu por meio da resolução A/RES/47/193 de 21 de fevereiro de 1993, determinando que o dia 22 de março seria a data oficial para comemorar e realizar atividades de reflexão sobre o significado da água para a vida na Terra.
No Dia Mundial da Água, escolas, sociedade e outras instituições promovem diversas atividades que auxiliem a conscientizar a população em geral sobre a importância da preservação da água.
O cuidado com a água, contudo, vai muito além da data, envolvendo políticas públicas e privadas e conscientização ambiental da sociedade. Segundo pesquisa publicada em 2018 na revista científica Nature Climate Change e conduzida por membros do Centro de Pesquisa Ambiental de Helmholtz (UFZ), além de cientistas dos Estados Unidos, Holanda e Reino Unido, se a Terra se aquecer em três graus celsius, os eventos extremos, como secas e inundações, poderão se tornar comuns no futuro.
Resistência à seca no Brasil
No Brasil, a preservação da água também é uma preocupação de pesquisadores e outras entidades. Algumas instituições já apresentam resultados promissores, a exemplo do Instituto Agronômico (IAC), que identificou uma série de genes que podem ser usados no desenvolvimento de plantas transgênicas com resistência à seca. Já há resultados com canas-de-açúcar.

Outro bom exemplo de aplicação desta tecnologia vem da Embrapa. Pesquisa realizada em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) identificou um gene do café que confere resistência à seca. Em uma planta modelo, os resultados foram animadores. O próximo passo é inserir e testar esse gene em plantas de interesse agronômico como soja, milho, trigo, cana-de-açúcar, arroz e algodão.
Na Embrapa Soja, em colaboração com o Japan International Research Center for Agricultural Sciences (JIRCAS), os esforços resultaram em uma soja geneticamente modificada com resistência à seca. Testes de campo apontam que a produtividade da soja transgênica aumentou cerca de 13% quando comparada a uma variedade não modificada. Apesar disso, ainda são necessários mais testes para a planta chegar ao mercado.
Despoluição de solos e águas
A biotecnologia pode ajudar na recuperação de solos e águas contaminadas por meio dos processos de fitorremediação, que usa plantas para absorver poluentes, e biorremediação, que utiliza microrganismos para transformá-los em substâncias menos tóxicas.

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) já pesquisa essa possibilidade há uma década, e o professor da instituição e membro do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) Marcelo Gravina afirma, inclusive, que variedades transgênicas de plantas poderiam ser desenvolvidas a fim de ajudar na retirada de rejeitos do ecossistema de Brumadinho, após a tragédia do rompimento da barragem do Córrego da Mina do Feijão, em janeiro de 2019.
Empresas atuam na preservação
Em janeiro de 2017, o Shopping Vitória instalou em sua cobertura um sistema de captação de água de chuvas. Por meio desse mecanismo, é possível armazenar, diariamente, 30 mil litros em dois tanques da Fortlev, marca capixaba especializada em reservatórios de água e com grande participação no ramo de tubos e conexões em PVC.
A água coletada passa por um filtro de partículas que retém a sujeira. Depois ela é bombeada para alimentar o reservatório do trator de irrigação de toda a área verde, localizada na parte externa do centro comercial. Com essa prática, economizam-se, por ano, 4,68 milhões de litros de água.

O aproveitamento dessa água não potável, considerada imprópria para o consumo, é possível também em prédios e residências. A engenheira Thalita Legora, especialista em Sustentabilidade, idealizou um projeto no edifício Santorini, onde mora na Praia do Canto, para armazenar água de chuva e, também, de nascente, visto que o prédio está localizado em uma área de aterro.
Para o diretor Comercial e de Marketing da Fortlev, Wenzel Rego, as iniciativas comprovam que a captação e o aproveitamento da água da chuva para atividades cotidianas são muito bem-vindos. “Ainda precisamos nos conscientizar mais sobre a importância de aproveitar a água da chuva. Essa medida precisa fazer parte da cultura e das normas construtivas brasileiras. Já existem soluções inteligentes para esse armazenamento e aproveitamento”, destacou.
A Lorenge criou soluções para a redução do consumo durante a construção e na fase de operação dos empreendimentos. O reuso da água é uma constante. A construtora é líder no setor da construção civil no ES e conquistou importantes certificações como a certificação Leed Gold, em 2014, e também o selo Aqua, em 2015. Dois importantes marcos em termos de sustentabilidade e ecoeficiência em seus empreendimentos.
Estado e municípios também realizam ações
A Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) também atua na preservação, por meio do Projeto Nascentes, realizado na região de Domingos Martins e Santa Maria de Jetibá. A iniciativa já recuperou mais de 74 mil m² de área degradada, resultando na revitalização de nascentes e áreas de recarga das cabeceiras dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória.
O Instituto Terra, por meio do projeto Olhos D’água, também recupera nascentes na Bacia do Rio Doce. Esse é um exemplo de como é possível disseminar a consciência ambiental para criar uma dinâmica sustentável.
A Câmara Municipal de Vitória implantou um sistema de captação de água dos drenos dos aparelhos de ar-condicionado. Em dois dias, o sistema captou cerca de 250 litros, o que equivale a aproximadamente 3 mil litros de água captados no mês. A água será usada para a limpeza da casa, gerando economia de recursos naturais e financeiros.
A captação é feita por meio de uma tubulação inserida no dreno de cada aparelho que encaminha a água para uma caixa d’água exclusiva instalada no prédio Atílio Vivácqua.
“Esta é mais uma medida que estamos tomando para tornar o edifício da Câmara de Vitória mais sustentável e inteligente, promovendo aos usuários conforto, segurança e sobretudo economia”, afirmou o presidente da Casa, vereador Vinicius Simões (PPS).
Cachoeiro de Itapemirim foi um dos primeiros municípios do Brasil a recorrer à iniciativa privada para a execução dos serviços de saneamento por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), cuja concessão é atualmente operada pela BRK Ambiental.
“Apenas 30,4% dos municípios brasileiros possuem um plano de saneamento básico elaborado. Ao mesmo tempo, a cada 100 crianças que são internadas no Brasil, 60 ficam doentes por beberem água suja, segundo a Fundação Nacional da Saúde (Funasa), o que demonstra o tamanho do desafio do saneamento básico no País”, ressaltou o diretor da BRK Ambiental em Cachoeiro de Itapemirim, Bruno Ravaglia.
Desde o início da concessão, foram alcançados resultados expressivos no saneamento básico do município. As perdas físicas com vazamentos, que eram de 56% em 1997, foram reduzidas para 13,51%, o que coloca a cidade entre os melhores índices do Brasil. Hoje, o município possui uma reservação de mais de 20 milhões de litros de água tratada para consumo humano, volume considerável para evitar desabastecimentos em períodos de estiagem.

Uma das formas de garantir a preservação da água é por meio da conscientização da população sobre a importância desse recurso para o desenvolvimento da vida no planeta. A fim de promover ações transformadoras e um futuro sustentável, a BRK Ambiental desenvolve iniciativas que despertam e reforçam o senso de pertencimento ao meio ambiente.
A empresa é parceira da Floresta Nacional de Pacotuba (Flona) no Programa Sementes de Pacotuba, que criou um banco de oferta de sementes florestais de espécies nativas visando à recuperação de áreas degradadas no sul do Estado. Por meio do programa, foram identificadas e marcadas 450 árvores matrizes de diversas espécies.
Em Vila Velha, a prefeitura do município realizará nesta sexta-feira (22), o evento: “Água e Vida: Nós, a Cidade e o Meio Ambiente em Equilíbrio”. A ação, que ocorrerá na Escola de Aprendizes-Marinheiros do Espírito Santo (EAMES), na Prainha, contará com a participação de 800 alunos da Rede Municipal.
“As atividades têm por objetivo, sensibilizar, conscientizar e incentivar a mudança de valores e hábitos na escola, em casa e na comunidade, sobre a importância dos cuidados com a água, um recurso vital para todos”, comentou a coordenadora municipal de Educação Ambiental da Semed, Giselle Soncim.