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sábado, 27 abril, 2024

Como o ‘Novo Normal’ está afetando a saúde de quem trabalha

No topo das causas dos transtornos mentais em trabalhadores está o assédio moral, que ficou 4 vezes maior

Se por um lado a mudança de paradigmas no ambiente corporativo, causada pela pandemia, gerou benefícios no que se refere à economia de tempo com deslocamentos, redução de custos estruturais e maior flexibilidade de horários, por outro, as questões relacionadas à saúde mental de trabalhadores permanecem um desafio e merecem ainda mais atenção nesse contexto de ‘novo normal’.

Conforme dados da Previdência Social, os transtornos mentais e comportamentais foram a terceira maior causa de afastamento do trabalho, entre 2007 e 2020, período em que foram registradas 2,7 milhões de licenças médicas. Em 2020, houve um recorde na concessão de auxílio-doença: foram mais de 285 mil, o que corresponde a um crescimento de 33,8% em relação ao ano anterior.

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Assédio moral no ambiente de trabalho: antes e depois da pandemia

No topo das causas dos transtornos mentais em trabalhadores está o assédio moral, caracterizado principalmente pela exposição de trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas. De acordo com dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ao longo de 2019 e 2020 foram registrados 12.349 processos de assédio sexual e 12.529 de assédio moral. Já em 2021, foram computados 3.049 e 52.936 casos, respectivamente.

De acordo com a Auditora-Fiscal do Trabalho e Doutora em Direito, Luciana Baruki, um dos possíveis fatores que contribuem para esse aumento é a falta de limites da gestão em relação a uma suposta alta disponibilidade do colaborador. ‘Com a ausência de limites físicos bem delimitados as pessoas passaram a não conseguir identificar com clareza o que é aceitável ou não nas relações de trabalho’, aponta a especialista.

Horários de trabalho que vão muito além do contratado, e-mails, ligações e até reuniões após o expediente se tornaram comuns e vistas como normais. Porém, esse excesso de disponibilidade e conexão deteriora as relações de trabalho, bem como a saúde de quem trabalha e passa a sofrer com transtornos mentais. ‘Algumas práticas, ainda que usuais ou aparentemente inofensivas, acabam de alguma forma prejudicando o clima organizacional e trazendo prejuízos para o indivíduo’, reforça.

Riscos psicossociais e o meio ambiente do trabalho digital

Autora do livro Riscos Psicossociais e Saúde Mental do Trabalhador, a Dra. Luciana Baruki é especialista no tema e alerta ainda para o impacto negativo da falta de contato presencial até para quem prefere trabalhar de forma remota. ‘O reconhecimento do trabalho se torna mais difícil nesse ‘novo normal’, exatamente porque a apreciação de um trabalho bem-feito é também percebida em gestos e expressões’, comenta a Dra. Luciana.

‘O ambiente digital torna o trabalho mais rígido e com menos espaço para a criatividade dos processos colaborativos’, complementa.

A especialista também destaca que esse panorama gera insegurança no trabalho, o que pode resultar em: Síndrome de Burnout, depressão, transtorno do pânico, transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) e transtorno de ansiedade generalizada (TAG).

Com informações de Agência Estado

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