Brasil está fora do ranking de maiores portos do mundo

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Porto de Santos movimentou 4,98 milhões de TEUs em 2022 e é o 40º da lista de maiores. Foto: site do Porto de Santos.

Único brasileiro de uma lista de 100, o Porto de Santos aparece apenas na 40ª colocação. Chineses possuem 7 dos 10 mais movimentados

Por Gustavo Costa

O Porto de Santos é o único representante brasileiro da lista feita pela Cem Portos 2023, uma classificação do jornal britânico Lloyd’s List com os portos mais movimentados do mundo.

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Para se chegar ao resultado do ranking, é analisado o volume total de contêineres – ou Unidade equivalente a 20 Pés, tradução de Twenty-foot Equivalent Unit, ou simplesmente TEUs – que foram movimentados nos portos em 2022. Entre os 100 listados, o Porto de Santos, ficou na 40ª colocação, tendo movimentado 4,98 milhões de TEUs em 2022, um crescimento de 3,2% na comparação com o ano anterior.

Autênticos mestres dos mares, os chineses dominam o cenário de portos internacionais e o Top 10. Nada menos que 7 dos 10 mais movimentados do mundo estão no país asiático. Com 47,3 milhões de TEUs movimentados em 2022, o Porto de Shanghai, foi mais uma vez líder do ranking, repetindo o resultado dos 12 anos anteriores. Fecham o pódio o Porto de Singapura, com 37,3 milhões de TEUs movimentados; e Ningbo-Zhoushan, outro porto chinês, com 33,35 milhões de TEUs movimentados naquele ano.

Para o economista e membro do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES) Ricardo Paixão, o resultado avassalador dos chineses é explicado pela logística bem estruturada, que leva a um custo reduzido e a mais competitividade internacional. “E como é uma das grandes importadoras também de matéria-prima e outros elementos, a China precisa estar preparada para receber esses produtos. Temos que olhar para a China como exemplo. Temos poucos portos, que operam com custos muito elevados e a gente perde grande parte da competitividade”, frisou.

Paixão lembra ainda de outro gargalo quando se fala de portos no Brasil: a dificuldade de escoar a produção. “Nossa matriz de transporte, muito por rodovias, tem um custo muito elevado, desperdício enorme. Quando a gente transporta, por exemplo, soja do Centro-Oeste para o Sudeste para poder escoar nos portos de Santos ou do Rio de Janeiro”, alertou.

Aprender para crescer

No ponto de vista do economista, o que fica após a divulgação de um levantamento como esse é uma lição para o governo brasileiro. “Estamos aí na posição de número 40, precisamos ter uma meta para reduzir isso. Estabelecer prazos para um grande programa de reestruturação logística, para que a gente possa sair dessa posição e realmente avançar, chegando pelo menos no top 10. Não pode ser uma ação isolada, mas sim algo coordenado”, falou ele.

Segundo Paixão, é preciso repensar a cadeia logística. “É algo que envolve transporte e também a reestruturação de portos de águas profundas para que a gente não tenha navios parados dias esperando pelo momento certo para poder escoar a produção. Precisamos de mais agilidade. Isso representa custo, e custo hoje em dia reflete diretamente no preço final do produto, que vai afetar toda a sociedade, todos os consumidores”, finalizou.

Portos mais movimentados do mundo:

1° – Porto de Xangai, China
2° – Porto de Singapura, Singapura
3º – Porto de Ningbo-Zhoushan, China
4º – Porto de Shenzhen, China
5º – Porto de Guangzhou, China
6º – Porto de Qingdao, China
7º – Porto de Busan, Coreia do Sul
8º – Porto de Tianjin, China
9º – Porto de Hong Kong, China
10º- Porto de Roterdã, Holanda

40º – Porto de Santos, Brasil