Banco Central corta taxa Selic para 12,75% ao ano

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (20) reduzir a taxa básica de juros. Foto: Copom

Nova queda de 0,5 ponto percentual é a segunda no semestre

Por Anderson Neto

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (20) reduzir a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, de 13,25% para 12,75% ao ano. O corte de 0,5 ponto percentual é o segundo seguido. A série de queda, após três anos de alta, começou em agosto deste ano.

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A taxa é uma espécie de referência para a economia nacional. Sua redução tende a baratear empréstimos e financiamentos, estimulando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), com geração de empregos e renda.

A Selic também é usada para a correção monetária da dívida pública do País. Esse corte deve gerar uma economia de R$ 22 bilhões no pagamento dessa dívida, segundo o BC. O valor é equivalente ao dobro do orçamento deste ano do programa Minha Casa Minha Vida.

O mercado projeta crescimento maior, principalmente após a divulgação de que o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas) cresceu 0,9% no segundo trimestre. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 2,89% do PIB em 2023.

Situação fiscal

No último dia 31, antes da redução da Selic, o BC divulgou seu relatório mais atual sobre a situação fiscal do setor público brasileiro. Segundo o documento, o setor público – Governo Federal, regionais e estatais – gastaram, só em julho, R$ 46,1 bilhões para pagar os juros da dívida pública.

“Você fica fazendo economia de R$ 1 bilhão, de meio bilhão, e acaba gastando quase R$ 200 bilhões a mais, em razão de ter uma taxa Selic nessa altura”, reclamou o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), em junho, quando o Governo já fazia campanha pela redução da taxa de juros.

Orçamento comprometido

Em 2022, os gastos do governo federal com o pagamento de juros e amortizações da dívida pública somaram R$ 1,879 trilhão, de acordo com a organização Auditoria Cidadã da Dívida (ACD). Isso consumiu 46,3% do Orçamento Federal.

Apesar disso, em 2022, a dívida pública federal aumentou R$ 464 bilhões. Subiu de R$ 7,643 trilhões para R$ 8,107 trilhões, segundo o Tesouro Nacional. O crescimento, segundo a ACD, teve a ver com a alta da Selic durante o ano passado.

O índice fechou o ano passado acima do teto da meta de inflação. Para 2023, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.