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sábado, 27 abril, 2024

Alerta vermelho contra o mosquito Aedes aegypti

Mal o verão chegou e os casos de dengue aumentaram no Espírito Santo.

E dessa vez, além do “pacote tradicional de epidemias”, incluindo dengue, zika e chikungunya, o capixaba ganhou uma preocupação extra. A febre amarela, que vem causando muitos danos à população de Minas Gerais, já tinha, até 31 de janeiro, no Espírito Santo, 45 notificações de casos suspeitos, três mortes confirmadas e mais uma sob investigação.  

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No dia 16 de janeiro, a Secretaria de Estado Saúde (Sesa) anunciou que investigava dois casos suspeitos em São Roque do Canaã e Conceição do Castelo, municípios próximos a Minas, onde as mortes em decorrência da doença cresceram 23,6%, entre a segunda e a terceira semana de janeiro. Até o dia 23, havia 391 notificações, das quais 58 tiveram confirmação, e 47 óbitos, em 14 municípios mineiros.  

No Espírito Santo, após a morte de 80 macacos, a Sesa solicitou ao Ministério da Saúde inicialmente 350 mil doses da vacina contra febre amarela, como medida preventiva e começou a imunizar os moradores dos municípios que fazem divisa com Minas Gerais. Mas até o dia 26 de janeiro, já tinham sido demandadas 2 milhões de doses; um milhão havia chegado ao Estado e sido distribuído a 37 municípios em quadro de atenção. Mas as próximas seguirão para outras 23 cidades. “Essa estratégia de vacinação visa à proteção de todos. Não precisamos vacinar todo mundo, de leste a oeste e de norte a sul do Estado.

Vamos fazer uma vacinação de bloqueio”, argumentou o secretário de Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira. O médico infectologista Lauro Ferreira alertou que a vacina não deve ser administrada de forma indiscriminada. “Esta não é uma vacina inofensiva, tem contraindicações. Vacinar inadvertidamente pode trazer risco para algumas pessoas, além de afetar o fluxo da vacina para quem precisa. O Ministério da Saúde já enfrentou situações como esta anteriormente, porque isto é cíclico no Brasil. Basta ler notícias de anos anteriores que vão encontrar relatos de casos em alguns estados. E a ação é esta: fazer bloqueio na região onde tem caso confirmado”, detalhou.

Atualmente, o Brasil tem registros apenas de febre amarela silvestre. Os últimos casos do tipo urbana (transmitida pelo Aedes aegypti) foram registrados em 1942, no Acre. “Todas as nossas ações visam a proteger a população capixaba. Estou apelando para o bom senso das pessoas. Sempre procurou os postos de vacinação quem precisava viajar para áreas de risco, e a orientação continua sendo essa. Os macacos não são os transmissores da doença. A febre amarela é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite dengue, zika e chikungunya. A população pode e deve continuar contribuindo com as ações de combate ao mosquito”, frisou Ricardo de Oliveira.

Dengue
Enquanto até a véspera do Natal, a Sesa vinha registrando, no máximo, 70 casos de dengue por semana, entre os dias 25 e 31 de dezembro as ocorrências aumentaram em até 186%, sendo registrados 200 casos. No início deste ano, foram notificados 942 casos de dengue, entre 1º e 21 de janeiro de 2017, no Espírito Santo. Destes, 11 são graves e dois são óbitos sob investigação.   

Um número preocupante, segundo a gerente de Vigilância em Saúde da Sesa, Gilsa Rodrigues. “São números assustadores; mais que dobraram as ocorrências. Ainda devemos considerar o número de pessoas que permanecem doentes em casa, porque ficam desanimadas com a espera nos posto, o que ocorre com esse crescimento da demanda. E se considerarmos um aumento de incidências nesse ritmo, como chegaremos em março?”,  questiona a especialista. Alerta vermelho contra o mosquito Aedes aegypti
Há outro dado que tem preocupado bastante as autoridades: nos últimos três anos, o percentual de criadouros encontrados dentro das residências aumentou de 65% para 80%. Isso significa que, ao invés de a população estar cada vez mais atenta à gravidade do problema, os dados apontam que tem se descuidado das ações necessárias. Uma realidade que pode, sim, gerar problemas ainda mais graves que os observados em 2016, quando foram registados mais de 52 mil casos de dengue, sendo 702 da forma grave (dengue hemorrágica), com 22 mortes confirmadas, além dos 4.102 casos de contaminação por zika vírus. No ano passado, foi preciso envolver o Exército nos mutirões de limpeza por todo o país.

Para vencer o mosquito Aedes aegypti, é preciso que governos e população continuem juntos e ataquem por todos os lados, sem deixar que a vigilância enfraqueça. “É fundamental que cada um de nós assuma que esse é um problema de todos. Então, vamos arregaçar as mangas e fazer uma vez por semana, rigorosamente, a vistoria em nosso espaço de viver, de trabalhar. Não temos a pretensão de erradicar o mosquito, mas temos a necessidade de controlá-lo”, destaca a gerente da Sesa.

Alerta para Chikungunya
Os casos de dengue e zika no Brasil devem se manter estáveis este ano em relação ao ano passado, enquanto as infecções por chikungunya devem aumentar ainda mais. Dados do Ministério da Saúde revelam que, em 2016, foram registrados 1,4 milhão de casos de dengue contra 1,6 milhão no ano anterior, além de 211 mil casos prováveis de infecção por zika (não há comparativo com o ano anterior porque os dados só começaram a ser coletados em outubro de 2015). Em relação à febre chikungunya, os registros apontam para 263 mil casos em 2016 contra 36 mil no ano anterior – um aumento de cerca de 620%. “O mosquito pica alguém, recebe o vírus e passa para outra pessoa. Como cresceu o número de pessoas que têm [o vírus], entendemos que haverá uma ampliação [dos casos]”, explicou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.

Alerta vermelho contra o mosquito Aedes aegyptiNo Espírito Santo, em 2016, apesar de não ter sido registrada nenhuma morte em consequência da chikungunya, a Sesa detectou 11 municípios com a presença do vírus. “Considerando a presença do mosquito nos 78 municípios e uma população bastante suscetível, já que ninguém praticamente teve a doença, a gente poderá realmente ter um avanço significativo no número de casos”, explica Gilsa Rodrigues.  

O Ministério da Saúde definiu que devem ser considerados casos suspeitos todos os pacientes que apresentarem febre de começo súbito maior de 38,5ºC, dor articular ou artrite intensa com início agudo e que tenham histórico recente de viagem às áreas nas quais o vírus circula de forma contínua. Os sintomas podem ter início entre dois e dez dias após a picada, sendo que o prazo pode chegar a 12 dias. O vírus pode afetar pessoas de qualquer idade ou sexo, mas os sinais e sintomas tendem a ser mais intensos em crianças e idosos. Além disso, pessoas com doenças crônicas têm mais chance de desenvolver formas graves da doença. 

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