Saúde capixaba ganha apoio de grande investidor Internacional
Há alguns meses escrevi um artigo publicado pela ES BRASIL, intitulado “O novo sempre vem”, onde previa a chegada de investimentos milionários na área de saúde pelas mãos dos denominados “fundos de private equity” e chamava a atenção para as grandes transformações que aconteceriam nas relações de consumo por serviços de saúde nos próximos anos.
No dia 07 de junho, foi divulgado uma operação de aquisição de ações do Grupo Meridional, por parte do H.I.G. Capital, fundo americano que tem sob a sua gestão ativos superiores a 25 bilhões de dólares. Esta operação, certamente, é a primeira realizada no setor hospitalar capixaba e provavelmente será expandida em breves tempos para outras regiões do País. E o que isto tem a ver com a qualidade do atendimento à saúde, com as relações atuais entre os profissionais e as instituições existentes ou com a dinâmica concorrencial? Eu diria que tudo.
Charles Darwin, naturalista e biólogo britânico que viveu no século XIX, desenvolveu a teoria da evolução das espécies e nela descreveu que “os organismos mais bem adaptados ao meio têm maiores chances de sobrevivência do que os menos adaptados, deixando um número maior de descendentes”. Tal teoria, pode ser adaptada perfeitamente ao mundo empresarial e na área de saúde em especial. Ela explica perfeitamente o momento que vivenciamos neste setor e os novos tempos que virão pela frente. Como na natureza, não são os maiores e mais fortes que sobrevivem às mudanças dos tempos, mas aqueles que são mais ágeis e com maior capacidade de adaptação. Neste sentido, o Grupo Meridional larga na frente e dificilmente será batido na corrida para a consolidação de outras unidades de saúde em solo capixaba, na frente privada.
Outras operações em gestação, mas que desprezaram os conceitos naturais trazidos à tona por Charles Darwin, correm o risco de sofrerem um aborto ou até mesmo serem divulgadas já nati-mortas. Isto porque, conforme a contribuição teórica que nos traz o astrônomo inglês Isaac Newton (1643-1727), através do Princípio da Impenetrabilidade, “dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo”. Considerando o tamanho do mercado capixaba, suas particularidades e o potencial de consolidação na área hospitalar, é fato que o espaço para a participação de outros atores no papel principal desta novela ficou estreita demais. No caso em tela, o Grupo Meridional se reservou ao papel de protagonista e daqui para frente dará o tom do roteiro a ser seguido. Aos demais atores, caberá decorarem o texto que lhes fora reservado e cumprirem o seu papel de coadjuvantes, sob pena de perderem o status atual ou até mesmo o seu emprego nas próximas produções.
“Para todos nós, cidadãos comuns e pacientes em potencial, esta é a boa notícia: no Brasil de hoje, pelo menos na área de saúde, o novo começa a surgir”
Mas, afinal de contas, o que tudo isto tem mesmo a ver com a vida dos cidadãos comuns? Como assinalei no artigo a que me referi no início deste texto, o mercado de saúde mudará pelas “forças de mercado”. Ao trazer para o setor estrutura de capital e governança, os fundos de investimentos mencionados obrigarão as instituições de saúde a buscarem padrões de excelência, a fim de que possam obter maiores retornos financeiros. Certamente, a ineficiência e os desperdícios crônicos do segmento serão combatidos diariamente com a utilização de métricas internas e parâmetros dos melhores “benchmarking”. Os maus profissionais que se cuidem, o espaço para as desídias estará cada vez mais restrito e o modelo “mosca de padaria” que vigora entre os profissionais médicos começará a ser extinto. Para todos nós, cidadãos comuns e pacientes em potencial, esta é a boa notícia: no Brasil de hoje, pelo menos na área de saúde, o novo começa a surgir. Ironicamente e para o desgosto de muitas corporações, ele chega pelas mãos do mercado!
Benoni Antonio Santos, Economista, pós-graduado em Administração em Serviços de Saúde, sócio fundador da MBA CONSULTING e consultor de empresas.
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