Presidente do Corecon-ES, Claudeci Neto, comenta sobre a Taxa Selic e o crescimento da economia brasileira
Por Amanda Amaral
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (07) que os juros básicos da economia permanecem a 13,75% ao ano. Esta foi a última reunião do órgão em 2022 e a terceira vez em que a decisão foi pela manutenção da Taxa Selic.
Desde o comunicado do Copom em outubro, foi divulgado que a taxa se mantém pelo tempo que for necessário, e que se a inflação não cair, poderá voltar a subir novamente.
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O presidente do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), o economista Claudeci Pereira Neto, destacou que o momento é de incertezas, tanto sobre o mercado internacional quanto sobre a gestão fiscal do novo governo do presidente Lula.
Inflação em alta
O economista ressaltou ainda que a expectativa para a inflação aumentou novamente ficando em 5,92%, e para o ano de 2023 em 5,8%, de acordo com o boletim Focus divulgado segunda-feira (05).
“Nós estamos com vários problemas a nível mundial. O primeiro é o EUA com a inflação alta e um crescimento não tão bom para os seus padrões. Temos ainda o problema da guerra. Eles já estão no inverno e existe o problema com o armazenamento de gás, já que a Rússia é a principal fornecedora para Europa e outros países, além do fornecimento para plantas industriais. Tudo isso provoca reflexos na economia mundial”, analisou.
A inflação oficial do país em novembro foi de 0,95%, alta de 9,26% no ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o segundo mês em que se registra elevação após três meses seguidos de retração.
Política fiscal
Claudeci Netto explica também que se houver risco fiscal, por exemplo, desequilibrando a relação da dívida brasileira e a arrecadação, pode haver aperto da política monetária visando conter as expectativas inflacionárias.
“Para a inflação convergir para a meta é importante que as políticas fiscais e monetárias caminhem juntas. Vamos ver como a PEC da Transição se comporta”, disse ele se referindo a Proposta de Emenda à Constituição do governo Lula, que retira o Bolsa Família do teto de gastos.
A meta de inflação para 2022 é de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O economista complementou: “O Governo está indo mais para o centro, conversa mais. A entrada da nova gestão vai dar mais tranquilidade para o investidor, porque nesse cenário de instabilidade é difícil tomar decisões sobre investimentos”.
Crescimento econômico
Além disso, apesar de ser a medida adotada pelo BC para o controle da inflação, a alta dos juros freia desestimula a produção e o consumo. De acordo com Claudeci Neto, o investimento está ligado a oferta de crédito e disponibilidade de recursos.
As instituições financeiras elevaram a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, de 2,81% para 3,05%, segundo o boletim Focus. Para 2023, a expectativa é que a economia brasileira cresça 0,75%, previsão acima da que foi feita na semana anterior (0,70%).
“É preciso equilibrar o crescimento do País com as taxas altas. Ele precisa crescer considerando os projetos sociais necessárias, mas também com políticas econômicas e monetárias que pensem no emprego e na geração de renda. São essas coisas que fazem um governo, se ele só gasta e não pensa no crescimento, desenvolvimento e distribuição de renda, uma hora não vai mais suportar. Com isso, a dívida dispara, ela cresce e a economia não. O Governo passa a não conseguir vender seus títulos, renegociais suas dívidas. O que se espera é que não chegue nesse caos e que o Brasil recupere seus investimentos com a inflação controlada”, concluiu o economista.