Mesmo com a popularidade do Pix brasileiro, parcelamento de compras tem grande adesão
Por Anderson Neto
Sete em cada dez brasileiros costumam optar por pagamentos parcelados na hora de fazer compras, mostra nova pesquisa da Serasa. O estudo identificou quais fatores são levados em consideração na hora de dar preferência para o parcelamento.
Mesmo com a popularidade do Pix, o parcelamento de compras tem grande adesão. Segundo a Serasa, 71% dos consumidores costumam parcelar compras. O dado é parte do estudo “Relação com o Dinheiro”, feito em parceria com a Opinion Box. Ao todo, foram entrevistadas 8.888 pessoas entre os dias 27 de julho e 23 de setembro.
Um quarto dos consumidores paga parcelado por não ter dinheiro suficiente. Entre os fatores levados em consideração antes de parcelar uma compra, o fato de não ter o valor cheio em conta para pagar à vista foi citado por 27% dos entrevistados. Para outros 25%, a prioridade é saber se há ou não cobrança de juros.
Parcelar compras por costume é uma realidade para 25% dos entrevistados. Além disso, 24% dos consumidores dizem pagar parcelado para conseguir comprar mais coisas e 23% dizem que preferem pagar valores diluídos ao longo do tempo. “O parcelamento parece, de fato, incorporado à realidade econômica dos brasileiros”, diz à reportagem Patrícia Camillo, gerente da Serasa.
Compras normalmente são feitas com cartões de outras pessoas. A maior parte (38%) dos parcelamentos é feita com cartão de crédito de terceiros, principalmente nos estados de Alagoas (50%), Pernambuco (47%) e Rio de Janeiro (47%). Em seguida, aparecem o boleto (27%) e o crediário específico de lojas (24%).
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“Com boa orientação financeira e planejamento, o parcelamento pode ser uma opção em momentos de emergência ou para a conquista de algum sonho, como a compra de um imóvel, uma viagem ou até mesmo algum bem durável”, diz Patrícia.
Três em cada quatro pessoas buscaram crédito em algum momento da vida. Entre aquelas que, de fato, contrataram, o cartão de crédito (53%) e o empréstimo pessoal (48%) são as principais modalidades procuradas. Crédito consignado (21%) e cheque especial (13%) aparecem logo em seguida. Em último, está o financiamento de veículo (10%).
56% dos consumidores têm o costume de fazer controle mensal dos gastos. Anotações em papel (42%), verificação de faturas (33%) e checagem online de extrato bancário (29%) são os métodos mais comuns, de acordo com a Serasa.
Pessoas estão mais esperançosas em relação às finanças. Mais da metade (53%) dos consumidores diz estar mais otimista com sua situação financeira em comparação com os últimos anos. Outros 47% afirmam estar mais seguros em relação ao dinheiro. A maioria também sente menos medo (41%) agora do que antes.
“Diversos fatores podem impactar nessa visão mais otimista e esperançosa. Tivemos a melhora de alguns índices econômicos, como inflação, desemprego e taxa de juros, além de, claro, o fim da pandemia, cujos reflexos negativos se estenderam por muito tempo”, afirma Patrícia.
Parcelamento
Recentemente, presidente do BC falou em “disciplinar” parcelamento. Roberto Campos Neto levantou a possibilidade de se criar uma tarifa para desincentivar o parcelamento sem juros no cartão de crédito. A continuidade ou não das compras parceladas sem juros abriu uma briga entre grandes bancos, varejo e fintechs.
Governo e Congresso buscam reduzir os juros do cartão e a inadimplência. Um projeto em tramitação no Congresso estipula prazo de 90 dias para que os bancos definam um patamar de juros para o rotativo. O texto não aborda o parcelamento de compras sem juros.
Fim do parcelamento sem juros afetaria consumo e atividade econômica. “A cultura do parcelamento está muito arraigada. Quando eu interfiro no parcelamento, eu tiro a possibilidade de consumo de diversas famílias”, explicou à reportagem Izis Ferreira, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio), em matéria publicada em agosto.