A Ufes e outras 68 federais do país podem suspender atividades acadêmicas e administrativas até o fim do ano, por causa do bloqueio no orçamento feito pelo governo federal.
Segundo a Ufes, o corte no orçamento da universidade em 2021, se comparado a 2020, correspondem a 18,2% nos recursos provenientes do Tesouro para custeio, 22,8% nos recursos de capital e 18,3% nos de assistência estudantil.
Os cortes atingem o orçamento discricionário, aquela parcela sobre a qual a Universidade tem autonomia para gerir gastos com custeio (funcionamento, fomento da universidade, assistência estudantil, entre outros) e com capital (investimentos em infraestrutura e equipamentos).
Para o reitor Paulo Vargas, o quadro atual é de muita preocupação. “Se persistir a atual situação, as universidades não conseguirão pagar suas contas até o final do ano, comprometendo a formação dos seus estudantes e as atividades de pesquisa e extensão em desenvolvimento. Essa situação é bastante grave”, destaca.
Paulo reforçou ainda que os esforços da administração central estão direcionados em preservar as bolsas e auxílios aos estudantes. “Também está no foco da administração a preservação de postos de trabalho nos serviços terceirizados. No entanto, com os cortes promovidos pelo governo federal, isso está cada vez mais difícil”.
Plano orçamentário
Para enfrentar a acentuada queda orçamentária, a Ufes trabalha na construção de um plano que inclui o ajuste de contratos para redução de gastos, o uso de recursos próprios para compensar perdas e o planejamento de ações para a possível recuperação de R$ 13,6 milhões bloqueados.
Os vetos no orçamento de capital, adotados pela Presidência da República, impactam fortemente os investimentos necessários em equipamentos e investimentos em infraestrutura.
A situação se torna mais crítica considerando o cenário de pandemia da covid-19, em que grande parte das atividades acadêmicas e administrativas são desenvolvidas de modo remoto, o que exige aporte em tecnologia da informação, e a retomada das atividades presenciais, que exigem adequações na estrutura predial.
Assistência estudantil está ameaçada
Outro impacto considerável poderá ocorrer nos programas direcionados à assistência estudantil, com o orçamento reduzido em 18,3% em relação a 2020. “A redução do orçamento nessa ação foi de R$ 20,5 milhões para R$ 16,5 milhões. Se não bastasse esse corte dramático, deste total, 52% ainda dependem de liberação pelo Congresso Nacional”, destaca Rogério Faleiros, pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional.
Uma parcela significativa dos estudantes de graduação da Ufes é de baixa renda familiar, e necessitam de suporte para a continuidade dos estudos (dentre os cerca de 26 mil estudantes, 11 mil ingressaram pela reserva de vagas e 4.779 estão incluídos no Programa de Assistência Estudantil – Proaes).