Dois anos após atentado, Yannahe Marques escreve “Eu Escolhi Viver” para inspirar mulheres a quebrarem o ciclo de violência doméstica.
Por Munik Vieira
Pelo menos cinco mulheres por dia foram assassinadas ou vítimas de violência no Brasil em 2020, de acordo com dados da Rede de Observatório da Segurança. As estatísticas são tão trágicas quanto o final de quase todas as histórias.
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Sobrevivente, Yannahe Marques enfrentou um relacionamento abusivo por treze anos, sofreu uma tentativa de assassinato, desafiou a medicina e agora lança o livro “Eu escolhi viver”, onde detalha esse recorte da sua jornada e inspira mulheres a quebrarem o ciclo da violência antes que seja tarde demais.
Escrito em parceria com Rose Rech, terapeuta que acompanha Yannahe praticamente desde o atentado, o livro já está disponível nos formatos físicos e e-book.
“Ao contrário do consenso geral, que apenas donas de casa ou mulheres dependentes dos seus parceiros se submetem a situações de violência, eu sempre fui uma mulher forte, trabalhadora e independente”, comenta Yannahe Marques. “A situação não se instala da noite para o dia. Vai piorando aos poucos e, se você não rompe aos primeiros sinais de alerta, está correndo o risco de pagar com a sua vida. Eu tive uma segunda chance, mas a maioria não tem. Então o objetivo deste livro é ser um alerta, de acolhimento e encorajamento a todas as mulheres que estão passando por isso hoje, para que saiam, busquem apoio e recomecem”, completa.
“Foi um milagre! O projétil não ter atingido áreas essenciais do cérebro, a recuperação da perda de massa encefálica e a não manifestação de sequelas graves são eventos que a medicina atual não pode explicar.”
Hoje, dois anos depois, a paciente não apenas sobreviveu, como fala, anda, trabalha e segue lidando com os traumas emocionais e as pouquíssimas sequelas físicas que lhe restaram, como eventuais dores de cabeça mais intensas. Está feliz cuidando dos dois filhos frutos do casamento com o ex-marido agressor e da sua bebê de dez meses, Mia, seu segundo milagre: oito meses após o atentado, Yannahe foi presenteada com uma terceira gestação.
Entenda
- A bala de um revólver 38 entrou pela nuca, ricocheteou na testa e se partiu em três. Apesar da grande perda de massa encefálica, Nana não ficou com sequelas.
- Extremamente vaidosa desde sempre, mesmo na hora de grande desespero, ela pediu ao ex-marido agressor que não atirasse no rosto e virou-se de costas.
- O noticiário da época divulgou, erroneamente, que o tiro havia sido de raspão.
- O relacionamento abusivo com o então marido durou 13 anos, mesmo Nana sendo uma mulher forte, independente e trabalhadora. O livro é escrito em parceria com a terapeuta da Nana, que também está disponível para entrevista.
- O entendimento das mulheres sobre o que é a violência doméstica nem sempre é fácil e rápido. Muitas delas não se reconhecem como vítima, como explica a terapeuta Rose Rech.