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quinta-feira, 2 maio, 2024

Rússia mantém prisão de jornalista acusado de espionagem

Se for considerado culpado, Gershkovich pode pegar até 20 anos de prisão

Um juiz russo rejeitou um recurso do repórter do Wall Street Journal, Evan Gershkovich, contra a decisão de mantê-lo detido antes de seu julgamento por acusações de espionagem.

Gershkovich, 31, é o primeiro jornalista americano a ser detido na Rússia por acusações de espionagem desde o fim da Guerra Fria e, se considerado culpado, pode pegar até 20 anos de prisão.

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O serviço de segurança FSB da Rússia o acusou de coletar segredos de Estado sobre os militares da Rússia para o benefício da inteligência dos EUA, acusações que foram condenadas como políticas e infundadas.

As audiências em seu caso estão sendo realizadas em sessões fechadas devido à natureza das acusações, mas a Justiça permitiu câmeras no tribunal antes do início da audiência de terça-feira. O tribunal estava decidindo apenas sobre a decisão de manter Gershkovich em prisão preventiva, não sobre o mérito do caso.

Foi a primeira vez que o mundo viu imagens de Gershkovich desde sua prisão no final de março. O repórter estava vestindo jeans e camisa xadrez e dentro de uma caixa de vidro conhecida informalmente como “aquário”, onde os réus em processos judiciais russos costumam ser mantidos. Ele parecia calmo e foi fotografado sorrindo. Marcas em um de seus pulsos pareciam mostrar onde ele havia sido algemado.

Em seguida, os jornalistas foram conduzidos para fora da sala para aguardar a notícia da decisão. Gershkovich foi condenado a permanecer em prisão preventiva até 29 de maio, e as autoridades podem estender esse período.

Sua equipe jurídica ofereceu fiança de 50 milhões de rublos (R$ 3 milhões), paga pelo Dow Jones, dono do Wall Street Journal, para libertá-lo ou colocá-lo em prisão domiciliar, disse sua advogada Tatiana Nozhkina a repórteres após a audiência. O tribunal rejeitou o pedido.

“Ele está em um estado de espírito combativo”, disse Nozhkina do lado de fora do tribunal. “Ele está pronto para se defender e mostrar que é inocente.”

Gershkovich está detido na prisão de Lefortovo em Moscou, que foi administrada pela KGB durante o período soviético e manteve vários dissidentes e outros prisioneiros importantes.

Nozhkina disse à Reuters que Gershkovich está lendo muita literatura clássica russa na prisão. Segundo a advogada, ele está lendo Guerra e Paz, de Liev Tolstoi, no original russo.

Lynne Tracy, embaixadora dos EUA na Rússia, visitou Gershkovich na segunda-feira, a primeira vez que diplomatas americanos tiveram acesso a ele desde sua prisão. “Ele está bem de saúde e continua forte. Reiteramos nosso pedido por sua libertação imediata”, disse Tracy em um comunicado.

Tracy também esteve no tribunal na terça-feira para observar os procedimentos. “Foi difícil para mim ver como um jornalista inocente é mantido nessas condições”, disse ela após a audiência

Quase imediatamente após a prisão de Gershkovich, várias autoridades russas de alto escalão anunciaram sua culpa, aumentando a sensação de que o caso tinha motivação política. Poucas horas após a prisão, Dmitri Peskov, porta-voz do presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que Gershkovich havia sido pego “em flagrante”.

O Wall Street Journal e as autoridades americanas negaram veementemente as acusações, e várias organizações de direitos humanos e meios de comunicação pediram sua libertação. Na semana passada, os EUA oficialmente designaram Gershkovich como “detido injustamente”, rotulando as acusações como falsas.

Na segunda-feira, 17, os EUA e mais de 40 outros países fizeram uma declaração conjunta expressando preocupação com a prisão, protestando contra os “esforços da Rússia para limitar e intimidar a mídia”.

As autoridades russas têm adotado uma abordagem cada vez mais repressiva em casa, à medida que a invasão de Moscou à Ucrânia avança. Na segunda-feira, o ativista e dissidente russo Vladimir Kara-Murza foi condenado a 25 anos de prisão sob a acusação de espionagem. As acusações contra Kara-Murza, que tem cidadania russa e britânica, também foram consideradas como de natureza política.

Nesta terça-feira, 18, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que convocou os embaixadores dos EUA, Reino Unido e Canadá por “interferência grosseira nos assuntos e atividades da Rússia que não são compatíveis com o status diplomático”.

Analistas acreditam que a Rússia está tentando arranjar uma troca para numerosos espiões russos presos em vários países. Os EUA também têm tentado libertar Paul Whelan, um ex-fuzileiro naval condenado por espionagem em 2020.

Com informações de Agência Estado

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