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quinta-feira, 18 abril, 2024

Queda nos índices de violência

Isolamento social: Apesar da menor incidência de crimes, os números ainda estão longe do ideal

O ano de 2020 trouxe a pandemia e com ela a maioria dos crimes diminuiu. Mas, apesar dessa queda em termos gerais, houve um assustador aumento nos casos de violência contra a mulher em todo o Brasil. Os casos de feminicídio cresceram 22,2%, entre os dois primeiros meses da pandemia (março e abril), em 12 estados do país, comparativamente ao ano passado, aponta o relatório produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a pedido do Banco Mundial.

Nos meses de março e abril, o número de assassinatos de mulheres subiu de 117 para 143. O estado em que se observa o agravamento mais crítico é o Acre, com aumento de 300%, passando de um para quatro casos ao longo do bimestre. Também tiveram destaque negativo o Maranhão, com variação de 6 para 16 vítimas (166,7%), e Mato Grosso, que passou de seis para 15 vítimas no semestre (150%). Os números caíram em apenas três estados: Espírito Santo (-50%), Rio de Janeiro (-55,6%) e Minas Gerais (-22,7%).

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Referência nacional

A delegada Michelle Meire, coordenadora da Gerência de Proteção à Mulher, da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), destaca que, além da queda nas mortes de mulheres em geral, o Espírito Santo ainda se destaca pelo combate efetivo aos casos de feminicídios, apresentando uma redução sistemática ano a ano.

“Credito essa diminuição principalmente ao reconhecimento que a violência contra a mulher é um problema a ser enfrentado.

No âmbito da Sesp e das polícias, foram criados projetos importantes, como a ‘Patrulha Maria da Penha’, que fiscaliza o cumprimento das medidas protetivas, e o ‘Homem que é Homem’. Ainda temos a Casa Abrigo para proteção das vítimas em risco de morte, foi criada a Divisão Especializada da Mulher e somos pioneiros com a Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher, com cerca de 80% de resolutividade dos inquéritos.”, pontuou Michelle Meira.

Muitos foram os projetos em ação este ano na busca por quebrar esses ciclos de violência. Um deles é o “Mulher Superando o Medo”, uma parceria entre o Tribunal de Justiça, por meio da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Comvides), o Instituto Win e o Rotary Club, com ações práticas que envolvem atendimento psicossocial e a viabilização de mecanismos que promovam a independência financeira. O projeto fechou o ano com 100 mulheres atendidas, que estão escrevendo uma nova história.

Queda nos índices de violência
Fonte: Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes)

A juíza Hermínia Azoury, que dirige a Comvides, destaca que, por não apanharem, muitas delas não entendem que são vítimas. “Temos muito casos de violência velada, de mulheres constantemente insultadas, humilhadas e ameaçadas, cujos companheiros deixavam sem nenhum dinheiro, que foram proibidas de trabalhar e nem se davam conta de que eram
vítimas de violência”.

“As intervenções para o combate à violência devem ser práticas. Agora é hora de sair dos discursos, unir forças com as entidades civis e governamentais para realizar projetos como o Mulher Superando o Medo, uma união que possibilitou 100 novas histórias, de mulheres que conquistaram sua independência financeira e emocional”, completa a economista Isabel Berlinck, idealizadora do projeto e diretora do Instituto Win.

Homicídios

O Espírito Santo foi o terceiro Estado que mais reduziu homicídios no País, segundo dados do Atlas da Violência, publicado pelo Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (Ipea), fundação ligada ao Ministério da Economia.

O comparativo mostra que, em 2008, o Estado figurava como o segundo mais violento do Brasil, com uma taxa de 56,4 homicídios por 100 mil habitantes, ficando atrás apenas de Alagoas, naquela ocasião com taxa de 60,3. Ao chegar em 2018, ano base para a confecção do Atlas, os números caíram para 29,3 homicídios por 100 mil habitantes, tirando o Espírito Santo da vice-liderança e o colocando na 16ª posição. Ainda de acordo com o estudo, o Estado se destaca na redução de mortes de homens jovens, com queda de 26,8%.

Queda nos índices de violência
Fonte: Deon – Dados Consolidados pelo Observatório da Segurança Pública do Espírito Santo / Sesp

“No ano passado tivemos o menor número de homicídios desde 1992 e queremos, a cada ano, seguir diminuindo. No Espírito Santo, homicida não fica impune. O Estado Presente é nosso principal programa de segurança pública, aliando operações policiais com inclusão social em comunidades mais vulneráveis. A segurança pública é um tema sensível e que gosto de acompanhar de perto, por isso lidero todos os meses reuniões de acompanhamento do programa”, destaca o governador Renato Casagrande.

O secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, coronel Alexandre Ramalho, que coordena o eixo policial do Estado Presente, destaca que o trabalho tem que ser contínuo dentro das diretrizes do Programa. “Somente em 2020 já colocamos 1.007 homicidas na cadeia e apreendemos 2.277 armas de fogo.

Falando ainda do Programa Estado Presente, o Governo tem cumprido com as promessas de valorização da categoria policial, com estruturação física e investimentos, mesmo em tempos difíceis no sentido econômico. Vale ressaltar, ainda, que o ano de 2019 fechou com o menor número de assassinatos desde 1992, ficando abaixo das mil mortes, com 978 homicídios registrados”, apontou Ramalho.

Trânsito

Mesmo com a redução do fluxo de veículos durante a pandemia, o número de multas se manteve alto no Espirito Santo. “Grande parte dessas imprudências estão associadas ao consumo de bebida alcoólica e direção, mas também quando o condutor fala ao celular ou exerce a velocidade acima do que é permitido na via”, explica o capitão Sandro, do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar.

Somente de janeiro a julho foram aplicadas 188.782 multas por excesso de velocidade, o que representou 47 mil infrações a mais do que no mesmo período do ano passado. Um número que deve mais que dobrar até o fechamento do ano.

As mortes no trânsito tiveram uma redução de 14,5%, mas ainda assim apresentam um número assustador. Durante todo o ano de 2019 foram 682, e em 2020, até o mês de novembro, 583 vítimas fatais já tinham sido registradas. Desse montante, 275 foram por acidentes envolvendo motos, 213 por colisões e 95 por atropelamento. Na Grande Vitória, até o mês de outubro, foram 61 óbitos, 75% de pessoas do sexo masculino.

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