O preço das passagens aéreas foi analisado pelo economista Vaner Corrêa, que explica quais fatores implicam no valor do serviço
Por Amanda Amaral
O preço das passagens aéreas foi o principal motivo para o aumento da prévia da inflação de outubro deste ano, com contribuição individual de +0,18%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas por que está difícil controlar o preço das passagens aéreas?
Quais fatores contribuem para a elevação? Quem explica é o membro do Conselho Regional de Economia (Corecon-ES), o economista Vâner Corrêa. “O preço das passagens aéreas está demorando a sentir a redução da inflação, que já atingiu outros produtos, porque a formulação do seu preço é muito mais complexa”, avalia.
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Inflação das passagens
O maior aumento em um ano aconteceu quando as passagens aéreas subiram 28,17% em outubro, frente a setembro (8,20%), de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação.
Há dois meses o indicador não apresentava alta e no mês passado cresceu 0,16%, tendo este item com a principal contribuição individual (+0,18%). Além disso, com relação à inflação oficial do país, divulgada em setembro pelo IBGE, na Região Metropolitana de Vitória, o valor das passagens já acumulava alta de 44,27% em 12 meses.
Custos do preço
“A formação do custo da passagem envolve manutenção, engenharia e diversos outras prestações de serviços. Além disso, a participação do querosene nos custos é grande, ela representa em voos internacionais em torno de 40% e em voos nacionais entre 15 e 30%”, explicou Vâner Corrêa.
Contudo, a Petrobras anunciou três reduções no preço do querosene: -2,6% em agosto; -10,4% em setembro; -e 0,84% em outubro. O segmento está se recuperando mais tardiamente, segundo o economista, que disse que para uma estabilização outras questões estão em jogo como forças exógenas, ou seja, externas ao Brasil, já que o preço do barril de petróleo é cotado em dólar.
Pandemia da Covid-19
“A demanda vai continuar forte, mas o setor não se recuperou. A alto no preço do barril de petróleo, apesar de uma estabilização esse ano, vem crescente desde 2020. Além disso, há a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, além de uma deflação mundial como consequência da pandemia, são fatores que influenciam no preço do querosene e o Brasil não pode controlar”, comentou Vâner Corrêa. Para ele, a alta persistente no preço de alguns serviços e produtos ainda está ligada as consequências da pandemia da Covid-19, que em 2020 e 2021, impactou vários mercados em razão das restrições sanitárias.
“Quando a OMS – Organização Mundial da Saúde, decretou a paralisação de tudo, a economia foi jogada em chão, foi retirada a energia da economia. O setor terciário foi fortemente atingindo. Não fazia sentido fazer eventos multinacionais, os aviões ficaram estocados em pátios, os hotéis sem hóspedes. Isso impactou toda a rede que movimenta o setor terciário, que no país e no Espírito Santo representa a maior parte do PIB – Produto Interno Bruto. Acalmando as forças exógenas, a tendência é que as passagens aéreas voltem a um patamar de equilíbrio”, avaliou.