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sexta-feira, 19 abril, 2024

Justiça decreta prisão de PMs acusados de incitar greve

Tenente-coronel Carlos Alberto Foresti, capitão Assumção, sargento Aurélio Robson Fonseca da Silva e soldado Maxsom Luiz da Conceição estão sendo procurados.

A prisão de quatro policiais militares que, segundo a Justiça, participaram ativamente do movimento grevista foi decretada na sexta-feira (24) pelo juiz da Vara da Auditoria Militar Getúlio Pereira Neves. O pedido de detenção dos PMs foi feito pelo Ministério Público Estadual, e a Justiça acatou a denúncia de que os quatro incitaram o movimento grevista e aliciaram outros policiais, com a divulgação de áudios e vídeos em redes sociais

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Dentre os militares está o ex-deputado federal e militar da reserva, Lucinio Castelo de Assumção, o Capitão Assumção, que se envolveu em uma confusão na manhã de sábado (25) ao lado do 4º Batalhão, no Ibes, em Vila Velha, no momento em que seria preso com a presença do coronel Ilton Borges, da Corregedoria da PM. AO receber voz de prisão, ele fugiu.

Por nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou que na manhã deste sábado houve uma tentativa de efetuar a prisão do capitão, mas que “houve resistência por parte de um dos intimados, que fugiu do local. A PM destaca que não houve uso de força na ação”, informa o texto. A nota destaca ainda que os outros mandados não foram cumpridos porque os policiais não foram encontrados, portanto considerados foragidos da Justiça.

Outro com a prisão decretada é o tenente-coronel Carlos Alberto Foresti. No dia 8 de fevereiro, ele teve uma crise nervosa no Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), no Ciodes,  e foi levado para ao Hospital da Polícia Militar, mas foi liberado em seguida.

Neste sábado ele postou em rede social que estava em Itaperuna, no Rio de Janeiro, e que se apresentaria à Polícia Militar de lá. Disse ainda que foi procurado em sua casa no sábado de manhã “Eu estava tentando repousar em uma estância para recuperar minha saúde já debilitada e pelo visto não consegui”. .

Também estão sendo procurados o soldado Maxsom Luiz da Conceição e o sargento Aurélio Robson Fonseca da Silva, o Sargento Robson, que ocupam, respectivamente, os cargos de presidente e vice-presidente da Associação Geral dos Militares do Estado do Espírito Santo (Agem).

Movimentação Polícia

Um grupo político ligado ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) esteve na linha de frente da comunicação e da logística do motim que parou a Polícia Militar do Espírito Santo no início deste mês, segundo levantamento do Estado de SP em conjunto com uma equipe de especialistas em redes sociais. Entre os nomes que constam desta rede de apoio estão o ex-deputado federal Capitão Assumção e o deputado federal Carlos Manato (SD-ES), aliados de Bolsonaro no Estado.

A Polícia Federal investiga a origem do movimento, que durou de 4 a 24 de fevereiro, período em que foram registrados mais de 200 homicídios na Grande Vitória e em cidades do interior. Um relatório parcial da PF, de 17 de fevereiro, cita os nomes de Assumção, de Manato e de assessores. O documento alerta para a possibilidade de falta de policiais nas ruas de Vitória durante o carnaval. A paralisação dos militares é considerada ilegal e from abertos 2.800 processos administrativos.

Uma intensa troca de mensagens foi identificada entre pessoas ligadas ao grupo, influente na PM capixaba, corporação que agrega 10 mil homens. O levantamento coletou informações produzidas por internautas e rastreou as interações de pessoas e entidades. Para isso, teve a ajuda de uma equipe formada por mestres e doutores nas áreas de Sociologia e Comunicação Digital. A movimentação na internet ocorreu antes dos familiares se concentrarem em massa na frente dos batalhões. Na sexta-feira, dia 3 de fevereiro, o ex-deputado Capitão Assumção, braço direito de Bolsonaro no debate de segurança pública na Câmara entre 2009 e 2011, divulgou no Facebook uma lista de reivindicações da categoria e as primeiras imagens de mulheres que faziam protesto na frente de um batalhão no município da Serra. “Já que os militares não podem se manifestar, os familiares estão fazendo por eles”, escreveu. O post teve quase 300 mil compartilhamentos. O ex-deputado usa foto de Bolsonaro na capa da conta no Facebook. Bolsonaro chegou a divulgar um vídeo em apoio à PM do ES, citando “meu amigo capitão Assumção”, que segundo ele, estava fazendo falta na Câmara Federal.

Na mesma noite, o empresário Walter Matias Lopes, militar desligado da polícia, postou: “Amanhã a Polícia Militar vai parar. Pior Salário do Brasil”. E depois fez uma convocação: “Você, admirador da Polícia Militar, está convidado para participar do movimento amanhã”. Matias é companheiro de Izabella Renata Andrade Costa, funcionária comissionada do gabinete de Carlos Manato, que não apenas incentivou como participou dos bloqueios e ajudou a distribuir alimentos às mulheres, segundo publicou em sua conta no Facebook.

Ao jornal Estadão, Matias Lopes alegou que foi apenas um “espectador” e que não é “líder nem cabeça de movimento. Nem eu nem a Izabella”. Afirmou ainda que estava apenas servindo de “mediador de um conflito.”, mas após a conversa com o jornalista, Matias e Izabella limparam as mensagens publicadas no Facebook.

O deputado federal Carlos Manato (SD-ES) negou ter incentivado o movimento que parou a Polícia Militar do Espírito Santo, disse que ficou neutro tanto antes quanto durante os protestos e que não lucrou politicamente com a crise na segurança. Defensor do armamento da população, ele apresentou projeto de anistia dos policiais e mostrou uma mensagem por WhatsApp em que o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) confirma a aliança nas próximas eleições. Manato é pré-candidato ao governo do Espírito Santo.

Recursos

O Governo do Estado liberou, na última quinta-feira (23), R$ 6,4 milhões em recursos para a compra de novas viaturas e a realização de obras de infraestrutura nas unidades da Polícia Militar. O dinheiro também deve servir para melhorar a infraestrutura e o serviço no Hospital da Polícia Militar (HPM).

Os atos foram assinados pelo governador Paulo Hartung, durante reunião com os secretários de Segurança Pública e Defesa Social, André Garcia, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Nylton Rodrigues, e o secretário estadual de Planejamento, Regis Mattos.

Do total de repasses, o HPM vai receber R$ 3,1 milhões  para melhorias na estrutura física da unidade, cobertura de custeio, compra de equipamentos móveis e permanentes, medicamentos e materiais médico-hospitalares e odontológicos.

Também foi autorizada a compra de 77 novas viaturas para a corporação. Serão destinados R$ 2,49 milhões provenientes de recursos próprios e de convênio do Governo do Estado com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp).

 

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