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sábado, 27 abril, 2024

Folclore, a ciência do povo

Pequeno em extensão territorial, o Espírito Santo é celeiro riquíssimo em tradições folclóricas, privilegiado pela sua posição geográfica e pelos povos que aqui se instalaram

Nessa terça-feira (22), comemoramos o Dia Nacional do Folclore. De origem inglesa “folklore”, significa “sabedoria popular”. Uma data de alerta sobre a importância da valorização e da preservação das muitas manifestações folclóricas do país, como Mula sem Cabeça, Saci Pererê, Curupira e até o Boto Cor de Rosa, lendas muito antigas e passadas de geração em geração.

Nossa homenagem aos grandes intelectuais folcloristas, começando por Câmara Cascudo, que muito valorizou a expressão “folclore, pensada como ciência do povo, ciência que pudesse fornecer as bases, as camadas daquilo que nós expressamos enquanto o que nos diferencia dos outros”. Folcloristas capixabas que também merecem todas as homenagens: começamos pelo professor Hermógenes Lima Fonseca, Mestre Armojo, personagem fundamental para o conhecimento, valorização e preservação do patrimônio imaterial capixaba, um pensador popular fora da academia e que, ao lado de Guilherme Santos Neves e Renato Pacheco, foi responsável pela atenção ao folclore, com muito estudo, que definiu as primeiras políticas públicas para o setor.

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Vários educadores defendem a tese, e eu concordo com eles, da importância de celebrarmos a data pela representatividade do folclore na cultura popular, tendo em vista que toda sociedade tem sua cultura, suas tradições, crenças e costumes. Afinal o folclore é o saber popular que se valoriza, que se perpetua, ao longo das gerações. A sociedade humana tem seus propósitos, seus significados e sua própria forma, e quem tem interesse por isso, com certeza sai enriquecido, pelos vários elementos que deram origem ao modo de agir, sentir e pensar do povo de quem descende. Vemos tudo isso bem claro nas instituições, nas artes e no conhecimento.

Pequeno em extensão territorial, o nosso Espírito Santo é celeiro riquíssimo em tradições folclóricas, privilegiado pela sua posição geográfica, dos povos e raças que aqui se instalaram e que convivem numa grande e cordial fraternidade. Posso citar os brancos: alemães, poloneses, italianos, dentre outros. Importante lembrar que em fevereiro próximo comemoraremos 150 anos da imigração italiana no Espírito Santo, uma das maiores colônias do país.

Temos também os nossos irmãos pretos, de várias etnias, e os povos originários. Somados a toda essa diversidade temos ainda grande contingente de japoneses e coreanos. E o resultado não poderia ser outro, a não ser termos um folclore amplo, rico, diverso, majestoso. Em uma região de praias, montanhas, com clima para todas as tradições e povos.

É fundamental mantermos vivos os nossos mitos e lendas capixabas. Se termos como “folclore” e “cultura” forem descartados, esquecidos, as peculiaridades de uma imensa quantidade de folguedos, festas, artes, crenças e mitos, como também práticas do cotidiano acabarão sendo deixadas de lado. E assim encontramos em 2021, combalida a cultura no município de Vila Velha.

Felizmente, a gestão atual do prefeito Arnaldinho Borgo tem dedicado toda a atenção no resgate e preservação do patrimônio histórico e cultural canela-verde, dando dignidade à rica cultura da 3ª Cidade mais antiga do Brasil (1535), tendo agora na Casa da Memória de Vila Velha, na Prainha, uma sala (Folclore na Vila) dedicada exclusivamente ao resgate do nosso folclore. Um projeto com vasta programação, que será levada para as escolas e comunidades, fruto da consolidada parceria entre a Prefeitura Municipal e a Academia de Letras de Vila Velha, por meio do presidente e poeta Horácio Xavier.

Como sabemos e lembramos sempre: “Não se pode construir um futuro sem ter tido um passado. Um povo sem história é povo sem futuro. Vila Velha é o futuro presente!”.

Manoel Goes Neto é Curador Cultural da PMVV, escritor e diretor no Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo.

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