Evento movimenta cerca de R$ 5 milhões na economia da região, mas organizadores enfrentam dificuldades para cobrir custos devido à falta de apoio público
Por Mariah Friedrich
A Vila de Itaúnas, em Conceição da Barra, conhecida como o coração do forró no Espírito Santo, pode perder um de seus maiores eventos: o Festival Nacional de Forró de Itaúnas (Fenfit).
Realizado desde 2001, o festival revelou grandes nomes da música, como Falamansa e Trio Nordestino, atrai milhares de visitantes anualmente e movimenta milhões na economia da região. No entanto, o futuro do evento na vila está incerto devido à falta de apoio financeiro e aumento dos custos de produção.
O idealizador do festival, Paulo Matos, explicou que, apesar do sucesso de público, com cerca de 12 mil participantes na última edição, a bilheteria já não é suficiente para cobrir os custos crescentes.
“Há anos fazemos o evento sem patrocínio ou apoio do poder público, e agora está cada vez mais difícil sustentar o festival apenas com a venda de ingressos”, relatou o proprietário do primeiro espaço dedicado ao ritmo em Itaúnas, o Bar Forró, fundado em 1988.
O aumento nos custos de hospedagem, alimentação e transporte foi um dos principais obstáculos enfrentados pela organização. Matos comentou que os gastos com a produção triplicaram em relação aos primeiros anos do festival.
“Antes, 500 passaportes vendidos cobriam as despesas. Este ano vendemos 1.500 e só empatamos. Ao mesmo tempo, o evento movimenta cerca de cinco milhões de reais na economia local, mas nós, organizadores, ficamos no prejuízo”, revela o idealizador do Fenfit. Ele acrescenta a concorrência desleal de outros eventos realizados na mesma época é outro fator que tem dificultado a continuidade do festival.
Apesar das dificuldades, Paulo Matos ressaltou que surgiram convites de outras cidades para sediar o festival com apoio público, no Nordeste do país, e até no exterior, na Alemanha, mas o desejo dos realizadores é continuar em Itaúnas, mantendo viva a tradição local.
“Não queremos prejudicar ninguém na vila, porque vivemos aqui e do forró. Se for necessário mudar de local para não deixar o festival morrer, faremos isso, mas o Bar Forró e a essência do evento continuarão em Itaúnas”, concluiu.