Ricardo Aguilar, do Corecon-ES, comenta sobre as tendências do mercado com a manutenção da taxa Selic nesta quarta-feira (21)
Por Amanda Amaral
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu encerrar o clico na alta de juros, nesta quarta-feira (21), e manteve a Taxa Selic, a 13,75% ao ano, seu maior nível desde janeiro de 2017.
Essa foi a primeira pausa nas elevações da taxa, que ocorreram 12 vezes consecutivas. Para o economista Ricardo Aguilar, integrante do Conselho Regional de Economia (Corecon-ES), a decisão do Copom tem relação com a queda da inflação.
“Uma preocupação do Conselho Monetário é manter a taxa como está. É como estar doente. Por mais que a gente melhore, a dosagem do remédio é diminuída aos poucos. Agora que a inflação está parando de subir, e caiu um pouquinho, não é interessante uma mudança acentuada, a ideia é manter a taxa por um tempo e diminuir aos poucos. Por exemplo, a redução da taxa de juros hoje em 0,5%, poderia influenciar até uma nova alta da inflação”, explicou Ricardo Aguilar.
Retração da inflação
Em comunicado após a reunião de agosto, os representantes do Copom chegaram a anunciar nova elevação da Selic no mês de setembro, em razão do risco de a alta nos preços impedir o alcance de metras e prazos mais longos, além da pressão na alta dos juros nos EUA e Europa.
Contudo, a inflação oficial do país, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou em agosto queda de 0,36%, após recuo de 0,68% no mês anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para Ricardo Aguilar, a economia brasileira está se recuperando. “O mercado financeiro estava com o sinal vermelho. Agora, já está amarelo, aguardando o sinal verde para começar a investir novamente. Ele está percebendo que a economia está controlada em razão de medidas adotadas no Brasil, entre elas, o controle da inflação por meio da taxa de juros e os incentivos econômicos do Governo Federal”, disse.
O economista acredita que o Copom manterá cautela daqui em diante. “A tendência no Brasil é de que a economia melhore, com o Copom e o Banco Central, que é independente, agindo com cautela daqui para frente. A expectativa é de que a economia se recupere em formato de V, ou seja, uma grande queda, seguida de alta. As previsões para o PIB já aumentaram e estão hoje em 2,10%”, destacou.
Oportunidades no mercado

Com relação ao segundo semestre de 2022, o Ricardo Aguillar alerta os investidores que a renda física continua uma opção. “Boa parte dos investimentos migraram para renda física com a alta da taxa de juros. Hoje um investimento desses está em torno de 14% ao ano. Tem banco dando 200% do CDI”, comentou. CDI é o índice de referência que acompanha a Selic.
Outra dica de Ricardo Aguilar é sobre o mercado de ações. Isso porque empresas varejistas estavam amargando queda na Bolsa de Valores – B3, em razão do aumento da taxa de juros pelo Copom desde 2021. É o caso de Magazine Luiza (MGLU3) e Americanas (AMER3).
“As empresas vinculadas ao varejo viram suas ações caírem, porque a inflação subiu e com ela a taxa de juros. Porém, a tendência delas é a recuperação, com a tendência de manutenção e depois redução da Selic. Além disso, as pessoas que antes estavam restringindo o consumo devido à alta nos preços, já estão vendo mais perspectivas para a compra. O setor acompanha o comportamento do consumidor e, em dezembro, é quando ele mais lucra”, finaliza.