A CNC ressalta que oito em cada dez comerciantes estimam que as vendas aumentarão nos próximos seis meses
Os comerciantes brasileiros ficaram menos otimistas em setembro, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) recuou 0,7% em relação a agosto, para 113,1 pontos, já descontadas influências sazonais. Segundo a CNC, o cenário é de cautela entre o empresariado, devido aos altos índices de endividamento e inadimplência entre as empresas, que limitam investimentos, a despeito da proximidade de datas como Dia das Crianças, Black Friday e Natal
Na passagem de agosto para setembro, houve redução nos três componentes do Icec. A avaliação sobre o componente de condições atuais teve apenas ligeira queda de 0,1%, para 89,7 pontos, com melhora nos itens economia (alta de 1,1%, para 78,3 pontos) e setor (+0,9%, para 85,6 pontos), mas piora no item empresa (-1,8%, para 105,2 pontos).
O componente de expectativas caiu 1,0% em setembro, para 145,2 pontos, ainda na zona de otimismo. Houve recuo em todos os três itens: economia (-1,6%, para 135,6 pontos), setor (-0,8%, para 145,3 pontos) e empresa (-0,7%, para 154,8 pontos).
Quanto ao componente de intenções de investimentos, houve redução de 0,8% em setembro ante agosto, para 104,3 pontos, com melhora no item estoques (+1,2%, para 92,6 pontos), mas piora na contratação de funcionários (-2,9%, para 121,4 pontos) e na empresa (-0,3%, para 99,0%).
“Embora a trajetória de queda dos juros tenha iniciado, a inadimplência empresarial é crescente. Dados de julho do Banco Central mostram que a inadimplência das pessoas jurídicas nas linhas de crédito com recursos livres vem crescendo de forma acelerada desde a segunda metade de 2022, com 3,3% do total do crédito às empresas sem pagamento há mais de três meses, o maior porcentual desde agosto de 2018”, apontou a CNC, em relatório. “Esse mesmo quadro predomina entre os consumidores: a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores (Peic), apurada mensalmente pela CNC, mostra atenuação do volume de endividados, com menos pessoas recorrendo ao crédito, porém aumento da proporção de consumidores com dívidas atrasadas.”
A CNC ressalta que oito em cada dez comerciantes estimam que as vendas aumentarão nos próximos seis meses, mas apenas quatro sentem melhora nas vendas atualmente.
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“As operações dos negócios, de forma geral, ainda sofrem para impulsionar as vendas, principalmente nos segmentos mais dependentes das vendas a prazo. A alta alavancagem das empresas é outro ponto de atenção”, justificou a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC, em nota.
Embora o Icec permaneça na zona favorável, acima dos 100 pontos, na comparação anual, em relação a setembro de 2022, a confiança do empresariado encolheu 9,9%.
“Desde janeiro, percebemos uma diminuição do otimismo do varejo na base de comparação anual, que se intensificou ainda no segundo trimestre. Essa dinâmica reflete a crise de crédito no setor”, completou Ferreira.
Segundo a CNC, houve redução do otimismo em setembro nos três grupos de lojas do varejo pesquisados: bens duráveis (queda de 2,9% na confiança), não duráveis (recuo de 2,3%) e semiduráveis (redução de 1,3%).
Na comparação anual, a maior perda do indicador de confiança ocorreu entre os varejistas de roupas, calçados e acessórios, retração de 10,7% em relação a setembro de 2022. Com informações de Agência Estado