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quarta-feira, 1 maio, 2024

Celular é o grande vilão das dores cervicais?

Médico ortopedista explica porque o uso de telefone celular não está diretamente relacionado ao aparecimento de dores cervicais

Por Dr. Carlos Barsotti

Quanto tempo você passa diariamente no celular? Para muitos, este dispositivo é essencial para diversas atividades do cotidiano, tornando-se mais do que apenas um hábito de diversão. Mas, por mais praticidade e lazer que traga, muito vem sendo associado sobre a relação de seu uso com a piora de dores cervicais, gerando uma ideia que deve ser desmistificada quanto antes para a compreensão das verdadeiras causas destes incômodos.

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Em uma pesquisa conduzida pela plataforma AppAnnie, foi identificado que os brasileiros se tornaram a população que mais passa tempo nos celulares, registrando a média diária de 5,4 horas. A cada ano, essa quantidade vem aumentando gradativamente, sendo utilizada como argumento para a piora das dores cervicais devido à maior flexão do pescoço observada nos indivíduos durante o envio de mensagens – tecnicamente conhecida como text neck.

Apesar de existirem diversos questionamentos sobre a influência desta postura inadequada com a crescente prevalência destas dores, não há, de fato, nenhuma comprovação científica deste impacto. É claro que a ciência evolui constantemente e novas provas surgem a todo o momento. Entretanto, não podemos, até o momento, afirmar que a inclinação do pescoço está diretamente associada ao aumento das dores cervicais, principalmente diante de tantas outras razões que, comprovadamente, são muito mais responsáveis por desencadear estes problemas.

Celular é o grande vilão das dores cervicais?
Dr. Carlos Eduardo Barsotti é cirurgião ortopedista especialista em cirurgias de coluna, e um dos poucos profissionais a realizar intervenções de alta complexidade.

No geral, existem diversas causas das dores cervicais que podem ser desencadeadas a partir de inúmeros comportamentos muito presentes no cotidiano da população. Deles, um dos mais frequentes vistos nos ambientes de trabalhos, como exemplo, diz respeito à má postura dos profissionais ao longo de seu expediente. Aqueles que passam muitas horas sentados – especialmente no home-office – certamente têm maior probabilidade de sentirem desconfortos e outros problemas semelhantes quando não se posicionam corretamente em seus assentos.

Paralelamente, a falta de exercícios físicos também é um fator altamente prejudicial à dor cervical. Segundo um estudo feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS), 47% dos brasileiros não se exercitam regularmente. Somos uma das nações com o maior índice de sedentarismo no mundo, o que resulta em problemas sérios para a saúde, inclusive da coluna.

Além disso, também tem sido cada vez mais compreendida a influência do estresse como gatilho para este problema. Afinal, em meio a situações preocupantes do dia a dia, tendemos a tencionar e contrair estes músculos, o que muito provavelmente poderá desencadear dores na região e em outras partes do corpo, assim como outros desconfortos incômodos para a manutenção da qualidade de vida. O problema é tão sério que estimativas da OMS mostram que cerca de 90% da população mundial sofre com este problema, sendo o Brasil o segundo país do mundo com maior índice de estresse, de acordo com a Associação Internacional do Controle do Estresse (ISMA).

Contudo, não podemos ignorar que existem diversas outras causas e tipologias de dores cervicais que acometem pessoas de todas as idades – inclusive, desde a gestação, o que ressalta a importância de um diagnóstico precoce a fim de identificar o melhor tratamento conforme cada caso. No geral, é extremamente recomendado buscar a manutenção de exercícios físicos regularmente e, se necessário, sessões de fisioterapia como auxiliadoras – ambos, orientados por profissionais qualificados para evitar lesões ainda piores.

Seja qual for a dor enfrentada, um diagnóstico correto e precoce, alinhado a um tratamento adequado, sempre surtirá o melhor resultado possível, podendo, inclusive, evitar a necessidade de cirurgias corretivas para o paciente. É relativamente simples obter este diagnóstico e, quanto mais cedo se realizar consultas com especialistas, menores serão os riscos de evolução para problemas mais graves.

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